domingo, 28 de fevereiro de 2010

Mais notícias sobre Dilma Rousseff

28/02/2010 - 15h14

DANIEL RONCAGLIA
colaboração para a Folha Online

O presidente do PT, José Eduardo Dutra, afirmou neste domingo que surpreendeu a pesquisa Datafolha, mostrando crescimento de 5 pontos percentuais da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) na disputa presidencial. "O crescimento foi maior do que o esperado", diz.

Segundo Dutra, os números mostram que a candidatura de Dilma está consolidada e competitiva. "Ao contrário do que alguns diziam meses atrás sobre a gente, agora é a oposição que começa a pensar em um plano B."

Ele afirma que a exposição da ministra por causa do lançamento de sua pré-candidatura na semana passada teve influência no resultado. No entanto, isso é irrelevante, na sua avaliação. "O que importa não é o índice de crescimento, mas o crescimento sustentado da candidatura", afirma.

Para o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), líder do partido no Senado, o crescimento de 5 pontos percentuais foi consequência do lançamento da pré-candidatura. "O resultado reflete o impacto provocado pela enorme publicidade em toda a mídia nacional por ocasião do lançamento oficial da candidatura da ministra durante o 4º Congresso Nacional do PT, no último final de semana", afirmou o senador em seu blog.

No dia 20 de fevereiro, a ministra foi lançada pré-candidata durante congresso de seu partido. A pesquisa foi realizada entre os dias 24 e 25 de fevereiro. Foram ouvidas 2.623 pessoas maiores de 16 anos.

A pesquisa Datafolha, publicada na edição de domingo da Folha (disponível para assinantes do jornal e do UOL), mostra ainda que Dilma atingiu 28% das intenções de voto e reduziu de 14 para 4 pontos percentuais a distância que a separa do principal rival, José Serra (PSDB), que tem 32%.

A margem de erro é de dois pontos, para mais ou para menos --ou seja, só haveria empate técnico, em 30%, na hipótese de o tucano estar no limite mínimo, e a petista, no máximo.

O crescimento da ministra da Casa Civil foi verificado em todos os cenários do levantamento. A pesquisa mostra estagnação nos índices de Ciro Gomes (PSB) e de Marina Silva (PV).

Esses novos resultados devem aumentar as especulações sobre a perspectiva de desistência de José Serra, relata a coluna Painel.

O presidente Lula manteve aprovação recorde, com 73% de ótimo/bom.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Orgulho e Preconceito da Editora Abril

Descobri alguns dados sobre Orgulho e Preconceito da Editora Abril – Coleção Grandes Clássicos Abril.

Cor da capa: creme

data da publicação: 15 de maio

Local: Rio de Janeiro e São Paulo

Vou remeter um email para a Editora Abril protestando sobre a data de lançamento da coleção aqui em Brasília, pois só teremos acesso a ela em 10 de maio, pode????????????????!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Apesar de você - Chico Buarque – 1970 Uma homenagem sincera a todos que lutaram e lutam por um ideal – seja ele qual for!!!

Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão
A minha gente hoje anda
Falando de lado
E olhando pro chão, viu
Você que inventou esse estado
E inventou de inventar
Toda a escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar
O perdão

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar
Água nova brotando
E a gente se amando

Sem parar
Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros, juro
Todo esse amor reprimido
Esse grito contido
Este samba no escuro
Você que inventou a tristeza
Ora, tenha a fineza
De desinventar
Você vai pagar e é dobrado
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Inda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
Que esse dia há de vir
Antes do que você pensa

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear
De repente, impunemente
Como vai abafar
Nosso coro a cantar
Na sua frente

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai se dar mal
Etc. e tal

'Blue Marble' é a mais detalhada visão do planeta Terra já vista, informou a NASA; cientista sobrepuseram imagens até chegar a esta, que está disponível em diversos formatos no site da agência espacial americana. (Matéria divulgada pelo UOL – NOTÍCIAS EM 26.02.2010)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

ESPAM/PROJECAO

Mudanças

Claro que tanto sou resistente como adoro mudanças. Acho que é inerente ao ser humano a desconfiança diante de situações que transforma todo um ritmo já anteriormente estabelecido, mas também me encantam as boas idéias, que vêm para acrescentar, somar, transformar...

O problema são as mudanças que trazem atrasos, que acontecem não para alavancar e sim para transformar todo um esforço anterior em retrocesso...

Colocando em fatos, analisemos a situação da ESPAM: Durante dois anos e meio convivi com mestres excelentes, assisti ao crescimento intelectual de vários colegas e acredito que meus colegas também assistiram ao meu crescimento intelectual. Este é o fato inquestionável!

E de repente percebo que a linha mestra da orientação desta faculdade mudou. Já não se fala em bons mestres, já não se preocupa com boas experiências, mas sim com a possibilidade ou não da instituição ser mais ou menos rentável...

Também acredito que uma instituição de ensino não deve viver “no vermelho”, mas não consigo concordar com os que privilegiam apenas os números em detrimento da educação.

No semestre de 2009 perdemos para os bancos da UnB nosso querido Professor Piero, uma pessoa muito importante no campo das Letras, e que felizmente passou no concurso para lecionar naquela instituição e infelizmente não pode mais abrilhantar as aulas na ESPAM com sua presença.

Confesso que foi uma mudança difícil de encarar, mas foi compreensível, havia um objetivo maior a ser alcançado, e sempre me orgulharei em afirmar que nos meus primeiros passos nos estudos literários fui encaminhada pelo que havia de melhor no quesito “professor”.

Sabíamos que ficaríamos sem vários outros mestres, pois o normal seria a continuação de suas evoluções e conseqüentemente o alçar de novos vôos (copiando as palavras de minha boa amiga Helena) destes mestres em buscas de novos desafios.

Entretanto, quando do começo do semestre nos deparamos com um fato realmente lamentável: nossos professores estavam tendo seus contratos não renovados por causa da nova orientação da ESPAM/PROJECAO de pagar o mínimo possível, o que contraria qualquer atitude lúcida de valorização destes profissionais, pessoas valorosas que investiram durante anos a fio a fim de poder oferecer uma formação sólida e conseqüente aos alunos que estavam sob sua orientação.

Sou professora aposentada, da Secretaria de Educação, e relembro todas as greves que fizemos a fim de que o governo do Distrito Federal valorizasse os anos que passamos em sala de aula, sempre lutamos por “Planos de Cargos e Salários”, batalhamos duramente e arduamente por valorização em nossas profissões.

Neste momento não posso concordar com a atitude da ESPAM/PROJECAO, inclusive aconselho a revisão das metas que se baseiam em tão esdrúxulas atitudes, e esclareço que se a antiga ESPAM se tornou um negócio rentável a ponto de ser atraente para um grupo grande como o PROJECAO muito se deve ao perfil da instituição que podia se orgulhar de oferecer realmente uma excelente formação aos seus alunos através de um grupo de docentes de primeira linha.

Talvez as paredes da antiga ESPAM necessitassem de algumas camadas de tinta, talvez os investimentos em reformas estivessem demorando a serem feitos, mas tínhamos coisas mais importantes do que nos orgulhar, tínhamos realmente uma instituição de ensino com um excelente corpo docente, de primeira linha, e me assusta pensar que a brancura da tinta utilizada no prédio tenha alcançado e tomado conta das mentes dos administradores da nova ESPAM/PROJECAO e que nos seja oferecido, a nós alunos, apenas o vácuo... Branco e asséptico como o prédio da nova instituição...

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Coleção Grandes Clássicos Abril – artigo retirado do blog “Jane Austen em Português -

Mais um Orgulho para minha prateleira

Ontem, li no blog da Lia, o Quero Morar em Uma Livraria, sobre o lançamento da coleção Grandes Clássicos Abril. Não posso ouvir falar em coleções de clássicos que imediatamente procuro por alguma obra de Jane! Sim, lá está, lindo e faceiro, Orgulho e preconceito na tradução de Lúcio Cardoso. As capas são muito bonitas e muito parecidas com as capas de uma coleção da Penguin feitas por Coralie Bickford-Smith, como muito bem notou a Cynthia em seu comentário.

Se vou comprar? É claro! Faz parte da minha natureza. Como não poderei deixá-lo sozinho na prateleira, assinalei mais alguns:

  • Hamlet, Rei Lear, Macbeth – William Shakespeare (trad. Barbara Heliodora)
  • Ilusões perdidas – vol. I e II – Honoré de Balzac (trad. Leila de Aguiar Costa
  • O primo Basílio – Eça de Queirós
  • O homem que queria ser rei e outras histórias – Rudyard Kipling (trad. Cristina Carvalho Boselli)
  • Outra volta do parafuso – Henry James (trad. Brenno Silveira)
  • Coração das trevas – Joseph Conrad (trad. Celso M. Paciornik)
  • Grandes esperanças – Charles Dickens (trad. José Eduardo Moretzsohn)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Continuando as postagens sobre Dilma Rousseff, publico um artigo escrito pelo Emir Sader em 20 de fevereiro de 2010

