domingo, 23 de março de 2014

Publicado em 20/02/2014 por Hildegard Angel: É MEU DEVER DIZER AOS JOVENS O QUE É UM GOLPE DE ESTADO

 

**Há cheiro de 1964 no ar. Não apenas no Brasil, mas também nas vizinhanças. Acho então que é chegada a hora de dar o meu depoimento.

Dizer a vocês, jovens de 20, 30, 40 anos de meu Brasil, o que é de fato uma ditadura.

Se a Ditadura Militar tivesse sido contada na escola, como são a Inconfidência Mineira e outros episódios pontuais de usurpação da liberdade em nosso país, eu não estaria me vendo hoje obrigada a passar sal em minhas tão raladas feridas, que jamais pararam de sangrar.

Fazer as feridas sangrarem é obrigação de cada um dos que sofreram naquele período e ainda têm voz para falar.

Alguns já se calaram para sempre. Outros, agora se calam por vontade própria. Terceiros, por cansaço. Muitos, por desânimo. O coração tem razões…

Eu falo e eu choro e eu me sinto um bagaço. Talvez porque a minha consciência do sofrimento tenha pegado meio no tranco, como se eu vivesse durante um certo tempo assim catatônica, sem prestar atenção, caminhando como cabra cega num cenário de terror e desolação, apalpando o ar, me guiando pela brisa. E quando, finalmente, caiu-me a venda, só vi o vazio de minha própria cegueira.

Meu irmão, meu irmão, onde estás? Sequer o corpo jamais tivemos.

Outro dia, jantei com um casal de leais companheiros dele. Bronzeados, risonhos, felizes. Quando falei do sofrimento que passávamos em casa, na expectativa de saber se Tuti estaria morto ou vivo, se havia corpo ou não, ouvi: “Ah, mas se soubessem como éramos felizes… Dormíamos de mãos dadas e com o revólver ao lado, e éramos completamente felizes”. E se olharam, um ao outro, completamente felizes.
Ah, meu deus, e como nós, as famílias dos que morreram, éramos e somos completamente infelizes!

A ditadura militar aboletou-se no Brasil, assentada sobre um colchão de mentiras ardilosamente costuradas para iludir a boa fé de uma classe média desinformada, aterrorizada por perversa lavagem cerebral da mídia, que antevia uma “invasão vermelha”, quando o que, de fato, hoje se sabe, navegava célere em nossa direção, era uma frota americana.

Deu-se o golpe! Os jovens universitários liberais e de esquerda não precisavam de motivação mais convincente para reagir. Como armas, tinham sua ideologia, os argumentos, os livros. Foram afugentados do mundo acadêmico, proibidos de estudar, de frequentar as escolas, o saber entrou para o índex nacional engendrado pela prepotência.
As pessoas tinham as casas invadidas, gavetas reviradas, papéis e livros confiscados. Pessoas eram levadas na calada da noite ou sob o sol brilhante, aos olhos da vizinhança, sem explicações nem motivo, bastava uma denúncia, sabe-se lá por que razão ou partindo de quem, muitas para nunca mais serem vistas ou sabidas. Ou mesmo eram mortas à luz do dia. Ra-ta-ta-ta-tá e pronto.

E todos se calavam. A grande escuridão do Brasil. Assim são as ditaduras. Hoje ouvimos falar dos horrores praticados na Coreia do Norte. Aqui não foi muito diferente. O medo era igual. O obscurantismo igual. As torturas iguais. A hipocrisia idêntica. A aceitação da sobrevivência. Ame-me ou deixe-me. O dedurismo. Tudo igual. Em número menor de indivíduos massacrados, mas a mesma consistência de terror, a mesma impotência.
Falam na corrupção dos dias de hoje. Esquecem-se de falar nas de ontem. Quando cochichavam sobre “as malas do Golbery” ou “as comissões das turbinas”, “as compras de armamento”. Falavam, falavam, mas nada se apurava, nada se publicava, nada se confirmava, pois não havia CPI, não havia um Congresso de verdade, uma imprensa de verdade, uma Justiça de verdade, um país de verdade.

E qualquer empresa, grande, média ou mínima, para conseguir se manter, precisava obrigatoriamente ter na diretoria um militar. De qualquer patente. Para impor respeito, abrir portas, estar imune a perseguições. Se isso não é um tipo de aparelhamento, o que é, então? Um Brasil de mentirinha, ao som da trilha sonora ufanista de Miguel Gustavo.

Minha família se dilacerou. Meu irmão torturado, morto, corpo não sabido. Minha mãe assassinada, numa pantomima de acidente, só desmascarada 22 anos depois, pelo empenho do ministro José Gregory, com a instalação da Comissão dos Mortos e Desaparecidos Políticos no governo Fernando Henrique Cardoso.

