segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Palíndromos da língua portuguesa

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Um palíndromo, como devem saber, é uma palavra ou um número que se lê da mesma maneira nos dois sentidos - normalmente, da esquerda para a direita ou ao contrário, da direita para a esquerda. Exemplos: OVO, OSSO, RADAR. O mesmo se aplica às frases, embora a coincidência seja tanto mais difícil de conseguir quanto maior a frase; é o caso do conhecido SOCORRAM-ME, SUBI NO ÓNIBUS EM MARROCOS, que foi o que sucedeu à nossa amiga Tajana. Perante o vosso interesse pelo assunto (confessem que foram todos ler a frase de trás para a frente, vá lá) tomámos a liberdade de seleccionar alguns dos melhores palíndromos da língua de Camões...

ANOTARAM A DATA DA MARATONA

ASSIM A AIA IA A MISSA

A DIVA EM ARGEL ALEGRA-ME A VIDA

A DROGA DA GORDA

A MALA NADA NA LAMA

A TORRE DA DERROTA

LUZA ROCELINA, A NAMORADA DO MANUEL, LEU NA MODA DA ROMANA: ANIL É COR AZUL

O CÉU SUECO

O GALO AMA O LAGO

O LOBO AMA O BOLO

O ROMANO ACATA AMORES A DAMAS AMADAS E ROMA ATACA O NAMORO

RIR, O BREVE VERBO RIR

SAIRAM O TIO E OITO MARIAS

ZÉ DE LIMA RUA LAURA MIL E DEZ

(artigo retirado do blog "blog.uncovering.org")

Um hotel com igloos

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Entre dezenas de opções de entretenimento, são justamente os igloos com tetos de vidro, que parecem pipocar no meio da neve, que chamam mais atenção. Pudera, imagine dormir em um ambiente bem quentinho, numa cama de luxo, sob a luz das estrelas, de uma Aurora Boreal, com flocos de neve caindo sobre um teto transparente?

São vinte destes incríveis "quartos" com visão panorâmica de quase 360º para o exterior (de fora para dentro não se enxerga), equipados com moderno sistema de aquecimento, casa de banhos e telefone. Além disso, o Kakslauttanen possui galeria de arte, capela onde são realizados diversos casamentos, o maior restaurante "submerso" em neve (com capacidade para 150 pessoas), uma tenda típica para festas (Kota) com 8 metros de altura, entre outras opções.

Além dos igloos, existem outras acomodações, igualmente luxuosas. Se você gostou da idéia, comece treinando o seu finlandês e aprenda a dizer: "Hyvää päivää", que tanto pode significar "Olá", como "Tenha um bom dia!".

 

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(Artigo retirado do blog  "blog.uncovering.org)

Poema de um dia

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Tipografia experimental foi o nome que Jiyeon Song deu ao seu trabalho, e na verdade podemos vê-lo assim, como uma exploração poética de mensagens escritas que interagem com o ambiente. O sistema concebido por Song é engenhoso. Ao serem atravessados pelos raios de sol, os painéis perfurados projectam pontos luminosos que formam palavras na sombra do chão. A variação da incidência solar consoante a hora do dia e a estação do ano dá origem a combinações poéticas inesperadas e transitórias. A Arte une o Homem e a Natureza.

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Se há uma virtude nesta obra é a de nos obrigar a tomar consciência da passagem do tempo. E fá-lo de uma maneira poética. Não é possível olhar para ela como para um quadro num museu, com o catálogo na mão. É necessário perder tempo, esperar. Então poderemos ver as palavras a surgirem, a percorrer o chão, a juntarem-se e a formar frases que logo mudam e adquirem novos sentidos conforme o sol roda.

Escondidos nos furos da madeira, pequenas frases de um poema sijo aguardam que a luz solar as revele. Os sijo são poemas tradicionais coreanos versando a Natureza e a vida humana. O escolhido e traduzido para inglês foi escrito por Kim Ch'on-taek no século XVIII. Fala sobre o carácter finito da vida humana: no solstício do Verão uma frase sobre a vida nova que surge; no do Inverno sobre o tempo que passa.

