terça-feira, 28 de setembro de 2010

Fiquei triste pela notícia veiculada pelo blog do Reinaldo Azevedo, na qual é informado o teor do editorial do jornal Estadão do dia 26 de setembro de 2010. Preocupa-me quando um jornal opta por aderir a uma campanha política, quando seu papel deveria ser pautado pela ética e isenção na apresentação das notícias para toda a população. Escrevi, então, minha opinião a respeito do assunto. Tristes tempos e tristes atitudes!!!

Minha resposta:

É triste observar as manobras dos poderosos para perpetuar seu poder. E agora assistimos ao ápice do inadequado: um jornal, um órgão que deveria primar pela isenção, declarar abertamente seu interesse em um candidato! Faz tempo que não tenho interesse por acompanhar a vida política do país pelo que os jornais divulgam. E a explicação está em atitudes como a do seu jornal: ao invés de informar a população do que ocorre no país e permitir que cada um forme sua opinião baseados por notícias verdadeiras, permeadas pela ética, a imprensa opta por se transformar em um veículo que manipula a consciência nacional ao afirmar que “fulano de tal é melhor” para o país. E isto sem respeitar algo chamado diversidade de opiniões! Afinal, não preciso de sua opinião, guarde-a para o recôndito de seu círculo familiar e de amigos! Dos senhores eu necessito apenas de isenção, de ética, de boa informação, para que EU POSSA DECIDIR MINHA VIDA! Mas este perigo (a gestão de minha vida por mim mesmo!!!) afinal, sempre foi o maior medo dos poderosos e das oligarquias, pois eles sabem que minha liberdade e minha capacidade de mudar minha vida extinguirá inexoravelmente o poder que eles pretendem sobre mim. E que quando EU ESCOLHER, toda a estrutura de poder na qual eles se assentam começará inexoravelmente a ruir...

Notícia do blog do Reinaldo Azevedo

Editorial do Estadão declara apoio à candidatura de Serra: um novo marco no compromisso da imprensa com a democracia

O Estadão publica hoje um editorial em que declara apoio à candidatura do tucano José Serra à Presidência da República. E diz por que o faz. Nego-me a sintetizar os motivos. A síntese reduziria o alcance de um texto que, por vários motivos, tem tudo para entrar para a história.

Num momento em que isenção se confunde com “isentismo”, em que pluralidade se confunde com falta de clareza sobre os fundamentos de uma sociedade democrática e de direito, em que apartidarismo se confunde com omissão, o Estadão evoca seus 135 anos de compromisso com a liberdade e afirma o que acredita ser o melhor para o país.

Lula acusou a imprensa de se comportar como um partido político. O editorial faz uma distinção primorosa: “Há uma enorme diferença entre ’se comportar como um partido político’ e tomar partido numa disputa eleitoral em que estão em jogo valores essenciais ao aprimoramento se não à própria sobrevivência da democracia neste país”. Bingo! Digno dos 135 anos de história!

A decisão do jornal é tanto mais corajosa porque, a se dar crédito aos adivinhos e politicólogos ad hoc, já se conhece o resultado das urnas antes mesmo de o eleitor fazer a sua escolha. Dia desses, enviaram-me um editorial de um patético anão moral explicando, em linguagem jacobina e condoreira, por que apoiava a candidatura oficial, emprestando a seu oficialismo bem-remunerado ares de resistência e luta aguerrida. Um texto asqueroso!

O Estadão declara a sua opção, e há no texto que segue não mais do que princípios. Trata-se de um novo marco no compromisso da imprensa com a democracia.
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O mal a evitar

A acusação do presidente da República de que a Imprensa “se comporta como um partido político” é obviamente extensiva a este jornal. Lula, que tem o mau hábito de perder a compostura quando é contrariado, tem também todo o direito de não estar gostando da cobertura que o Estado, como quase todos os órgãos de imprensa, tem dado à escandalosa deterioração moral do governo que preside. E muito menos lhe serão agradáveis as opiniões sobre esse assunto diariamente manifestadas nesta página editorial. Mas ele está enganado. Há uma enorme diferença entre “se comportar como um partido político” e tomar partido numa disputa eleitoral em que estão em jogo valores essenciais ao aprimoramento se não à própria sobrevivência da democracia neste país.

Com todo o peso da responsabilidade à qual nunca se subtraiu em 135 anos de lutas, o Estado apoia a candidatura de José Serra à Presidência da República, e não apenas pelos méritos do candidato, por seu currículo exemplar de homem público e pelo que ele pode representar para a recondução do País ao desenvolvimento econômico e social pautado por valores éticos. O apoio deve-se também à convicção de que o candidato Serra é o que tem melhor possibilidade de evitar um grande mal para o País.

Efetivamente, não bastasse o embuste do “nunca antes”, agora o dono do PT passou a investir pesado na empulhação de que a Imprensa denuncia a corrupção que degrada seu governo por motivos partidários. O presidente Lula tem, como se vê, outro mau hábito: julgar os outros por si. Quem age em função de interesse partidário é quem se transformou de presidente de todos os brasileiros em chefe de uma facção que tanto mais sectária se torna quanto mais se apaixona pelo poder. É quem é o responsável pela invenção de uma candidata para representá-lo no pleito presidencial e, se eleita, segurar o lugar do chefão e garantir o bem-estar da companheirada. É sobre essa perspectiva tão grave e ameaçadora que os eleitores precisam refletir. O que estará em jogo, no dia 3 de outubro, não é apenas a continuidade de um projeto de crescimento econômico com a distribuição de dividendos sociais. Isso todos os candidatos prometem e têm condições de fazer. O que o eleitor decidirá de mais importante é se deixará a máquina do Estado nas mãos de quem trata o governo e o seu partido como se fossem uma coisa só, submetendo o interesse coletivo aos interesses de sua facção.