20/02/2010

Lula, Dilma, PT

Com a jaqueta que lhe deu de presente Evo Morales e uma camisa vermelha que recebeu de Fernando Lugo, Lula propôs a candidatura de Dilma Rousseff à sua sucessão e teve o apoio unânime dos delegados ao IV Congresso do PT. No dia anterior ele tinha recordado - depois de fazer uma homenagem a seu vice José Alencar - como oito anos antes, em convenção do PT realizada no Anhembi, tinha havido um ensaio de vaia, quando o nome de Alencar foi mencionado como seu candidato a vice-presidente.
O que ocorreu entre um momento e outro? Mudou o PT? Mudou Lula? Mudaram as condições? Que partido é esse que, ao contrário da sua tradição anterior, aprovou sem dissensões, a candidatura de Dilma?
Aquele esboço de vaia visava o que seria uma aliança com o grande empresariado, que obstaculizaria a realização do programa da candidatura de Lula. O alvo estava errado, embora a suspeita tivesse fundamento. A aliança para a qual apontaria a Carta aos brasileiros – que permitiu Lula saltar do patamar histórico dos 30% do PT para os 50%, possibilitando sua vitória – não era com o empresariado nacional vinculado ao mercado interno – como era o caso de Alencar -, mas ao capital financeiro, que teria no duo Palocci-Meirelles, seus melhores representantes. (Tão errada era aquela avaliação, que Alencar notabilizou-se, durante os dois mandatos do governo Lula, pela batalha contra as altas taxas de juros, responsabilidade justamente daquele duo.)
Aquele assomo de vaia desembocaria na cisão que levou à formação do Psol, em base à avaliação de que o PT e o governo não estavam “em disputa” – como era a linguagem característica da luta ideológica daquele momento na esquerda -, mas estariam definitivamente perdidos, levados – segundo a linguagem moralista dos dissidentes – pela “capitulação” diante da burguesia e do capitalismo, governo de “gangues”, como diria Heloisa Helena na campanha de 2006. Outros setores críticos preferiram ficar no PT e dar a batalha interna.
O tempo se encarregou de decidir quem tinha razão. O Psol, depois de gozar da lua-de-mel da candidatura de Heloisa Helena – objetivamente aliada com a direita contra a candidatura do Lula -, está reduzido à intranscendência, praticamente desapareceu do campo político, luta desesperadamente agora para não perder os poucos parlamentares que sobreviveram até aqui.
Enquanto o governo e o PT, depois de passarem pela pior crise das suas histórias em 2005, apresentam – como o Congresso recém realizado demonstra - uma força e um vigor que revelam como quem ficou na batalha interna do partido tinha feito uma avaliação correta: havia uma luta interna a dar, havia uma “disputa”, a tal ponto, que o governo Lula mudou e mudou para melhor. (Como se pode ver, entre outros textos, na análise de Nelson Barbosa sobre as duas fases da política econômica do governo Lula, no livro “O Brasil, entre o passado e o futuro”, organizado por Emir Sader e por Marco Aurélio Garcia, editoras Boitempo e Perseu Abramo, recém publicado.)
A mudança fundamental se deu na substituição de Palocci – coordenador real do governo na sua primeira fase, “contingenciador” dos recursos para políticas sociais, com o primado do ajuste fiscal que ele impunha – não por algum discípulo seu, mas por Guido Mantega, que divergia dessas orientação, ao mesmo tempo que a coordenação do governo passou a ser exercida por Dilma Rousseff. O governo assumiu a centralidade do desenvolvimento econômico, estreitamente ligado às políticas redistributivas, deslocando o ajuste fiscal, que até ali tinha sido o foco central do governo. O Estado, por sua vez, retomou seu papel de indutor do crescimento econômico e promotor do conjunto de políticas econômicas que começam a mudar a fisionomia do país.
No seu conjunto, essa virada representou uma segunda fase do governo Lula, responsável pelo extraordinário apoio popular que conquistou, por sua consolidação política e sucesso impressionante na política externa.
Dilma Rousseff surgiu quase naturalmente como a candidata para dar continuidade e aprofundar os avanços do governo Lula, porque representa a melhor expressão dessa nova fisionomia do governo. O PT, por sua vez, recompôs suas forças, referenciando-se, cada vez de forma mais direta, ao governo federal, o que lhe permitiu superar sua crise e voltar a afirmar-se como principal partido brasileiro.
Lula e Dilma, nos seus discursos no Congresso, desconstruíram alguns dos principais supostos do ideário neoliberal: o de que a economia deveria primeiro crescer, para depois redistribuir; que elevação real dos salários leva inevitavelmente à inflação; que o Estado mínimo interessa aos que não necessitam do Estado; que o que chamam de “inchaço “ do Estado é a contratação de médicos, enfermeiros, professores e tantos outros servidos públicos, para fazer política social e não para burocratas sem função social. Reiteram como os bancos públicos e o mercado interno de consumo popular foram decisivos para que o Brasil saísse rápido da crise e para que os pobres não pagassem o preço mais duro dela.
O Congresso revelou como o PT se reafirma como um partido de esquerda, comprometido com um projeto popular e democrático, centrado no desenvolvimento econômico sustentável, na justiça social e na soberania política. Restam muitos desafios pela frente, o maior deles, a organização das imensas bases lulistas, - “subproletárias”, como alguns a chamam -, beneficiárias das políticas sociais do governo, que necessitam organizar-se politicamente, adquirir consciência social e tornar-se sujeitos do novo bloco no poder em processo de construção no Brasil.
O PT sai fortalecido, Lula se projeta como um grande estadista e Dilma se revela como a melhor candidata para dar continuidade e aprofundar o projeto do governo. O IV. Congresso do PT está tão distante daquela convenção de 2002, quanto a herança maldita que Lula recebeu está distante da herança bendita que deixa, na expectativa que Dilma possa dar continuidade na direção da ruptura definitiva do modelo herdado e na construção de um país justo, desenvolvido e soberano.

 

Percy Jackson e os olimpianos – O Ladrão de Raios ou revisitando minha infância

Quando eu tinha mais ou menos nove anos, minha mãe se separou de meu pai, e toda a minha vida mudou, como sempre foi e sempre há de ser, mas o engraçado é que pouco me lembro deste período, as lembranças são esparsas, enevoadas, raras, mas me lembro muito bem de algo que se infiltrou na minha vida através da solidão das minhas tardes solitárias na Urca e depois no apartamento da Senador Vergueiro e depois na Marques de Abrantes: a leitura.

Descobri naquele momento a força que as páginas preenchidas de palavras tinham para mim, meu mundo então se transformou, deixou de ser cinza, passou a ser infinito, e muito, mas muito mesmo colorido.

Eu estudava no colégio da Imaculada Conceição, e claro que odiava estudar no colégio da Imaculada Conceição, eu não queria passar aqueles momentos naquelas salas tristes com aqueles professores estranhamente desprovidos de luz e vida, era muito chato, Meu Deus!, mas havia algo que me tentava inexplicavelmente, que me envolvia com uma força e uma alegria que me transportava para longe de todos os problemas que por acaso eu tivesse, e eu os tinha muitos, mas quando eu pegava um livro e sentava em alguma poltrona macia da minha sala ou mesmo deitada na minha cama, eles desapareciam e eu me libertava e viajava através de todas as histórias que porventura tivesse a sorte de alcançar para ler.

E eu lia, como eu lia! E assim eu devorei todos as coleções de livros juvenis que meu pai providenciava para mim, e li adaptações infantis dos mais variados temas, era “Os Três Mosqueteiros”, “Ivanhoé”, “O Conde de Montecristo”, “Vinte Mil Léguas Submarinas”, “Viagem ao redor do Mundo em 80 dias”, e por aí vai, até que cheguei aos livros de minha irmã, que era dois anos mais velha que eu e já lia romances como “... E o Vento Levou”, “A Moreninha”, “Senhora”...

Quando eu devorei tudo que havia lá em casa, passei a ser assídua nas bancas de jornal, e passei a consumir uma espécie de publicação que dificilmente hoje se encontra: as fotonovelas... Passei a ser “habitué” e mesmo expert em adquirir fotonovelas, e as lia usadas ou novas, e as trocava com quem se interessasse .

Mas também li muito “Tesouro da Juventude” que eram uns livros encadernados de azul, repletos dos mais variados temas e assuntos, li a coleção inteira também...

Não posso deixar de comentar minha coleção do Monteiro Lobato, li todos os volumes, mas com especial atenção e gosto para “Os doze trabalhos de Hércules”, como eu adorava imaginar-me viajando com a tropinha do sítio do pica-pau amarelo, encontrando tantos personagens da Grécia antiga que ressuscitaram de seus sonos imortais pela pena de tão maravilhoso escritor.

E o tempo passou, meu gosto nada apurado me levava por sendas indescritíveis em matéria de literatura, eu não lia ordenadamente, eu lia tudo, do bom ao ruim passando pelo ótimo e descambando também pelo detestável, mas lia, e adorava ler, li toda a coleção da “Angélica, a Marquesa dos Anjos”, imagina...

Melhorei um pouco minhas leituras quando entrei para a faculdade, depois de aposentada de um trabalho de dez anos como agente administrativo e de mais de vinte anos como professora de Educação Artística e outros empregos que tais (secretária, e coisa e tal...), aí eu resgatei e estou resgatando até hoje boas leituras, num trabalho de formiguinha, sem saber às vezes como uma mente tão poluída por leituras tão disparatadas vai reagir a um refinamento a que não estou acostumada...

Mas tenho minhas recaídas, recentemente foi um caso sério com a série do Harry Potter, depois com a saga Crepúsculo e agora com o Percy Jackson e os Olimpianos...

“como se projeta um espanador” – Artigo retirado do blog http://apaneutheneon.blogspot.com/, do meu querido e sempre reverenciado Professor Piero, com a aquiescência dele – Bravo, Professsor! Muito bom!!!