A lentidão das mensagens oferece-nos um momento de meditação nas nossas vidas agitadas, um momento de meditação sobre os valores da Vida.

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Pessoal,

isto é sacação

de que a vida é nada,

que o tempo é tudo

e que o tempo é vida...

Beijos

Ângela

(Artigo retirado do blog  "blog.uncovering.org"

Eles e elas

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Um homem guia velozmente o seu automóvel pela estrada afora. Em sentido contrário vem outro automóvel com uma mulher ao volante. Quando se cruzam a mulher baixa o vidro e grita:

- BURROOOOO!!!

Surpreendido, o homem ainda tem tempo de replicar a plenos pulmões:

- VACAAA!!!

Ambos continuam a sua marcha, cada qual em seu sentido. O homem ficou especialmente satisfeito com os seus reflexos ao conseguir responder tão rapidamente ao insulto. Mas, na primeira curva...

 

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Moral da história: os homens nunca entendem o que as mulheres querem dizer...

Estudar é...

Ir para a faculdade depois de um dia de trabalho...

Sonhar com aquela mesa de bar, com aquela cerveja gelada, com aquele papo com os amigos...

Esperar o fim de semana, depois outro fim de semana, depois outro fim de semana, e mais outro, e outro, e outro...

escrever, escrever, escrever, escrever, escrever, escrever, escrever, escrever, escrever, escrever, escrever, escrever...

E mais uma vez escrever, escrever, escrever, escrever, escrever, escrever...

Devorar uma estrada de livros...

Sentir “aquela” vontade de pegar uma praia ou uma piscina...

Mas estudar também é...

Rever os amigos...

Aprender com bons professores

Elaborar e apresentar bons trabalhos

Tomar vários cafezinhos na lanchonete da faculdade

Poder usar a biblioteca quando quiser

Passar em bons concursos

Conseguir bons salários

Realizar sonhos

Conquistar o mundo

...e agora vamos pesar,

Tudo de negativo

Tudo de positivo

Vai valer a pena

Feliz 2009

Aos treze valorosos companheiros que toda noite se reúnem naquela sala, em busca de sonhos...

Elaborado por Ângela Michelini, em homenagem

a 12 bravos lutadores e vários ótimos professores com os quais

tive a honra de conviver durante o

Ano de 2008.

A cor do nosso adeus

Hoje, eu vi o céu cinza, amor

e percebi que aquilo que poderia ter sido

não era mais.

Eu me esqueci de você,

e você se esqueceu de mim.

Nós nos esquecemos de nós,

e o mundo nos deixou para trás,

e foi buscar seu colorido,

em outro casal apaixonado.

Depois das 3...

Amo ficar em casa:

a casa calma.

Amo ficar em casa:

livros em perspectiva,

uma música suave no ar.

Amo ficar em casa à tua espera,

mesmo que seja vã,

mesmo que nem seja uma espera.

Amo ficar em casa comigo,

vendo-me

lendo-me.

Sentindo-me

como parte dos livros,

da música no ar...

Trabalho elaborado por Ângela sobre "Estrutura das palavras"

Observemos a estrutura das palavras:

Sol

dent-ista

in-quiet-o

cant-a-mos

cha-l-eira

A análise destes exemplos mostra-nos que as palavras são formadas de unidades ou elementos mórficos.

São os seguintes os elementos mórficos ou estruturais das palavras:

1. Raiz, Radical e Tema: elementos básicos e significativos;

2. Afixos (prefixos e sufixos), Desinência, Vogal Temática: elementos modificadores da significação dos primeiros;

3. Vogal de Ligação, Consoante de Ligação: elementos de ligação ou eufônicos.

Observação: Os elementos mórficos dos grupos 1 e 2 denominam-se morfemas

RAIZ

A raiz de uma palavra é o elemento originário e irredutível em que se concentra a significação das palavras, consideradas do ângulo histórico. Geralmente monossilábica, a raiz encerra sentido lato e geral, comum às palavras da mesma família etimológica.

Assim, a raiz “noc” [latim nocere = prejudicar] tem a significação geral de causar dano, e a ela se prendem pela origem comum, as palavras nocivo, inocente, inocentar, inócuo, Etc.

