terça-feira, 29 de setembro de 2009

JULINHO DA ADELAIDE – JORGE MARAVILHA – CHICO BUARQUE DE HOLANDA

Julinho da Adelaide nasceu quando Chico Buarque passou a ser muito conhecido entre os censores do regime militar, na década de 70. Suas músicas eram proibidas somente porque levavam sua assinatura. A saída para burlar a censura foi a criação de um heterônimo. E deu certo. Acorda amor, Jorge maravilha e Milagre brasileiro passaram pela censura sem maiores problemas. Julinho chegou até a dar uma entrevista para o jornal Última Hora sobre sua carreira em ascensão. O jornalista e escritor Mário Prata, que o entrevistou em 1974, relembra esse episódio no artigo abaixo. A entrevista publicada contém apenas parte do que você pode ler na transcrição integral da fita que a originou.

Julinho de Adelaide, 24 anos depois
Depoimento de Mário Prata.


Eu me lembro até da cara do Samuel Wainer quando eu disse que estava pensando em entrevistar o Julinho da Adelaide para o jornal dele. Ia ser um furo. Julinho da Adelaide, até então, não havia dado nenhuma entrevista. Poucas pessoas tinham acesso a ele. Nenhuma foto. Pouco se sabia de Adelaide. Setembro de 74. A coisa tava preta.
- Ele topa?
- Quem, o Julinho?
- Não, o Chico.
O Chico já havia topado e marcado para aquela noite na casa dos pais dele, na rua Buri. Demorou muitos uísques e alguns tapas para começar. Quando eu achava que estava tudo pronto o Chico disse que ia dar uma deitadinha. Subiu. Voltou uma hora depois.
Lá em cima, na cama de solteiro que tinha sido dele, criou o que restava do personagem.
Quando desceu, não era mais o Chico. Era o Julinho. A mãe dele não era mais a dona Maria Amélia que balançava o gelo no copo de uísque. Adelaide era mais de balançar os quadris.
Julinho, ao contrário do Chico, não era tímido. Mas, como o criador, a criatura também bebia e fumava. Falava pelos cotovelos. Era metido a entender de tudo. Falou até de meningite nessa sua única entrevista a um jornalista brasileiro. Sim, diz a lenda que Julinho, depois, já no ostracismo, teria dado um depoimento ao brasilianista de Berkely, Matthew Shirts. Mas nunca ninguém teve acesso a esse material. Há também boatos que a Rádio Club de Uchôa, interior de São Paulo, teria uma gravação inédita. Adelaide, pouco antes de morrer, ainda criando palavras cruzadas para o Jornal do Brasil, afirmava que o único depoimento gravado do filho havia sido este, em setembro de 1974, na rua Buri, para o jornal Última Hora.
Como sempre, a casa estava cheia. De livros, de idéias, de amigos. Além do professor Sérgio Buarque de Hollanda e dona Maria Amélia, me lembro da Cristina (irmã do Julinho, digo, Chico) e do Homerinho, da Miucha e do capitão Melchiades, então no Jornal da Tarde. Tinha mais irmãos (do Chico). Tenho quase certeza que o Álvaro e o Sergito (meu companheiro de faculdade de Economia) também estavam.
Quem já ouviu a fita percebeu que o nível etílico foi subindo pergunta a resposta. O pai Sérgio, compenetrado e cordial, andava em volta da mesa folheando uma enorme enciclopédia. De repente, ele a coloca na minha frente, aberta. Era em alemão e tinha a foto de uma negra. Para não interromper a gravação, foi lacônico, apontando com o dedo:
- Adelaide.
Essa foto, de uma desconhecida africana, depois de alguns dias, estaria estampada na Última Hora com a legenda: arquivo SBH. Julinho não se deixaria fotografar. Tinha uma enorme e deselegante cicatriz muito mal explicada no rosto.
Naquelas duas horas e pouco que durou a entrevista e o porre, Chico inventava, a cada pergunta, na hora, facetas, passado e presente do Julinho. As informações jorravam. Foi ali que surgiu o irmão dele, o Leonel (nome do meu irmão), foi ali que descobrimos que a Adelaide tinha dado até para o Niemeyer, foi ali que descobrimos que o Julinho estava puto com o Chico:
- O Chico Buarque quer aparecer às minhas custas.
Para mim, o que ficou, depois de quase 25 anos, foi o privilégio de ver o Chico em um total e super empolgado momento de criação. Até então, o Julinho era apenas um pseudônimo pra driblar a censura. Ali, naquela sala, criou vida. Baixou o santo mesmo. Não tínhamos nem trinta anos, a idade confessa, na época, do Julinho.
Hoje, se vivo fosse, Julinho teria 55 anos. Infelizmente morreu. Vítima da ditadura que o criou.
Há quem diga porém que, como James Dean e Marilyn Monroe, Julinho estaria vivo, morando em Batatais, e teria sido ele o autor do último sucesso do Chico,
A foto da capa. Sei não, o estilo é mesmo o do Julinho. O conteúdo então, nem se fala.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Mr. Darcy em uma tarde calma de primavera…