Não precisava ser assim. Luiz Inácio Lula da Silva está chegando ao final de seus dois mandatos com níveis de popularidade sem precedentes, alavancados por realizações das quais ele e todos os brasileiros podem se orgulhar, tanto no prosseguimento e aceleração da ingente tarefa - iniciada nos governos de Itamar Franco e Fernando Henrique - de promover o desenvolvimento econômico quanto na ampliação dos programas que têm permitido a incorporação de milhões de brasileiros a condições materiais de vida minimamente compatíveis com as exigências da dignidade humana. Sob esses aspectos o Brasil evoluiu e é hoje, sem sombra de dúvida, um país melhor. Mas essa é uma obra incompleta. Pior, uma construção que se desenvolveu paralelamente a tentativas quase sempre bem-sucedidas de desconstrução de um edifício institucional democrático historicamente frágil no Brasil, mas indispensável para a consolidação, em qualquer parte, de qualquer processo de desenvolvimento de que o homem seja sujeito e não mero objeto.

Se a política é a arte de aliar meios a fins, Lula e seu entorno primam pela escolha dos piores meios para atingir seu fim precípuo: manter-se no poder. Para isso vale tudo: alianças espúrias, corrupção dos agentes políticos, tráfico de influência, mistificação e, inclusive, o solapamento das instituições sobre as quais repousa a democracia - a começar pelo Congresso. E o que dizer da postura nada edificante de um chefe de Estado que despreza a liturgia que sua investidura exige e se entrega descontroladamente ao desmando e à autoglorificação? Este é o “cara”. Esta é a mentalidade que hipnotiza os brasileiros. Este é o grande mau exemplo que permite a qualquer um se perguntar: “Se ele pode ignorar as instituições e atropelar as leis, por que não eu?” Este é o mal a evitar.

Literatura do futuro? Não, game do futuro. Texto retirado do blog do Sérgio Rodrigues (Todoprosa)

Sinal dos tempos: um post (em inglês, acesso gratuito) que pretende lançar luz sobre o futuro da literatura saiu no blog de games do “Guardian”, sob o título: “Será a ficção interativa o futuro dos livros?” A questão não é nova, embora esteja cada vez mais presente nas conversas de gente letrada – e acredito que ocupe boa parte do tempo em que estarei, ao lado de Adriana Lisboa, conversando com o público do Café Literário da Bienal do Livro do Paraná neste sábado sobre “Literatura digital, e-books e o leitor do futuro: há uma revolução em curso?”.

Para encurtar, eu diria que o post saiu no blog certo. Talvez a ficção interativa seja o futuro dos games; dos livros, duvido muito. Isso não quer dizer que eu fique insensível à excitação do momento presente, em que as novas fronteiras abertas pelos leitores eletrônicos permitem imaginar maneiras até então impensáveis de contar histórias, com a incorporação de recursos de som e imagem e a exploração lúdica do hipertexto em benefício de narrativas que se expandam para o lado que o leitor quiser. Desenvolvimentos interessantes e, provavelmente, inevitáveis. Só que isso não é literatura.

O que é literatura, então? Claro que a pergunta é cascudíssima, mas arrisco uma definição que não me parece inteiramente tola ou restritiva: a arte de pintar quadros na cabeça do leitor (ou do ouvinte) por meio de um comboio de palavras. E a palavra que permite essa mágica, embora esteja oculta do enunciado, é a imaginação – a do autor estimulando a do receptor. Daí se pode concluir que a interatividade sempre esteve presente nesse jogo. Aparece de maneira mais explícita em “O jogo da amarelinha”, mas já existia na “Odisseia”.

Se a palavra-chave dessa discussão não pode, portanto, ser “interatividade”, resta outra, esta a meu ver mais certeira: multimídia. A explosão tecnológica de hoje não só permite como parece de fato exigir que a interatividade seja explorada em novos formatos narrativos. Mas se literatura é basicamente texto (embora nem todo texto seja literatura), no momento em que se enche um “livro” de recursos visuais e sonoros podemos ter grande arte, por que não, mas será necessário cunhar outra palavra para ela. Ou não: “game” talvez sirva.

Independent: Dilma será mulher mais poderosa do mundo (Deu no “yahoo notícias”!!!)

Reportagem do jornal britânico The Independent sobre a eleição presidencial no Brasil diz que a candidata do PT, Dilma Rousseff, se prepara para ser "a mulher mais poderosa do mundo". Para o jornal, "sua amplamente prevista vitória na eleição presidencial do próximo domingo será saudada com alegria por milhões".

De acordo com o Independent, Dilma "marca o desmantelamento final do 'Estado de segurança nacional', um arranjo que os governos conservadores nos Estados Unidos e na Europa já viram como seu melhor artifício para manter um status quo podre, que manteve uma vasta maioria na América Latina na pobreza, enquanto favorecia seus amigos ricos".

O jornal explica que a petista será "a mulher mais poderosa do mundo" porque, como chefe de Estado, ela terá um cargo superior ao da chanceler alemã, Angela Merkel, e ao da secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton. Além disso, "seu enorme país de 200 milhões de pessoas está festejando sua nova riqueza em petróleo".

"A taxa de crescimento do Brasil, que rivaliza com a da China, é uma que a Europa e Washington só podem invejar", diz a reportagem, que inclui um perfil biográfico da candidata à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.