Nunca acreditei nessa história, sempre comentada entre os docentes, das instituições privadas de ensino “superior” serem apenas máquinas de produzir dinheiro, sem nenhuma preocupação maior. Nunca acreditei nisso, pois consegui trabalhar, durante um tempo razoável, a formação de 4 turmas inteiras com compromisso de quem acredita. Aliás, essa é uma palavra estranha! Acreditar é um verbo que possui duas possíveis interpretações: uma demasiadamente esotérico-religiosa, de crer em algo ou alguém, em um sentido maior; outra que mais molda aqui, de dar crédito a, conferir credibilidade e estar em crédito com. Todo crédito se constrói no sentido da confiança depositada – mais um termo econômico – que entre docente e aluno se faz com apenas as diversas realizações conjuntas, no âmbito da sala, do corredor, da biblioteca.
Construir um projeto comum, em uma instituição privada, sempre foi visto como inexperiência, ou melhor, ingenuidade. Mantive-me ingênuo. E, claro, com grande parte da ingenuidade, mantive-me no erro de dar crédito – em todos os sentidos que essa palavra possa ter aqui – às instituições. A falência dessa crença – ou do crédito – fere tudo aquilo que se possa vislumbrar como projeção a um futuro. O discurso se desarticula, é desarticulado por poderes de execução, por “pessoas”-corporações que não vão nunca entender o real motivo de se estar ali, construindo um projeto. Falir é destituir-se completamente daquilo que foi almejado. É espanar para fora a poeira simplória e nada eloqüente que (de quem) não teve a chance de tornar-se o incômodo da terra, da teia de aranha, do encardido.
Há uma conjectura possível aqui: nada se faz pelo bem do outro. Não há instituição, que se pague, na qual se possa de fato ter uma ação filantrópica. O movimento da amizade ao homem – que está nessa palavra – não é um espaço conhecido por executivos de qualquer casta. Talvez a decisão dos governos em não se considerar instituições de ensino como entidades filantrópicas tenha sido uma das melhores formas de mostrar que eu estava errado, que a ingenuidade não pode oferecer crédito. Afinal, não elas nunca saberão quem é esse outro. O outro é e está muito distante das mantenedoras que apenas querem espanar para uma mística de mercado e, ali, conseguir números e desempenho, em outras palavras, máscaras e encenação.
Durante todo o tempo de meu ensino, estive atento a não fazer do esforço de cada aluno uma atividade vã ou obsoleta, e nisso não estive ingênuo. Mas agora, com a prisão das carteiras, o máximo da crença e do crédito se estará projetado no fabrico de peças ao pó, a e-mails desperdiçados, a falsos sorrisos de transição. Sob o véu de um maior profissionalismo, de uma melhor propaganda, se escondem a punhalada, o susto no escuro, a negação à formação, o escrutínio com o parasita. Não há mais hospitalidade, recebimento involuntário e ameno, há apenas mais e mais possibilidades de negócio, trama, embuste. Isso porque não há, não pode haver, naturalidade na troca indiscriminada de todo um corpo sem que o mesmo não parecesse um Frankenstein sem saúde, um dr. Jekyll sem a parte diurna. Há, por pena, conceitos de gestão.
Vendido, o objeto lançado à frente tem marca. O que se pode comprar. Aquilo que se adquire. Condução e sustentabilidade, palavras boas para um novo projeto, mas o que se produz? Créditos para a compra de um novo espanador.

Dilma Rousseff - Do Blog do Zé em 20.02.2010

“Teus ombros suportam o mundo e ele não pesa mais que a mão de uma criança”. O bonito trecho da poesia de nosso conterrâneo Carlos Drummond de Andrade foi a senha hoje para a ministra Dilma Rousseff assumir, perante milhares de petistas, sua candidatura à presidência da República pelo PT e aliados. Foi, também, uma auto-definição com a qual ela transmitiu o estado de espírito com que se lança na disputa eleitoral.

Serena, mas com vigor e entusiasmo, Dilma assegurou sentir-se absolutamente preparada para enfrentar o desafio de governar o país com humildade, responsabilidade e confiança. Ela confessou-se consciente dos desafios que tem pela frente, de entrar na campanha eleitoral, vencer em outubro e prosseguir na implantação do projeto político empreendido em oito anos de governo do PT, de desenvolvimento pleno do Brasil. “Estamos construindo um novo país”, acentuou, a partir do caminho traçado pelo presidente Lula para a superação das desigualdades, conduzindo o processo de mudanças sociais em clima de paz.

Ao lembrar seu passado de resistência e luta, Dilma disse não admitir que lições de liberdade nos sejam dadas por quem com esta não tem compromisso. O povo brasileiro precisa ter uma democracia econômica e social. “Quando falta democracia, tudo fica ameaçado”, considerou.

Metade do céu, metade da terra

Dilma afirmou que para muitos as mulheres são metade do céu, “mas nós queremos ser metade da terra também, e por isso não há limites para nós mulheres”. Ela relacionou avanços conquistados no governo Lula e encareceu a necessidade de que essa marcha tenha continuidade, pautada por esse projeto de desenvolvimento nacional que mudou os rumos do Brasil reconhecido e respeitado mundialmente como um país soberano, livre e mais justo. Não teríamos chegado aqui, enfatizou, “se não tivéssemos construido novos caminhos e derrubado os velhos e carcomidos dogmas que funcionavam como empecilho”.

No terceiro governo democrático e popular, “nós poderemos avançar ainda muito mais, ir além nas conquistas” e no aprofundamento dos compromissos sociais do atual governo voltados para todos - principalmente no crescimento, emprego e distribuição de renda - e não apenas para as elites.

Dilma reassumiu a prioridade que pretende imprimir à educação - da creche à pós-graduação - meio e bem essenciais para a emancipação política e cultural do nosso povo e também para o desenvolvimento econômico do país. “Priorizar o cuidado com as nossas crianças e investir na educação em todos os graus e níveis é combater na raiz a desigualdade social”, concluiu.

Dilma Rousseff – Candidata do PT à Presidência.

A uma doce amiga…

Tenho receio que este email “cheire a fofoca”, mas acredite, não é fofoca, é apenas uma vontade de desabafar, pois nosso primeiro dia de aula foi um desastre total, e confesso que nem sei o que fazer.

Hoje tivemos aula com a Professora Sunes, e confesso que estou decepcionada e triste com o papelão a que ela se prestou, eu a considerava mais integra, mas acho que terei que rever minha opinião totalmente.

Logo que a aula começou (com bastante atraso, é bom dizer) começamos a ouvir algumas explicações sobre a troca de professores, e como ela estava espantada com a atitude de alguns mestres que apesar de terem afirmado que permaneceriam na ESPAM, quando chegou perto das aulas a surpreenderam com a decisão de se afastar e até hoje não haviam lhe dado uma explicação razoável. Neste ponto eu fiquei indignada, seria tão mais decente ela apenas dizer que diante da situação de uma impossibilidade de negociação a ESPAM teria que prescindir de alguns profissionais, seria tão mais maduro e tão mais profissional!

Neste ponto eu pedi licença e externei minha admiração pelo que ela estava dizendo e coloquei que os professores dos quais ela estava falando eram pessoas que durante todo o tempo em que estivemos juntos sempre tiveram uma atitude ética e extremamente madura e profissional e que eu não acreditava que tivesse havido uma mudança tão brusca em suas personalidades, bem, ela então voltou um pouco atrás e afirmou que concordava e que inclusive ela os conhecia e os tinha contratado... bem, então foi aquela “rasgação de seda”, cinismo puro!

Dos professores ela pulou para a problemática da mudança dos mantenedores da ESPAM, e foi aquela chatice: que nem ela sabia ainda da extensão das mudanças, e blá, blá, blá, e blá, blá, blá, e blá, blá, blá...

Aí ela resolveu falar da mudança na grade horária do 6º semestre de Letras, e acredite, ela nos informou que não teríamos “Culturas Brasileiras”, mas que não seríamos prejudicados, pode?!

Pasme ******************, o grupo Projeção (porque ela não fez nada, tudo veio pronto do PROJEÇÃO) simplesmente resolveu extinguir esta matéria com a desculpa de que a veríamos em Literatura Brasileira IV, e ela afirmou novamente que “não seríamos prejudicados”...

O pior foi a atitude da sala, ao invés de reclamar de tal aberração, ficaram chateados porque teríamos um dia sem aula na quinta-feira e não na sexta-feira...

Neste ponto eu novamente não agüentei e manifestei minha indignação diante de tal atitude e AFIRMEI QUE SABIA QUE SERÍAMOS PREJUDICADOS, SIM SENHOR!!! Bem, a Sunes não gostou nem um bocadinho...

Mas aí eu dei um ponto para ela quando externei a minha preocupação com a troca dos professores-orientadores, fiz mal, pois dei margem para mais um teatrinho dela quando ela afirmou que eu estava me adiantando, que ela ainda não havia tocado neste ponto, e etc e tal e coisa...

Neste ponto eu já estava seriamente preocupada com a minha sanidade mental, comecei a questionar-me sobre se estava ficando louca ou débil mental por estar participando de tão esdrúxula conversa, e então optei por fechar a boca, estava me cansando com tanta cretinice, arrumei minhas coisas, e estava quase indo embora quando Hélvio começou a sinalizar que eu esperasse e Helena começou a me cutucar para me impedir de sair. Em atenção aos meus colegas, resolvi esperar pelo fim daquela palhaçada.

Ouvimos ainda várias bobagens, sempre entremeadas da frase da noite: “vocês não serão prejudicados”, ou “eu não sei como vai ficar esta situação, depende do PROJEÇÃO”.

Ah! Esqueci de dizer que quando perguntamos se seríamos ressarcidos por não termos uma matéria, fomos alertados para que esperássemos, pois ela iria conversar sobre o assunto com “o pessoal do PROJEÇÃO”.

Ela ainda nos informou que agora qualquer consulta demoraria em ser respondida, pois antigamente ela tinha a mantenedora sempre lá na ESPAM, mas que agora... com o "pessoal do PROJEÇÃO" longe... (Tive vontade de perguntar a ela se ela tinha conhecimento de uma invenção moderna chamada telefone...)

Resumindo, ******************, que triste papel que nossa coordenadora se prestou a fazer, foi decepcionante e até meio constrangedor...

Mas novidades virão, a faculdade está em pé de guerra, acredite, não sei como isto vai acabar...

Neste momento só reforço meus sentimentos por não a termos lá para que um pouco de lucidez e responsabilidade se fizesse presente naquele caos...