Meu pai, quatro infartos e a decepção de saber que ele, estrangeiro, que dedicou vida, esforço e economias a manter um orfanato em Minas, criando 50 meninos brasileiros e lhes dando ofício, via o Brasil roubar-lhe o primogênito, Stuart Edgar, somando no nome homenagens aos seus pai e irmão, ambos pastores protestantes americanos – o irmão, assassinado por membro louco da Ku Klux Klan. Tragédia que se repetia.

Minha irmã, enviada repentinamente para estudar nos Estados Unidos, quando minha mãe teve a informação de que sua sala de aula, no curso de Ciências Sociais, na PUC, seria invadida pelos militares, e foi, e os alunos seriam presos, e foram. Até hoje, ela vive no exterior.

Barata tonta, fiquei por aí, vagando feito mariposa, em volta da fosforescência da luz magnífica de minha profissão de colunista social, que só me somou aplausos e muitos queridos amigos, mas também uma insolente incompreensão de quem se arbitrou o insano direito de me julgar por ter sobrevivido.

Outra morte dolorida foi a da atriz, minha verdadeira e apaixonada vocação, que, logo após o assassinato de minha mãe, precisei abdicar de ser, apesar de me ter preparado desde a infância para tal e já ter então alcançado o espaço próprio. Intuitivamente, sabia que prosseguir significaria uma contagem regressiva para meu próprio fim.

Hoje, vivo catando os retalhos daquele passado, como acumuladora, sem espaço para tantos papéis, vestidos, rabiscos, memórias, tentando me entender, encontrar, reencontrar e viver apesar de tudo, e promover nessa plantação tosca de sofrimentos uma bela colheita: lembrar os meus mártires e tudo de bom e de belo que fizeram pelo meu país, quer na moda, na arte, na política, nos exemplos deixados, na História, através do maior número de ações produtivas, efetivas e criativas que eu consiga multiplicar.

E ainda há quem me pergunte em quê a Ditadura Militar modificou minha vida!
Hildegard Angel

**O primeiro parágrafo original deste texto, que fazia referência à possível iminente tomada do poder de um governo eleito democraticamente, na Venezuela, foi trocado pela frase sucinta aqui vista agora, às 15h06m deste dia 24/02/2014, porque o foco principal do assunto (a ditadura brasileira) foi desviado nos comentários. Meus ombros já são pequenos para arcarem com a nossa tragédia. Que dirá com a da Venezuela!

*** Pelo mesmo motivo acima exposto, os comentários que se referiam à questão na Venezuela referida no antigo primeiro parágrafo foram retirados pois perderam o sentido no contexto.Pedindo desculpa aos autores dos textos, muitos deles objeto de reflexão honesta e profunda, e merecedores de serem conhecidos, mas não há motivação para mantê-los aqui no ar. O nível de truculência a que levou a discussão não me permite estimulá-la.

Mujica decreta multas y cárcel para los que maltraten animales

 

Pepe Mujica, Presidente de Uruguay, ex Tupamaro

Pepe Mujica, Presidente de Uruguay, ex Tupamaro

A cinco años de su aprobación, el Poder Ejecutivo emitió un decreto reglamentario de la ley 18.741, que entre otros puntos establece multas de una a 500 Unidades Reajustables a responsables de maltrato animal.

La tenencia responsable en su componente de bienestar animal deberá asegurar al animal las cinco libertades básicas: libre de hambre y sed; libre de incomodidades; libre de dolor, sufrimiento y enfermedad; libre de miedo y angustia, y libre de expresar su conducta normal, señala el decreto firmado por el presidente de Uruguay José Mujica.

También establece que el transporte de animales de compañía “solo podrá realizarse dentro de la cabina del vehículo en contenedores apropiados o en su defecto atados a modo de evitar su libre desplazamiento en el interior del vehículo” y en jaulas o contenedores apropiados en los vehículos de cajas abiertas.

La reglamentación señala que todo tenedor de animales será “responsable absoluto por cualquier mordedura, lesión o daño que en animal a su cargo provoque a personas, animales o bienes de terceros”, excepto en casos que se produjesen dentro del predio en el cual el animal vive y la víctima ingresara sin autorización”.

Si los hechos ocurren cuando el animal está momentáneamente a cargo de otra persona, como paseadores o adiestradores, la responsabilidad será compartida a partes iguales.

Establece que “todo animal de compañía que se encuentre suelto y sin identificación en la vía publica será pasible de ser capturado y esterilizado y él o los propietarios no tendrán derecho a reclamo“.

Carritos. La reglamentación explica que “mientras la realidad social del país no haga posible la erradicación definitiva de la utilización de equinos para tareas de tiro y arrastre de vehículos de residuos (…) en zonas en urbanas, los tenedores de los mismos deberán cumplir con la normativa adicional”.

Esto incluye adiestrar al animal previamente a su utilización en las habilidades requeridas para el trabajo que se le imponga; no utilizar al caballo en verano con temperaturas superiores a 32 grados “a fin de evitar problemas de deshidratación”, y con temperaturas superiores a los 25 grados “protegerle la cabeza del sol a fin de evitar posibilidades de insolación”.