RADICAL

É o elemento básico e significativo das palavras, consideradas sob o aspecto gramatical e prático, dentro da língua portuguesa atual.

Acha-se o radical despojando-se a palavra de seus elementos secundários (quando houver):

Cert-o

Cert-eza Exempl-ar

In-cert-eza Permit-ir

Café-teira Ex-port-ação

A-jeit-ar In-obser-ância

Receb-er Des-conhec-ido

Educ-ar A-pedr-ejar

Ilus-ório

Perfum-e

TEMA

É o radical acrescido de uma vogal (chamada VOGAL TEMÁTICA).

Nos verbos, o tema se obtém destacando-se o –r do infinitivo.

Nos nomes o tema é mais evidente naqueles derivados de verbos:

CAÇA-dor

DEVE-dor

FINGI-mento

PERDOÁ-vel

FERVE-nte

AFIXOS

Os afixos são elementos secundários (geralmente sem vida autônoma) que se agregam a um radical ou tema para formar palavras derivadas. Chamam-se prefixos, quando antepostos ao radical ou tema e sufixos quando pospostos. Assim, nas palavras “inativo”, “empobrecer”, “internacional”,

“desanimador”, “imperdoável” e “predominante”, temos:

AFIXOS__________

_Prefixo radical sufixo_

In at ivo

Em pobr ecer Inter nacion al

Des anima dor

Im perdoá vel

Pre domina dor

DESINÊNCIAS

Desinências são os elementos terminais indicativos das flexões das palavras.

As desinências se dividem em desinências nominais e verbais.

As desinências nominais são aquelas que indicam as flexões de gênero (masculino e feminino) e de número (singular e plural) dos nomes.

Exemplo: menin-o menino-s

menin-a menina-s

As desinências verbais indicam as flexões de número e pessoa e de modo e tempo dos verbos.

Exemplos: am-o ama-s ama-mos ama-m

Ama-va ama-va-s ama-va

VOGAL TEMÁTICA

A vogal temática é o elemento que, acrescido ao radical, forma o tema de nomes e verbos.

Nos verbos, distinguem-se três vogais temáticas:

“A” que caracteriza os verbos da 1ª conjugação:

And-a-r

And-a-vas

“E” que caracteriza os verbos da 2 ª conjugação:

Bat-e-r

Bat-e-mos

“I” que caracteriza os verbos da 3ª conjugação:

Part-i-r

Part-i-rá

Vamos analisar os elementos constituintes de duas palavras:

1ª – medicar – (tratar com medicamentos)

. medic–a–r

Medic – morfema lexical ou lexema ou radical

r – morfema gramatical ou gramema que, em português, indica o infinitivo de verbos; todos os verbos terminam com “r” no infinitivo.

O morfema gramatical que indica o infinitivo (-r) não pôde se juntar diretamente ao radical, pois em português não é prevista a terminação “cr” (mecicr). Para juntar os dois componentes, torna-se necessária uma vogal.

Medic + a +r

A vogal “a”, neste exemplo, é uma vogal temática: indica que o verbo medicar pertence à primeira conjugação. Assim, todos os verbos da primeira conjugação encontram-se marcados pela presença da vogal temática “-a”:

Fal- a- r Danç – a – r Rod – a – r

Roub – a – r consol – a - r

2ª – raízes

Raiz – radical ou morfema lexical ou lexema

s – morfema gramatical ou gramema que indica plural.

Como o –s não sepode ligar diretamente à terminação –z, uma vez que na língua não se prevê a forma “raizs”, surge uma vogal temática (-e) unindo o morfema lexical e o morfema gramatical de plural.

Logo: raiz + e + s = Raízes

í ê î

Radical vogal morfema de plural

temática

Vogal temática é aquela que se junta ao radical de uma palavra, para permitir que a ele se acrescentem elementos que indicam noções gramaticais como plural,. Gênero, tempo, modo, etc.

A vogal temática aparece:

a. Em nomes (substantivos e adjetivos).

A vogal temática aparece em substantivos e adjetivos terminados em “a”, “e” e “o” átonos:

Rosa

Dente

Contente

Fruto, etc.