Ângela

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Afinal, depois de uma busca incessante, encontrei “Emma” para comprar… (dica do “jasbra”) na Livraria Cultura, vou buscar dia 26…

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Emma (bbc)

Distribuidora: LOG ON (DVD)
Elenco:
MAY, JODHI
Elenco:
MILLER, JONNY LEE
Elenco:
GAMBON, MICHAEL
Elenco:
GARAI, ROMOLA
Baseado Vida/Obra:
AUSTEN, JANE

Mídia: DVD
Ano de produção: 2009
País de Produção: Gra-Bretanha
Gênero: SÉRIES DE TV
Duração: 243 minutos
Volumes: 2
Sistema: NTSC
Formato de Tela: WIDESCREEN
Sistema de Cor: Colorido
Idioma Original: INGLES - DOLBY DIGITAL 2.0
Legenda: INGLES PORTUGUES

Sinopse:

'Emma' é a história de uma jovem tão empenhada em arranjar o amor para os outros que não conseguia ver o que se passava diante de seus próprios olhos. Linda, inteligente e rica, Emma Woodhouse gasta seu tempo bancando o cupido, mas se dá conta de que as pessoas não são como ela imaginava e se vê forçada a amadurecer. 'Emma' reúne um elenco com Jonny Lee Miller, Michael Gambon e Romola Garai, em uma montagem da obra de Jane Austen.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Notícia veiculada pelo “bloglouco.com”

O presidente do PT, José Eduardo Dutra, anunciou neste sábado, dia 20, a pré-candidatura de Dilma Rousseff, atual ministra da Casa Civil, à presidência da República. “Declaro por decisão unânime Dilma Rousseff pré-candidata do PT”, afirmou ele. “Eu jamais pensei que a vida me reservasse tamanho desafio, mas me sinto preparada para enfrentá-lo”, disse Dilma.

A ministra discursou para seus colegas de partido dizendo que pretende manter todos os programas do atual governo, sua política externa e a reconstrução da máquina pública. “Nós vamos continuar valorizando o servidor público e o serviço público, vamos continuar reaparelhando o Estado, recompondo sua capacidade de gerenciamento e planejamento”, afirmou ela.

O presidente Lula também falou sobre a candidatura de Dilma Rousseff à presidência. Ele fez questão de garantir que a ministra não está ali apenas para preparar seu retorno ao Palácio do Planalto. “A Dilma não é candidata do Lula. Candidata tampão por que vai preparar a volta do Lula. Não é verdade. Eu quero eleger a Dilma para que ela governe um primeiro mandato extraordinário e em um segundo mandato consiga autoridade política”, disse.

Agora é oficial: Dilma Rousseff é a candidata do PT à presidência

Será que teremos uma presidente do Brasil?

Desde idos da década de 80 voto no PT. Amarguei duras derrotas e finalmente ajudei a eleger o Lula. Já pensei em trocar de partido, confesso que namorei (de longe e “en passant”) o Mário Covas e o PV, mas persisti, fiquei com o PT.

Agora a história é com uma mulher. Mas uma mulher especial, como se pode constatar através de sua história.

Mas mesmo assim ando desconfiada, vale a pena Dilma Rousseff?

Resolvi dar espaço em meu blog (onde a maioria dos assuntos são “austianos”) para um exame desta candidata.

A partir de hoje e sempre que puder, vou pesquisar Dilma Rousseff, e publicar tudo que achar sobre ela e sua trajetória pública.

Começo bem basicamente com o artigo da Wikipédia sobre ela.

Pretendo aprofundar minhas fontes.

Me aguardem, chego lá! Será que a Dilma também chega?

Dilma Rousseff pela Wikipedia:

Dilma Vana Rousseff  [1][2] (Belo Horizonte, 14 de dezembro de 1947) é uma economista e política brasileira, filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT). Atualmente é ministra-chefe da Casa Civil, e a pessoa mais cotada a ser a candidata apoiada pelo atual governo para as eleições à Presidência da República, em 2010.

Nascida em família de classe média alta e educada de modo tradicional, interessou-se pelos ideais socialistas durante a juventude, logo após o Golpe Militar de 1964. Iniciando na militância, logo passou a integrar organizações que executavam atividades ilícitas, o que a levou para a clandestinidade. É controverso seu grau de participação nas ações das organizações clandestinas que integrou, o Comando de Libertação Nacional (COLINA) e a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR Palmares), tendo essa última protagonizado um célebre assalto em meados de 1969, considerada a ação mais espetacular e rendosa de toda a luta armada. Passou quase três anos presa, entre 1970 e 1972, quando foi submetida à tortura.

Reconstruiu sua vida no Rio Grande do Sul, onde junto com o companheiro por mais de trinta anos, Carlos Araújo, ajudou na fundação do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e participou ativamente de diversas campanhas eleitorais. Exerceu o cargo de secretária municipal da Fazenda de Porto Alegre no governo Alceu Collares e mais tarde foi secretária estadual de Minas e Energia, tanto no governo de Alceu Collares como no de Olívio Dutra, no meio do qual se filiou ao Partido dos Trabalhadores (PT).

Participou da equipe que formulou o plano de governo na área energética na eleição de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República em 2002, onde se destacou e foi indicada para titular do Ministério de Minas e Energia. Novamente reconhecida por seus méritos técnicos e gerenciais, foi nomeada ministra-chefe da Casa Civil devido ao escândalo do mensalão, crise que levou à renúncia do então ministro José Dirceu. Conhecida pelo temperamento difícil, passou a estar no centro de várias polêmicas, ao mesmo tempo em que se tornou a candidata preferida de Lula para sucedê-lo. Foi considerada pela Revista Época uma dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009.[3]

Dilma é filha do advogado e empreendedor búlgaro naturalizado brasileiro Pedro Rousseff (em búlgaro Петър Русев, Pétar Russév)[4][5] e da dona-de-casa Dilma Jane Silva. Seu pai manteve estreita amizade com a poetisa búlgara Elisaveta Bagriana, foi filiado ao Partido Comunista da Bulgária[6] e frequentava os círculos literários nos anos 1920.[7] Chegou ao Brasil no fim da década de 1930, já viúvo (tendo deixado um filho em sua terra natal, Luben, morto em 2007), mas se mudou para Buenos Aires e anos depois retornou ao Brasil, fixando-se em São Paulo, onde prosperou. Em uma viagem a Uberaba conheceu Dilma Jane Silva, moça fluminense de Nova Friburgo, professora de vinte anos, criada no interior de Minas Gerais, onde seus pais eram pecuaristas. Casaram-se e fixaram residência em Belo Horizonte, onde tiveram três filhos: Igor, Dilma Vana e Zana Lúcia (morta em 1977).[6][8]

Pedro Roussef trabalhou para a siderúrgica Mannesmann, além de construir e vender imóveis. A família vivia em uma casa espaçosa, servida por três empregadas, onde as refeições eram servidas à francesa. Os filhos tiveram uma formação clássica, tendo aulas de piano e francês. Vencida a resistência inicial da sociedade local contra os estrangeiros, passaram a frequentar os clubes e as escolas mais tradicionais (Dilma foi matriculada no Colégio Sion, onde as alunas falavam francês com as professoras).[9] Incentivada pelo pai, Dilma adquiriu cedo o gosto pela leitura. Falecido em 1962, Pedro Roussef deixou de herança por volta de 15 imóveis de valor.[6]

Em 1965,ao ingressar no ensino médio, [6] Dilma trocou o conservador Colégio Sion pelo Colégio Estadual Central, escola pública mista onde o movimento estudantil era ativo, especialmente por conta do recente golpe militar. De acordo com ela, foi nesta escola que ficou "bem subversiva" e que percebeu que o mundo não era para "debutante",[9] iniciando sua educação política. Em 1967, ingressou na Política Operária - POLOP, uma organização fundada em 1961, oriunda do Partido Socialista Brasileiro. Seus militantes logo viram-se divididos em relação ao método a ser utilizado para a implantação do socialismo: enquanto alguns defendiam a luta pela convocação de uma assembleia constituinte, outros preferiam a luta armada. Dilma ficou com o segundo grupo, que deu origem ao Comando de Libertação Nacional - COLINA. Para Apolo Heringer, que foi dirigente do COLINA em 1968 e havia sido professor de Dilma na escola secundária, a jovem escolheu a luta armada depois que leu Revolução na Revolução, de Régis Debray, um francês que havia se mudado para Cuba e ficado amigo de Fidel Castro. Segundo Heringer, "O livro incendiou todo mundo, inclusive a Dilma."[6]

Foi nessa época que conheceu Cláudio Galeno Linhares, cinco anos mais velho, que também defendia a luta armada. Galeno ingressara na POLOP em 1962, havia servido no Exército, participara da sublevação dos marinheiros por ocasião do golpe militar e fora preso na Ilha das Cobras. Casaram-se em 1968, apenas no civil, depois de um ano de namoro.[6]

Atuação no COLINA

Segundo companheiros de militância, Dilma teria desenvoltura e grande capacidade de liderança, conseguindo impor-se perante homens acostumados a mandar. Não teria participado diretamente das ações armadas, pois era conhecida por sua atuação pública, tendo contatos com sindicatos, dando aulas de marxismo e responsabilizando-se pelo jornal O Piquete. Apesar disso, aprendeu a lidar com armamentos e a enfrentar a polícia.[6]

No início de 1969, o COLINA em Minas Gerais resumia-se a algumas dezenas de militantes, com pouco dinheiro e poucas armas. Suas ações haviam se resumido a quatro assaltos a bancos, alguns carros roubados e dois atentados a bomba, que não deixaram vítimas. Em 14 de janeiro, contudo, com a prisão de alguns militantes após um assalto a banco, outros reuniram-se para discutir como libertá-los. Ao amanhecer, foram surpreendidos com a invasão da polícia à casa onde estavam e reagiram, usando uma metralhadora do grupo para matar dois policiais e ferir um terceiro.[6]