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Imagine uma declaração de amor de um homem destes, e ainda mais com uma voz que é puro veludo… Se você quer algo parecido, mas seu marido tem “aquela” voz de taquara rachada e só sabe falar de futebol, tenho a solução para seu problema, assista “Orgulho e Preconceito” com Matthew Macfadyen como Mr. Darcy e pelo menos naquele momento você vai chegar ao céu…

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Frase de Mr. Darcy para Elizabeth

You must allow me to tell you how ardently I admire and love you."

(E aqui vai a frase inteira: "In vain have I struggled. It will not do. My feelings will not be repressed. You must allow me to tell you how ardently I admire and love you." – com a tradução: “Em vão tenho lutado comigo mesmo; nada consegui. Meus sentimentos não podem ser reprimidos e preciso dizer-lhe que eu a admiro e amo ardentemente”)

Texto encontrado em um blog prá lá de legal chamado”lebalmasque.blogspot.com”

Eu mereço um Mr. Darcy


Jane Austen viveu no fim do século 18, início do 19, no interior da Inglaterra. Foi uma típica mocinha casadoira, mas nunca se casou. Chegou a ser noiva de um rapaz mais novo, porém, mudou de idéia rapidinho. Teve uma existência recatada, protegida e morreu virgem, aos 41 anos.
Ainda assim, Miss Austen entendia melhor sobre relacionamentos do que muita mulher moderna do século 21.
Autora de seis romances, a inglesinha era inteligente e sagaz, e transportou essas caracterí­sticas para suas heroínas. Pegue, por exemplo, a minha favorita, Elizabeth Bennet. A protagonista de Orgulho e Preconceito é feminista na dose certa. Não se intimida, expõe suas opiniões. É contra casamento arranjado, mas também não se rasteja pelo amor de um homem.
Que o diga Mr. Darcy. Ah...Mr. Darcy! Assim como Lizzie, no começo o detestamos. No final estamos completamente apaixonadas.
Mr. Darcy é sério, caladão. Beira o tímido. E tem uma cara de tédio...
Consegue imaginar such a British gentleman contando uma piadinha infame? Nem eu.
E discursando: "O problema não é você, honey, sou eu, não estou preparado". Nunca!
Darcy sabe elogiar sem ser um sedutor barato. Erra, admite e conserta. É íntegro, viril e educado. E, ainda por cima, tem sideburns!
Já me peguei, mais de uma vez, querendo que o mundo não tivesse mudado tanto nos últimos 200 anos. Obviamente detestaria os casamentos e amizades por conveniência, a vida ociosa, os rígidos padrões de comportamento impostos pela sociedade hipócrita. Mas, em compensação, existiriam mais cavalheiros à moda antiga, para quem os significados de respeito, responsabilidade e caráter fariam algum sentido. Medo de compromisso? Esse conceito não existiria no inglês/português deles. Sumir no dia seguinte? Pois bem. Queria ver. Ia famí­lia, milícia e a paróquia toda atrás!
Pronto. É isso. Está lançada a minha campanha pela volta dos Mr. Darcys à moda.
PS. Se você ainda tem dúvidas que o cara é tudo isso mesmo, corra ao cinema. A bela adaptação cinematográfica de Orgulho e Preconceito ainda está em cartaz. Se preferir, busque o livro. Há também a minissérie produzida pela BBC, com Colin Firth, o eterno Darcy, no papel.