Já os nomes (substantivos e adjetivos) terminados em vogal tônica não apresentam vogal temática:

Urubu

Dendê

Vovô

b. Em verbos, a vogal temática indica a conjugação a que pertence o verbo

A – vogal temática da primeira conjugação

Exemplos: falar, cantar, rodar;

E – vogal temática da segunda conjugação

Exemplos: comer, beber, adormecer

I – Vogal temática da terceira conjugação

Exemplos: partir, construir, desistir

Trabalho elaborado por Ângela sobre "Substantivo"

É a palavra variável que nomeia os seres em geral – reais ou imaginários, concretos ou abstratos. Neste caso, são substantivos os nomes de lugares, de pessoas, de coisas, de grupos, de instituições, de ações, de sentimentos ou sensações, etc.

O substantivo na poesia “Onda”

O poema “Onda” de Guilherme de Almeida é construído através do uso de muitos substantivos.

Na coluna da esquerda do poema, encontramos os seguintes substantivos: onda, pluma, lenda, frase, riso, ninho, mistério.

Na coluna da direita, encontramos os seguintes substantivos: trapo, farrapo, lenço, estrelas, gesto, pouco, bondade, mar, água, vida.

Qualquer classe gramatical antecedida por artigo, pronome demonstrativo, pronome indefinido ou pronome possessivo assume um estado de substantivo.

Exemplos:

O amar

Um amanhã

Nosso sentir

Um não-sei-quê

O sim

O não

Algum talvez

Este falar

Um abrir-se

O querer

Aquele claro-escuro

Nenhum amor

O substantivo pode ser definido por critérios semânticos, sintáticos e morfológicos.

Semanticamente falando, o substantivo é definido como a palavra com que designamos os seres.

A definição semântica do substantivo é a mais encontrada nas gramáticas normativas, embora estas gramáticas utilizem também os critérios morfológicos e sintáticos.

Exemplos de substantivos quanto a definição semântica:

- Homem

-Lisboa

- casa

-Senado, etc.

Morfologicamente falando, o substantivo é definido como uma palavra que apresenta as categorias de gênero e número, com as flexões correspondentes.

Exemplos de substantivos quanto a definição morfológica:

Menin(o)

Menin(a)

menin(os)

Menin(as)

Sintaticamente falando, o substantivo é definido como a palavra que pode exercer a função de núcleo do sujeito, do objeto e do agente da passiva.

Também é definido como a palavra que ocupa a posição de núcleo frente a determinantes, como artigos, pronomes demonstrativos e pronomes possessivos ou modificadores, tais como adjetivos e sintagmas preposicionados.

Exemplos de substantivos quanto a definição sintática:

O menino é feliz

Não recebo dinheiro nenhum

Esta carta foi escrita por um marinheiro americano

O sapato

Este sapato

Meu sapato

Sapato bonito

Sapato de Pedro

Classificação dos substantivos

Os substantivos se classificam em:

a) Comuns:

nomeiam grupos da mesma espécie.

b) Próprios

Nomeiam seres particulares de uma determinada espécie.

c) Abstratos

nomeiam estados, qualidades, sentimentos ou ações cuja existência depende de outros seres.

d) Concretos

Nomeiam seres cuja existência é própria, independente de outros.

Na tirinha do Calvin e Haroldo, encontramos o substantivo “morte” e o substantivo “nascimento”, ambos abstratos.

Substantivos concretos

Na tirinha do Calvin e Haroldo acima, encontramos vários substantivos concretos, como por exemplo foto, olhos e Haroldo

Quanto à formação,o substantivo pode ser:

A)Primitivo

B)Derivado

C)Simples

D)Composto

a) Primitivos

São os nomes que não derivam de outros nomes.

b) Derivados

São os nomes formados a partir de outros nomes.

Substantivos Primitivos

Na capa da revista ao lado, encontramos vários exemplos de substantivos primitivos.

Os substantivos primitivos são: mundo, cidade, berço, democracia, Ocidente, História e verdade.

Exemplos de substantivos derivados:

“O poeta é um fingidor

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor /

A dor que deveras sente”

(Autopsicografia, de Fernando Pessoa)

Na tirinha do Calvin e Haroldo acima, são usados vários substantivos primitivos, tais como Rússia, censura, opressão, América, liberdade, oportunidade, verdade, Calvin e feijão.