Dilma e Galeno passaram a dormir cada noite em um local diferente, uma vez que o apartamento em que moravam era frequentado por um dos líderes da organização que fora preso. Tiveram que voltar ao apartamento escondidos para destruir documentos da organização. Ficaram ainda algumas semanas em Belo Horizonte, tentando reorganizar o que sobrara do grupo. Cientes que as casas de seus pais eram vigiadas (a família não conhecia o grau de envolvimento de Dilma com essas atividades), Galeno ainda teve que passar por uma mudança física, quando um retrato falado seu foi divulgado como sendo um dos participantes do assalto ao banco (o que ele nega). Em março, o apartamento foi invadido, mas nenhum documento interno da organização foi encontrado. Perseguidos na cidade, a organização ordenou que fossem para o Rio de Janeiro. Dilma tinha 21 anos e concluíra o segundo ano de Economia.[6]

Era grande a quantidade de mineiros da organização no Rio (inclusive Fernando Pimentel, que tinha 18 anos quando a perseguição foi iniciada e recusou-se a seguir as ordens de seu pai de se entregar ao Exército, entrando na clandestinidade), não havendo infraestrutura para abrigar a todos. Dilma e Galeno ficaram um período na casa de uma tia de Dilma, que imaginava que o casal estava de férias. Mais tarde, ficaram num pequeno hotel e então num apartamento, até Galeno ser enviado pela organização a Porto Alegre. Dilma permaneceu no Rio, onde ajudava a organização, participando de reuniões e transportando armas e dinheiro. Nessas reuniões, conheceu o advogado gaúcho Carlos Franklin Paixão de Araújo, então com 31 anos, por quem se apaixonou e com quem viria a viver por cerca de 30 anos. Araújo era chefe da dissidência do Partido Comunista Brasileiro (PCB, também conhecido como o "Partidão"), e abrigara Galeno em Porto Alegre. A separação de Galeno foi pacífica. Como afirmou Galeno, "naquela situação difícil, nós não tínhamos nenhuma perspectiva de formar um casal normal."[6]

Araújo era filho de um renomado advogado trabalhista e havia começado cedo na militância, no PCB. Havia viajado pela América Latina (inclusive conhecendo Fidel Castro e Che Guevara) e já havia sido preso por alguns meses em 1964. Com a edição do AI-5, em 1968, ingressou na luta armada. No início de 1969, passou a tratar da fusão de seu grupo com o COLINA e a Vanguarda Popular Revolucionária - VPR, liderada por Carlos Lamarca. Dilma participou de algumas reuniões sobre essa fusão, que acabou formalizada em duas conferências em Mongaguá, dando origem a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR Palmares). Dilma e Araújo estiveram presentes, assim como Lamarca, que teria ficado com a impressão de que Dilma era "metida a intelectual". Ela teria defendido um trabalho político pelas bases, criticando a visão militarista que era a característica da VPR.[6]

Na VAR Palmares

Carlos Araújo foi escolhido como um dos seis dirigentes da VAR Palmares, que se autointitulava "uma organização político-militar de caráter partidário, marxista-leninista, que se propõe a cumprir todas as tarefas da guerra revolucionária e da construção do Partido da Classe Operária, com o objetivo de tomar o poder e construir o socialismo".[6]

Conforme Maurício Lopes Lima, um integrante de buscas da Oban (Operação Bandeirante), estrutura que integrava o serviço de inteligência das Forças Armadas (e onde teriam sido realizados atos de tortura), Dilma era a grande líder da organização clandestina VAR-Palmares. Usando vários codinomes, como Estela, Luísa, Maria Lúcia, Marina, Patrícia e Wanda,[11] teria recebido epítetos superlativos dos relatórios da repressão, definindo-a como "um dos cérebros" dos esquemas revolucionários. O delegado Newton Fernandes, que investigou a organização clandestina em São Paulo e traçou o perfil de dezenas de integrantes, afirma que Dilma era uma das molas mestras dos esquemas revolucionários. O promotor que denunciou a organização a chamou de "Joana d’Arc da subversão", tendo chefiado greves e assessorado assaltos a bancos.[12] Dilma ridiculariza a comparação, ressaltando que lhe atribuem muitas ações, mas que não se lembra de nada.[13] Também foi chamada de "papisa da subversão", "criminosa política" e "figura feminina de expressão tristemente notável".[6] Conforme Darcy Rodrigues, militante que foi o braço direito de Carlos Lamarca, Dilma fazia a ligação entre o comando nacional e os regionais.[11]

Dilma teria sido a organizadora, na época, do roubo de um cofre pertencente ao ex-governador de São Paulo Ademar de Barros (considerado pela guerrilha como símbolo da corrupção)[14] em 18 de junho de 1969, na cidade do Rio de Janeiro, de onde foram subtraídos 2,5 milhões de dólares.[15] A ação veio a ser a mais espetacular e rendosa de toda a luta armada.[6] Carlos Minc, que foi seu colega na organização clandestina VAR-Palmares e estava entre os militantes que invadiram a casa da suposta amante do ex-governador, nega a participação de Dilma, afirmando ainda que é exagerada a versão de que Dilma era a líder daquela organização, sendo à época uma participante sem nenhum destaque. Em pelo menos três ocasiões, Dilma também negou ter participado do evento.[16][17] Depoimentos e relatórios policiais indicavam que coube a Dilma administrar o dinheiro, pagando salários de militantes, encontrar abrigo ao grupo e comprar um Fusca. Dilma lembra apenas do automóvel, mas duvida que tenha sido a responsável pela administração do dinheiro.[13][18]

A VAR-Palmares teria também planejado em 1969 o sequestro de Delfim Neto, símbolo do milagre econômico e à época o civil mais poderoso do governo federal. O suposto sequestro, que deveria ocorrer em dezembro daquele ano, já havia sido referido no livro "Os Carbonários", de autoria de Alfredo Sirkis, em 1981. Antonio Roberto Espinosa, ex-comandante da Vanguarda Popular Revolucionária e da VAR-Palmares, reconheceu que coordenou o plano, que era de conhecimento de cinco membros da cúpula da organização, e que Dilma seria uma dessas integrantes da cúpula. O sequestro não teria chegado a ser realizado porque os membros do grupo começaram a ser capturados semanas antes. Dilma nega peremptoriamente que tivesse conhecimento do plano e duvida que alguém realmente se lembre, declarando que Espinosa fantasiou sobre o assunto.[13][18] Ao tomar conhecimento das declarações que lhe foram atribuídas, Espinosa contestou a informação, dizendo que nunca afirmara que Dilma teve conhecimento do plano, o que, se ocorreu, foi em termos rápidos e vagos. Afirmou que Dilma nunca participou de ações ou de planejamento de ações militares, sempre tendo uma militância somente política.[19][20][21][22][23]

Mesmo com grande quantidade de dinheiro, a organização não conseguiu manter a unidade. Em um congresso em Teresópolis, entre agosto e setembro de 1969, houve uma grande divisão entre os militaristas, focados na luta armada, e os "basistas", que defendiam um trabalho de massas. Dilma estava com o segundo grupo. Enquanto os primeiros se agruparam na VPR militarista, liderados por Lamarca, Dilma ficou no segundo grupo, a VAR Palmares "basista". Houve disputa pelo dinheiro do grande assalto e pelas armas.[6]

Após a divisão, Dilma foi enviada a São Paulo, onde esteve encarregada de manter em segurança as armas que couberam a seu grupo. Evitando mantê-las em apartamentos sem a segurança necessária, ela e uma amiga (Maria Celeste Martins, décadas mais tarde sua assessora na Casa Civil) mudaram-se para uma pensão simplória na zona leste da cidade, com banheiro coletivo, escondendo o arsenal debaixo da cama.[6]

Prisão

Após um ano de clandestinidade, saindo de Belo Horizonte em janeiro de 1969, passando pelo Rio de Janeiro e mais tarde São Paulo, Dilma foi capturada na Rua Augusta em janeiro de 1970.

Uma série de prisões de militantes conseguiu capturar José Olavo Leite Ribeiro, que encontrava-se três vezes por semana com Dilma. Conforme o relato de Ribeiro, após um dia de tortura, revelou o lugar onde se encontraria com outro militante, em um bar na Rua Augusta. Em 16 de janeiro de 1970, obrigado a ir ao local acompanhado de policiais disfarçados, seu colega também foi capturado e, quando já se preparavam para deixar o local, Dilma, que não estava sendo esperada, chegou. Percebendo que algo estava errado, Dilma tentou sair do local sem ser notada. Desconfiados, os policiais a abordaram e encontraram-na armada. "Se não fosse a arma, é possível que conseguisse escapar", ressalta Ribeiro.[6]

Foi levada para a Operação Bandeirante (Oban), no mesmo local onde cinco anos depois Vladimir Herzog perderia a vida. Teria sido torturada por vinte e dois dias[24] com palmatória, socos, pau-de-arara, choques elétricos. Conforme Maria Luísa Belloque, uma companheira de cela, "A Dilma levou choque até com fiação de carro. Fora cadeira do dragão, pau-de-arara e choque pra todo lado". No meio militar, há quem diga que o relato de Dilma é visto com ironia e descrédito, especialmente quanto à possibilidade de alguém sobreviver a vinte e dois dias de tortura.[25] Posteriormente, Dilma denunciou as torturas em processos judicias, inclusive dando nome de militares que participaram dos atos, como o capitão do Exército Benoni de Arruda Albernaz, referido por diversas outras pessoas. Ainda que tenha revelado o nome de alguns militantes, conseguiu preservar Carlos Araújo (que só viria a ser preso vários meses depois) e sua ajudante no recolhimento das armas, Maria Celeste Martins.[6] Seu nome estava numa lista, encontrada na casa de Carlos Lamarca, com presos a que se daria prioridade para serem trocados por sequestrados, mas nunca foi trocada e cumpriu a pena regularmente.[26]