Además, se deberá mantener el equino “correctamente herrado” y “no utilizar implementos para azuzar al animal a excepción de las riendas” y “no trasladar cargas que excedan notoriamente las fuerzas del animal”.

Inspección. ¿Cómo y quiénes controlarán estos extremos que establece la ley? La Comisión Nacional Honoraria de Bienestar Animal (Conahoba).

Este organismo, que está integrado por diez delegados del MEC, del MSP, del MGAP, del Ministerio del Interior, del Mvotma, del Congreso de Intendentes, de la Universidad de la República y de la Sociedad de Medicina Veterinaria -además de un representante de organizaciones no gubernamentales- aún no cuenta con inspectores para esa tarea. Pero en breve realizará un llamado para contar con los primeros cuatro inspectores y un supervisor que fiscalicen la Ley 18.741, que consta de 196 artículos.

Estos inspectores tendrán a su cargo tareas como controlar que los perros sean sacados a la calle con correa y collar y que los canes de más de 25 kilos de peso utilicen bozal.

La Conahoba, que no tiene presupuesto propio y funciona por el momento en base instalaciones que brinda el Ministerio de Educación y Cultura, se financiará con lo que recaude del cobro de tasas y multas, donaciones y otros ingresos derivados de convenios de cooperación, informó a El País el presidente del organismo, Homero Cabanas.

Circos y zoológicos. En forma casi simultánea a la reglamentación de la Ley 18.741, un proyecto que prevé penas de dos a 24 meses de prisión para quien dé muerte con crueldad a un animal doméstico iba a ser tratado ayer por la Cámara de Diputados, pero la bancada del Frente Amplio decidió postergar la discusión hasta la próxima sesión.

El nuevo proyecto prohíbe, entre otras cosas, la radicación y funcionamiento, en todo el país, de circos “en los que se utilicen animales como parte de los espectáculos”.

También, la existencia de zoológicos “en los que habiten animales en condiciones que no sean adecuadas naturalmente a su especie”. En forma transitoria, “las instituciones públicas y privadas, que administren zoológicos dispondrán de 365 días, a partir de la promulgación de esta ley, para hacer la transición de los animales y adecuar sus condiciones”, reza el proyecto.

Otro de los artículos prohíbe “el ingreso, creación y la tenencia de “animales de compañía híbridos o producto de manipulaciones genéticas o cruzas con animales salvajes”, además de “la introducción de animales exóticos destinados a zoológicos, reservas de faunas y circos” y la cautividad, captura, tenencia o acopio de aves autóctonas del país.

En cuanto a los equinos utilizados para trabajos de tracción a sangre, el proyecto dispone que los gobiernos departamentales comuniquen a la Conahoba sus planes “para el manejo de caninos y de equinos, en especial los dedicados a trabajos de tracción a sangre propendiendo a su erradicación en zonas urbanas, suburbanas o potencialmente urbanizables”.

También prevé que la Conahoba defina el carácter de peligroso de razas caninas y felinas, pudiendo determinar la prohibición total de su importación, comercialización, transferencia y cría”.

Multas por abandono. Una multa que oscilará entre 10 UR y 100 UR (o prisión equivalente) está prevista para los casos de maltrato ocasional o daño a la integridad física de un animal doméstico, o en el caso de que se lo abandone no habiendo dado cuenta a la Conahoba.

Curiosidades de la ley Queda prohibido el cruzamiento entre ejemplares con consanguinidad en primer grado (padres e hijos y hermanos enteros) salvo expresa autorización previa de la Comisión Nacional Honoraria de Bienestar Animal.

El primer servicio de una hembra no deberá ser realizado antes de los doce meses de edad, y en las razas de más de 25 kgs de peso promedio, no antes de los dieciocho meses.

Los cachorros deben permanecer con la madre al menos 60 días.

El número de animales a ser conducidos en forma conjunta deberá asegurar un adecuado control de los mismos y no podrá exceder de 10 animales.

Inscribir al animal de compañía en el Registro Nacional en los primeros quince días a partir de su nacimiento, adquisición o adopción e informar dentro de un plazo similar en caso de muerte, desaparición o entrega a otro tenedor responsable.

Recoger las heces de los animales todos los días de mañana.

Los animales que hayan protagonizado ataques a ganado en zonas rurales y aquellos que hayan provocado mordeduras o lesiones a personas u otros animales en todo el territorio nacional, serán registrados en la Comisión de Bienestar como “peligrosos”.

Los interesados en tener caninos entrenados para ataque, cualquiera sea su raza o porte, deberán tramitar previamente ante la Comisión de Bienestar Animal la autorización correspondiente.

Los equinos de deporte no podrán permanecer más de 8 horas continuas dentro de los vehículos que los transporten, que deberán contar con una abertura que permita al animal mirar hacia afuera.

Queda prohibido utilizar implementos para azuzar al animal a excepción de las riendas.

No se puede dejar solo a un equino por más de 10´ durante la jornada laboral, ni atarlos a vehículos, contenedores de basura u otro elemento móvil.