Carlos Araújo foi preso em 12 de agosto de 1970. Durante o período em que Dilma esteve presa, Araújo teve um rápido romance com a atriz e simpatizante da organização Bete Mendes. Ao ser preso, encontrou com Dilma em algumas ocasiões, nos deslocamentos relativos aos processos militares que ambos respondiam. Ficaram alguns meses no mesmo presídio Tiradentes, em São Paulo, inclusive com visitas íntimas, onde se reconciliaram, planejando reatarem a vida conjugal após a prisão.[6]

Em dezembro de 2006, a Comissão Especial de Reparação da Secretaria de Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro aprovou um pedido de indenização por parte de Dilma e outras dezoito pessoas presas em dependências de órgãos policiais do governo estadual paulista na década de 1970.[28] Em seu processo, foi fundamental o depoimento de Vânia Abrantes, que esteve com ela na mesma viatura policial em uma viagem de São Paulo para o Rio de Janeiro (Vânia era a companheira de Carlos Araújo quando ele e Dilma começaram seu relacionamento).[6] Pediu ainda indenização nos estados de São Paulo e Minas Gerais, pois além de ser presa em São Paulo, foi levada a interrogatório em Juiz de Fora e no Rio de Janeiro. Também pediu indenização ao governo federal. Nos três estados, as indenizações, fixadas em lei, podem chegar somadas a 72 mil reais. Conforme a assessoria de Dilma, os pedidos tem um caráter simbólico, além do que teria solicitado que os processos só fossem julgados após seu afastamento dos cargos públicos.[29]

A Folha de S. Paulo publicou em 5 de abril de 2009 uma suposta ficha criminal de Dilma, que faria parte do arquivo do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), onde constam anotações sobre diversos crimes supostamente praticados. Dilma contestou a veracidade da ficha, afirmando ser um documento forjado, apresentando inclusive perícias que comprovariam a fraude, o que levou o jornal a reconhecer que não obteve o documento do arquivo do órgão, mas via email, não podendo atestar sua veracidade.[nota 1][13][30][31][32][33]

Dilma foi condenada em primeira instância a seis anos de prisão. Já havia cumprido três quando o Superior Tribunal Militar reduziu sua condenação a dois anos e um mês. Teve também seus direitos políticos cassados por dezoito anos.[29]

Mudança para Porto Alegre

Dilma saiu do Presídio Tiradentes no fim de 1972, com 57 kg, dez quilos mais magra e com uma disfunção na tireoide.[35] Havia sido condenada em alguns processos e absolvida em outros. Passou um período com sua família em Minas Gerais para se recuperar, ficou algum tempo com uma tia em São Paulo e depois mudou-se para Porto Alegre, onde Carlos Araújo cumpria os últimos meses de sua pena. Ficou na casa dos sogros, de onde se avistava o presídio onde estava Araújo. Dilma o visitava com frequência, levando jornais e até livros políticos, disfarçados de romances. Desativado o Presídio da ilha das Pedras Brancas, Araújo cumpriu o restante da pena no Presídio Central. O prestigiado advogado Afrânio Araújo, pai de Carlos, faleceu em junho de 1974, o que levou amigos juristas a pressionarem a solução para a prisão de Carlos, que acabou libertado uma semana depois.[6][35]

Foi em Porto Alegre que Dilma iniciou sua carreira pública, cidade em que se radicou para acompanhar Carlos Araújo, três vezes eleito deputado estadual.

Punida por subversão de acordo com o Decreto-lei 477, considerado o AI-5 das universidades, havia sido expulsa da Universidade Federal de Minas Gerais e impedida de retomar seus estudos naquela universidade em 1973,[36] o que fez Dilma cursar curso para prestar vestibular para Ciências Econômicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Graduou-se em 1977, não tendo participado ativamente do movimento estudantil, no mesmo ano em que nasceu sua única filha, Paula Rousseff Araújo, nascida em março. Sua primeira atividade remunerada após sair da prisão foi de estagiária na Fundação de Economia e Estatística - FEE, vinculada ao governo do Rio Grande do Sul.[35]

A militância política, desta vez dentro da legalidade, foi reiniciada no Instituto de Estudos Políticos e Sociais (IEPES), ligado ao único partido legalizado de oposição, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Mesmo não tendo se filiado ao partido, Dilma organizava debates no instituto, que recebia palestras de intelectuais como Francisco de Oliveira, Fernando Henrique Cardoso e Francisco Weffort. Em 1976, Araújo e Dilma trabalharam na campanha a vereador de Glênio Peres, pelo MDB. Embora eleito, Peres foi cassado por denunciar torturas em um discurso. Em novembro de 1977, o nome de Dilma foi divulgado no jornal O Estado de S.Paulo como sendo um dos 97 subversivos infiltrados na máquina pública. A relação havia sido elaborada pelo Ministro do Exército demissionário, Sílvio Frota, que havia resumido os antecedentes políticos dos listados. Dilma, qualificada como militante da VAR Palmares e do COLINA e "amasiada com o subversivo" Carlos Araújo, foi exonerada da FEE, sendo anistiada mais tarde.[35]

A partir de 1978, Dilma passou a frequentar a Universidade Estadual de Campinas, com a intenção de cursar mestrado. Nessa época, participava de um grupo de discussão em São Paulo com outros ex-integrantes da VAR Palmares, dentre os quais Rui Falcão, Antonio Roberto Espinosa, seu companheiro de prisão e, eventualmente, Carlos Araújo. Com reuniões trimestrais, o grupo durou cerca de dois anos, lendo obras de Marx, Poulantzas e Althusser, discutindo o melhor momento de retomar a atividade política. Sobre a polêmica a respeito de sua titulação, Dilma declarou que "Fiz o curso de mestrado, mas não o concluí e não fiz dissertação. Foi por isso que voltei à universidade para fazer o doutorado. E aí eu virei ministra e não concluí o doutorado." A universidade informa que ela nunca se matriculou oficialmente no mestrado.[35]

Carreira política

Com o fim do bipartidarismo, participou junto com Carlos Araújo dos esforços de Leonel Brizola para a recriação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Após a perda da sigla para o grupo de Ivete Vargas, participou da fundação do Partido Democrático Trabalhista (PDT).[35] Araújo foi eleito deputado estadual em 1982, 1986 e 1990. Foi também duas vezes candidato a prefeito de Porto Alegre, perdendo para os petistas Olívio Dutra, em 1988, e Tarso Genro, em 1992. Dilma conseguiu seu segundo emprego na primeira metade dos anos 1980 como assessora da bancada do PDT na assembleia legislativa do Rio Grande do Sul.[35]

Secretária Municipal da Fazenda

Alceu Collares escolheu Dilma como secretária tanto na prefeitura de Porto Alegre como no governo do Rio Grande do Sul.

Araújo e Dilma dedicaram-se com afinco na campanha de Alceu Collares à prefeitura de Porto Alegre, em 1985, sendo que em sua casa foi preparada grande parte da campanha e do programa de governo. Eleito prefeito, Collares a nomeou titular da Secretaria Municipal da Fazenda, seu primeiro cargo executivo. Collares reconhece a influência de Araújo na indicação, mas ressalta que também contribuiu a competência de Dilma.[35]

Na campanha do pedetista Aldo Pinto para o governo do estado em 1986, Dilma foi uma grande assessora. O candidato a vice na chapa era Nelson Marchezan, um dos mais destacados civis durante a ditadura militar. Ainda que tenham sido amplamente derrotados pelo candidato do PMDB, Pedro Simon, vinte anos depois Dilma ainda justifica a polêmica aliança: "Marchezan foi líder da ditadura, mas nunca foi um 'enragé'. A ala Marchezan era a ala da pequena propriedade radicalizada. E ele era um cara ético."[35]

Dilma permaneceu à frente da Secretaria da Fazenda até 1988, quando se afastou para se dedicar à campanha de Araújo à prefeitura de Porto Alegre. Foi substituída por Políbio Braga, que conta que Dilma tentara convencê-lo a não assumir o cargo, aconselhando-o: "Não assume não, que isso pode manchar a tua biografia. Eu não consigo controlar esses loucos e estou saindo antes que manche a minha." Enquanto Collares lembra da gestão de Dilma como exemplo de competência e transparência, Políbio Braga discorda, lembrando que "ela não deixou sequer um relatório, e a secretaria era um caos."[35]

A derrota de Araújo na candidatura a prefeito alijou o PDT dos cargos executivos. Em 1989, contudo, Dilma foi nomeada diretora-geral da Câmara Municipal de Porto Alegre, mas acabou demitida do cargo pelo presidente da casa, vereador Valdir Fraga, porque chegava tarde ao trabalho. Conforme Fraga, "eu a exonerei porque houve um problema com o relógio de ponto."[35]

Secretária Estadual de Energia, Minas e Comunicações

Em 1990, Alceu Collares foi eleito governador, indicando Dilma para presidente da Fundação de Economia e Estatística, onde ela estagiara na década de 1970. Permaneceu ali até fim de 1993, quando foi nomeada Secretária de Energia, Minas e Comunicações, sustentada pela influência de Carlos Araújo e seu grupo político.[35]

Permaneceu no cargo até final de 1994, época em que seu relacionamento com Araújo chegou ao fim, abalado pela descoberta da gravidez da mãe de Rodrigo, nascido em 1995. Depois reconciliaram-se e permaneceram juntos até 2000, quando Dilma foi morar só em um apartamento alugado.[35]

Como secretária estadual no governo de Olívio Dutra, Dilma participou da elaboração do programa energético do candidato Lula, sendo então indicada a ministra.

Em 1995, terminado o mandato de Alceu Collares, Dilma afastou-se dos cargos políticos e retornou à FEE, onde foi editora da revista Indicadores Econômicos. Foi nesse intervalo que matriculou-se oficialmente no curso de doutorado da Unicamp, em 1998.[35]

Em 1998, o petista Olívio Dutra ganhou as eleições para o governo gaúcho com o apoio do PDT no segundo turno, e Dilma retornou à Secretaria de Minas e Energia. Conforme Olívio, "Eu já a conhecia e respeitava. E a nomeei também porque ela estava numa posição mais à esquerda no PDT, menos populista."[35]

O PDT ganhara alguns cargos no primeiro escalão, mas Leonel Brizola entendia que seu partido tinha muito pouco espaço no governo, administrando uma parcela ínfima do orçamento. Não conseguindo mais espaço, os pedetistas foram pressionados a entregar seus cargos. A composição da chapa para a prefeitura de Porto Alegre nas eleições de 2000 também acentuou a briga entre os dois partidos, onde o PDT indicava Alceu Collares e o PT, Tarso Genro. Dilma defendeu a manutenção da aliança que elegera Olívio Dutra, passando a apoiar a candidatura de Tarso Genro, alegando que não aceitava "alianças neoliberais e de direita", mesmo tendo defendido a aliança com Marchezan na eleição de 1986. Tarso Genro venceu Alceu Collares no segundo turno e Dilma filiou-se ao PT. Brizola acusou todos os que deixaram o partido de traidores: "Venderam-se por um prato de lentilhas".[35]

Na sua gestão na Secretaria de Minas e Energia do governo Olívio Dutra, a capacidade de atendimento do setor elétrico aumentou 46%,[35] devido a um programa emergencial de obras onde participaram estatais e empresas privadas. Em janeiro de 1999, Dilma viaja a Brasília e alerta as autoridades do setor elétrico de que, se não forem feitos investimentos em geração e transmissão de energia, os cortes que o Rio Grande do Sul enfrentou no início de sua gestão seriam verificados no resto do país.[37] Na crise do apagão elétrico no final do governo Fernando Henrique Cardoso, os três estados da Região Sul não foram atingidos, não sendo imposto qualquer racionamento, pois não houve seca. Mesmo assim, houve economia voluntária de energia e Dilma tentou obter uma compensação, como era concedido nas demais regiões. O governo federal não cedeu e Dilma conseguiu contemporizar junto à iniciativa privada gaúcha. Conforme Pedro Parente, chefe da Casa Civil no governo FHC, "Ela era pragmática, objetiva e demonstrou que tinha um diálogo fluido com o setor empresarial."[35]

Ministra de Minas e Energia

Lula ficou bem impressionado com a "companheira com um computadorzinho na mão".

Os assuntos relacionados à área de minas e energia na plataforma do candidato Lula eram discutidos em reuniões coordenadas pelo físico e engenheiro nuclear Luiz Pinguelli Rosa. Outro destaque do grupo era Ildo Sauer, sendo ambos totalmente contrários às privatizações no setor, que em sua visão eram as responsáveis pelos problemas energéticos que o país passava. Dilma foi convidada por Pinguelli a participar do grupo em junho de 2001, onde chegou tímida para integrar uma equipe com vários professores, mas logo se sobressaiu com sua objetividade e bom conhecimento do setor. Para todos no grupo, contudo, era evidente que Pinguelli seria o ministro de Minas e Energia, caso Lula vencesse a eleição em 2002.[35]

Foi grande a surpresa quando Lula, eleito, escolheu Dilma para titular da pasta. Segundo declarou: "Já próximo de 2002, aparece por lá uma companheira com um computadorzinho na mão. Começamos a discutir e percebi que ela tinha um diferencial dos demais que estavam ali porque ela vinha com a praticidade do exercício da Secretaria de Minas e Energia do Rio Grande do Sul. Aí eu fiquei pensando: acho que já encontrei a minha ministra aqui."[35] Teria pesado muito a simpatia que Antonio Palocci nutria por Dilma, reconhecendo que teria trânsito muito mais fácil junto ao setor privado do que Pinguelli, além de ter apoiado a Carta aos Brasileiros, concordando com as mudanças no partido. Olívio Dutra diz que também foi consultado e elogiou os méritos técnicos de sua secretária de Minas e Energia. "Posso ter pesado um pouco na balança naquele momento, mas, da transição para frente, o mérito é todo da Dilma." Já ministra, aproximou-se muito de José Dirceu, então chefe da Casa Civil.[35]

Dilma durante período no Ministério de Minas e Energia

Sua gestão no ministério foi marcada pelo respeito aos contratos da gestão anterior, pelos esforços em evitar um novo apagão e pela implantação de um modelo elétrico menos concentrado nas mãos do Estado, diferentemente do que queriam Luiz Pinguelli Rosa e Ildo Sauer. Quanto ao mercado livre de energia, Dilma não só o manteve como o ampliou. José Luiz Alquéres, presidente da Light, elogia o modelo implantado por Dilma, que está ajudando o segmento, criticando apenas a demora, que na sua visão é culpa da máquina governamental.[35] Convicta de que investimentos urgentes em geração de energia elétrica deveriam ser feitos para que o país não sofresse um apagão já em 2009, Dilma travou sério embate com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que defendia o embargo a várias obras, preocupada com o desequilíbrio ecológico que poderiam causar. José Dirceu, à época ministro-chefe da Casa Civil, teve que criar uma equipe de mediadores entre as ministras para tentar resolver as disputas.[38]

Amigo de Lula, Pinguelli foi nomeado presidente da Eletrobrás e protagonizou grandes divergências com a ministra, chegando a colocar o cargo à disposição. Ironizava as oscilações de humor de Dilma: "Essa moça formata o disquete a cada semana." Pinguelli por fim deixou o governo. Mauricio Tolmasquim, que na equipe de transição tinha uma visão do setor mais próxima a de Dilma, foi convidado por ela para ser o secretário-executivo do ministério. Declarou que à medida em que foram se conhecendo melhor, Dilma passou a gritar de vez em quando com ele: "É o jeito dela. Não é pessoal. E em cinco minutos fica tudo bem." Ildo Sauer também se desentendeu com a ministra, que rechaçara suas ideias sobre um modelo estatizante. Tendo assumido a direção de gás e energia da Petrobrás, divergiu, assim como o presidente da empresa, Sergio Gabrielli, várias vezes da ministra, sendo necessário até mesmo a intervenção de Lula. Sauer deixou a empresa em 2007. Outro que teve desentendimentos com a ministra sobre questões de energia foi o ex-deputado federal Luciano Zica. Para ele, "a Dilma é a pessoa mais democrática do mundo, desde que se concorde 100% com ela."[35]

Ao assumir o ministério, Dilma defendeu uma nova política industrial para o governo, fazendo com que as compras de plataformas pela Petrobrás tivessem um conteúdo nacional mínimo, que poderiam gerar 30 mil novos empregos no país. Argumentou que não era possível que uma obra de 1 bilhão de reais não fosse feita no Brasil.[39] As licitações para as plataformas P-51 e P-52 foram, então, as primeiras no país a exigirem um conteúdo nacional mínimo.[40] Houve críticas à exigência, sob o fundamento de que isso aumentaria os custos da Petrobrás.,[41] mas Dilma defendeu a capacidade do país de produzir navios e plataformas, afirmando que a nacionalização, que variava entre 15 e 18% passou a ser de mais de 60%.[42] Lula reconheceu que, visto apenas sob a ótica da empresa, o custo foi maior, mas não se deveria mirar apenas o custo imediato, mas o fortalecimento da ciência e tecnologia nacionais.[43] Em 2008, a indústria naval passou a empregar 40 mil pessoas, em comparação às 500 pessoas empregadas em meados da década de 1990, fato que seria decorrente da exigência de nacionalização,[43] levando a indústria naval à condição de sexta maior do mundo em 2009.[44]

Luz Para Todos

Dilma propôs acelerar as metas de universalização do acesso à energia elétrica, que tinha como prazo final 2015, propondo que 1,4 milhões de domicílios rurais fossem iluminados até 2006. Argumentou que a universalização era uma meta de inclusão social, devendo fazer parte de programas como o Fome Zero, não sendo possível supor que seja um programa que dê retorno financeiro[45] No governo anterior, havia sido lançado o programa "Luz no Campo", com o objetivo de incentivar o agronegócio e prevendo o custeio pelo beneficiário, sendo que o programa governamental propunha-se a financiar o custo. A meta daquele programa era atender um milhão de famílias, mas até o início de 2003 pouco mais da metade haviam sido atendidas.[46] Conforme Dilma, o programa anterior só obteve resultados nos estados onde os governos locais subsidiaram a população.[47] Defendeu, então, um programa altamente subsidiado pelo governo, que não deveria apenas financiar, mas custear a universalização.[48] O subsidio, por outro lado, deveria ser para o consumidor final, não para as empresas.[49]

O programa foi lançado em novembro de 2003, com o nome "Luz Para Todos",[50] concentrado em beneficiar regiões de baixo índice de desenvolvimento humano e famílias com renda até três salários mínimos.[46] A meta do programa era atender até 2008 dois milhões de famílias.[51] Em abril de 2008, o governo ampliou o programa, prevendo-o até 2010, para beneficiar outros 1,17 milhões de famílias.[52] Em outubro de 2008, Dilma reconheceu que o governo não conseguiria cumprir a meta a tempo, restando 100 mil famílias para serem atendidas em 2009.[53] A Região Nordeste concentrou 49% das ligações do programa, que representou, de janeiro de 2005 a maio de 2008, 37,8% de todas as novas ligações elétricas na região, fazendo com que o Nordeste pela primeira vez ultrapassasse a Região Sul no consumo de energia elétrica.[54]

Ministra-Chefe da Casa Civil

Como ministra de Minas e Energia, Dilma Roussef tinha o apoio de dois dos principais ministros do governo Lula: Antonio Palocci e José Dirceu. Quando Dirceu saiu do ministério devido ao escândalo do mensalão, ao invés de ficar enfraquecida, Lula surpreendeu escolhendo Dilma para a chefia da Casa Civil. Para Gilberto Carvalho, secretário particular do presidente, Dilma chamou a atenção de Lula pela coragem de encarar situações difíceis e pela capacidade técnica. Franklin Martins, outro guerrilheiro que virou ministro, afirmou que Lula teria ficado bem impressionado com a gestão de Dilma nas Minas e Energia, evitando outro apagão: "Lula percebeu que ela fazia as coisas andarem." Também evitaria a disputa entre Palocci e Dirceu para sucedê-lo, já que Dilma não tinha essa ambição, era nova no partido e, por não pertencer a nenhuma ala, transitava por todas. Dilma revelou a Gilberto Carvalho que a indicação para a Casa Civil foi uma surpresa muito maior do que quando fora indicada para a pasta de Minas e Energia.[35] De acordo com o senador Pedro Simon (PMDB-RS), desde que Dilma assumiu o ministério, "a seriedade está se impondo" na Casa Civil.[55]

O Consulado dos Estados Unidos em São Paulo encaminhou ao Departamento de Estado, logo após a posse de Dilma na Casa Civil, um dossiê traçando seu perfil detalhado, falando de seu passado como guerrilheira, gostos e hábitos pessoais e características profissionais, sendo descrita como técnica prestigiada e detalhista, com fama de workaholic e com grande capacidade de ouvir, mas com falta de tato político, dirigindo-se às vezes, conforme relatos de um assessor graduado, diretamente aos técnicos ao invés de seus superiores.[56][57]

Dossiê da Casa Civil

Em virtude do escândalo dos cartões corporativos, que eclodiu em janeiro de 2008, atingindo o governo federal e causando a demissão da ministra de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, a oposição entrou com um pedido para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigações mais aprofundadas.

Em 22 de março de 2008, uma reportagem publicada pela Revista Veja revelou que o Palácio do Planalto montou um dossiê que detalhava gastos da família de FHC. A matéria diz que os documentos estariam sendo usados para intimidar a oposição na CPI dos Cartões Corporativos. A Casa Civil negou a existência de tal dossiê, apresentando no espaço de 15 dias três versões diferentes sobre o assunto, todas depois desmentidas pela imprensa.[58] Em 28 de março, foi a vez do jornal Folha de S. Paulo publicar uma reportagem revelando que a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Alves Guerra, deu a ordem para a organização do dossiê. Em entrevista coletiva em 4 de abril, Dilma reconheceu a feitura do banco de dados, mas descartou a conotação política do mesmo. Disse que o vazamento de informações e papéis federais é crime e que uma comissão de inquérito interna iria apurar o fato. Em 7 de abril, a Polícia Federal (PF) decidiu investigar o caso.

As investigações da PF concluíram que o responsável pelo vazamento foi o funcionário da Casa Civil José Aparecido Nunes, subordinado de Erenice Guerra. Ele enviou passagens do dossiê para o assessor do senador Álvaro Dias, André Fernandes,[60] confirmando que o dossiê existiu.

Caso Varig

Em junho de 2008, a ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Denise Abreu afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, que a Casa Civil favoreceu a venda da VarigLog e da Varig ao fundo norte-americano Matlin Patterson e aos três sócios brasileiros.[61]

Abreu, que deixou o cargo em agosto de 2007, sob acusações feitas durante a CPI do Apagão Aéreo, relatou que a ministra Dilma Rousseff e a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, a pressionaram a tomar decisões favoráveis à venda da VarigLog e da Varig. Segundo ela, Dilma a desestimulou a pedir documentos que comprovassem a capacidade financeira dos três sócios (Marco Antônio Audi, Luís Eduardo Gallo e Marcos Haftel) para comprar a empresa, já que a lei proíbe estrangeiros de possuir mais de 20% do capital das companhias aéreas.[62]

Dilma negou as acusações e Denise Abreu não apresentou nenhum documento ou prova que sustentasse suas acusações.[63]

Dilma Rousseff é considerada a gerente do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). Lula também a chamou de "mãe" do PAC, designando-a responsável pelo programa em todo o país e informando que a população deve cobrar dela o andamento das obras.[64][65] Quanto ao ritmo das obras, Dilma alegou que o país não tem o elevado grau de eficiência da Suíça, mas tem conseguido acelerar os maiores projetos.[66]

Em abril de 2007, Dilma já era apontada como possível candidata à presidência da República.[67] No mês seguinte, Dilma afirmou que era simpática à ideia.[68] Em outubro do mesmo ano, jornais estrangeiros, como o argentino La Nación e o espanhol El País, já indicavam que ela era um nome forte à sucessão de Lula.[69][70] Lula passou a fazer uma superexposição de Dilma para testar seu potencial como candidata.[71] Em abril de 2008, a The Economist indicava que sua candidatura não parecia ainda viável, pois era pouco conhecida, ainda que fosse a ministra mais poderosa de Lula.[72]

Em dezembro de 2008, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que jamais conversara com Dilma Rousseff sobre sua possível candidatura para as eleições presidenciais de 2010, dizendo ter apenas insinuado. Para Lula, Dilma é a "pessoa mais gabaritada" para sucedê-lo.[73] Em outubro de 2009, Dilma e Lula foram acusados pela oposição de estarem fazendo propaganda eleitoral antes do prazo[74] durante visitas feitas pelo Presidente às obras de Transposição do Rio São Francisco. O episódio ganhou mais notoriedade quando o Presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, comentou o caso.[75]

Temperamento

"Sou uma mulher dura cercada por ministros meigos".[76]

Considerada dona de um temperamento explosivo, já destratou colegas de sua pasta e desagrada até aliados. Já destratou o ministro Paulo Bernardo na frente dos governadores tucanos José Serra e Aécio Neves. Teria feito chorar o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, depois de uma reprimenda via telefone. O secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional, Luiz Antonio Eira, teria pedido demissão devido a um desentendimento com ela, em que teria se sentido humilhado;[76][77] Dilma, porém, nega que o tenha destratado.[78]

As atitudes agressivas de Dilma, porém, garantem seu prestígio diante de Lula, que pondera que seu comportamento mais ajuda do que atrapalha: seu temperamento se convertia na eficiência para resolver problemas sem soluções, inclusive alguns vindos da gestão de José Dirceu.[76]

O vice-presidente da República, José Alencar, considera o temperamento da ministra "dedicado" e "sério", assim como "bravo". Para ele, o eleitor veria nesse temperamento qualidades "exepcionais" para o comando do país.[79]

Sobre seu temperamento, Dilma afirma: "O difícil não é meu temperamento, mas minha função". Eu tenho de resolver problemas e conflitos. Não tenho descanso. Não sou criticada porque sou dura, mas porque sou mulher. Sou uma mulher dura cercada por ministros meigos".[76]

Apesar de ter frequentado disciplinas do mestrado e concluído os créditos referentes ao doutorado na Unicamp, Dilma não obteve nenhum título na instituição.

O site oficial da Casa Civil informava erroneamente que Dilma era mestre em teoria econômica pela Unicamp e doutoranda em economia monetária e financeira pela mesma universidade. Na Plataforma Lattes, Dilma identificava-se como mestra, com título obtido em 1979, e doutoranda em ciências sociais aplicadas desde 1998. Conforme informações da Unicamp, Dilma nunca se matriculou no mestrado, tendo se matriculado no doutorado em 1998, curso abandonado em 2004, quando terminou o prazo para a integralização dos créditos. A assessoria de imprensa da Casa Civil reconheceu que informara errado a titulação da ministra, trocando primeiro para "cursou mestrado e doutorado pela Unicamp" e depois para "foi aluna de mestrado e doutorado em ciências econômicas pela Unicamp, onde concluiu os respectivos créditos". A assessoria de imprensa informa que Dilma foi aluna do curso de pós-graduação (nível mestrado) em ciências econômicas naquela instituição entre março de 1978 e julho de 1983, tendo cumprido os créditos exigidos, mas não defendendo a dissertação, pois assumiu a Secretaria Municipal da Fazenda de Porto Alegre. O doutorado também não teria sido concluído por ter assumido outro cargo político (ocupou a Secretaria de Minas, Energia e Comunicações do Rio Grande do Sul de 1999 a 2002 e em seguida foi nomeada Ministra de Minas e Energia).[77]

Vida pessoal

O primeiro marido de Rousseff foi o jornalista mineiro Cláudio Galeno de Magalhães Linhares, que levou Dilma, então com vinte anos de idade, para a militância política.

No fim da década de 1970, Dilma resolveu reconstruir sua vida no Rio Grande do Sul, rumando para Porto Alegre por causa do então companheiro, o ex-guerrilheiro e ex-deputado gaúcho Carlos Franklin Paixão de Araújo, com quem teve sua única filha, Paula. Preso em São Paulo, Araújo foi transferido para seu estado natal para completar a pena. Dilma deu aulas a presidiários para ver Araújo.[81]

Dilma declara gostar de História e interessar-se por ópera. No início dos anos 1990, matriculou-se no curso de teatro grego do dramaturgo Ivo Bender. A mitologia grega tornou-se uma obsessão para Dilma, que, influenciada por Penélope, resolveu aprender a bordar.[81]

Câncer

Em abril de 2009, Dilma revelou que estava se submetendo a um tratamento contra um linfoma, câncer no sistema linfático, que havia descoberto a partir de um nódulo na axila esquerda, em um exame de rotina, em fase inicial. O tratamento incluía sessões de quimioterapia. Tratava-se do tipo mais agressivo, mas as chances de cura eram de 90%.[82][83] Em meados de maio, foi internada no Hospital Sírio Libanês com fortes dores nas pernas, sendo diagnosticada uma miopatia, inflamação muscular decorrente do tratamento contra o câncer. No início de setembro do mesmo ano, revelou ter concluído tratamento de radioterapia, dizendo-se curada,[84][85] o que foi confirmado pelos médicos daquele hospital no final do mesmo mês.[86] Raspou o cabelo antes que ele começasse a cair, devido às sessões de quimioterapia, o que a fez usar peruca durante sete meses, até dezembro de 2009.[87][88]