C ) Simples

São os nomes que apresentam apenas um elemento formador, um radical.

D ) Composto

São os nomes formados por dois ou mais elementos.

Exemplos de substantivos simples:

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo

Perdeste o senso!” Eu vos direi, no entanto,

Que, para ouvi-las, muita vez desperto

E abro as janelas, pálido de espanto...”

(Via Láctea, de Olavo Bilac)

Substantivo simples e composto

Na capa do livro de Ishmael Beah encontramos três substantivos.

Os substantivos simples são “casa” e “memórias”.

O substantivo composto é “menino - soldado”.

Exemplos de substantivos compostos:

“Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,

o burguês-burguês

A digestão bem feita de São Paulo!

O homem-curva! O homem-nádegas!

O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,

é sempre cauteloso pouco-a-pouco!”

(Ode ao burguês, de Mário de Andrade)

i)Coletivos

São os nomes comuns que servem para designar conjuntos de seres de igual espécie.

Exemplos de substantivos coletivos

Acabou-se a história e morreu a vitória (...)

“A tribo se acabara, a família virara sombras, a maloca ruíra minada pelas saúvas e Macunaíma subira pro céu, porém ficara o aruaí do séquito daqueles tempos de dantes em que o herói fora o grande Macunaíma imperador. E só o papagaio no silêncio do Uraricoera preservava do esquecimento os casos e a fala desaparecida. Só o papagaio conservava no silêncio as frases e os feitos do herói.”

(Macunaíma, de Mário de Andrade)

Flexões do substantivo

Os substantivos podem variar em Número, Gênero e Grau.

Número – singular e plural

Gênero – masculino e feminino

Grau – Aumentativo e diminutivo

Número

É uma categoria gramatical inerente primariamente ao substantivo, que se refere aos objetos substantivos considerando-os na sua unidade da classe a que pertencem (é o número singular) ou no seu conjunto de dois ou mais objetos da mesma classe (é o número plural).

Exemplos de substantivos no singular e no plural

Singular

Roupa

Cabeleireiro

Espelho

Pedra

Plural

Cartas

Amigas

Músicas

perguntas

Gênero

A nossa língua conhece dois gêneros, o masculino e o feminino.

São masculinos os nomes a que se pode antepor o artigo “o”.

São femininos os nomes a que se pode antepor o artigo ”a”.

Exemplos de substantivos femininos

Mãe

Professora

Astronauta

Milionária

solteira

Grau

Um substantivo pode apresentar-se:

a)Com a sua significação normal: chapéu, boca;

b)Com a sua significação exagerada, ou intensificada disforme ou desprezívelmente (grau aumentativo) chapelão, bocarra, chapéu grande, boca enorme;

c)Com sua significação atenuada, ou valorizada afetivamente (grau diminutivo): chapeuzinho, boquinha, chapéu pequeno, boca minúscula.

Exemplo do uso do substantivo no grau diminutivo: fazendinha e arvorezinha

Bibliografia

FARACO & MOURA. Gramática Escolar. São Paulo, Editora Ática, 2004.

PASCHOALIN, Maria Aparecida. Gramática: teoria e exercícios. São Paulo, Editora FTD, 1989.

CUNHA, Celso. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Rio de Janeiro, Lexicon Editora Digital, 2007.

CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Gramática do texto. Texto da Gramática. São Paulo, Editora Saraiva, 1999.

Fim

Definindo poeta (Ângela)

 

O que é um poeta?

sentimento puro?

mestre das palavras?

           ou

simplesmente

um decodificador?

O que é um poeta?

é um puro?

são palavras?

ou um observador?

O que é um poeta?

Poesia de Luís Fernando Veríssimo

Móveis

Escreveu o poeta para seu amor inconfessado:

Eu queria, senhora, ser o seu armário

e guardar seus tesouros

como um corsário.

Que coisa louca:

ser seu guarda-roupa!

Alguma coisa sólida, circunspecta e pesada

nessa sua vida tão estabanada.

Um amigo de lei (de que madeira eu não sei).

Um sentinela do seu leito – com todo o respeito.

Ah, ter gavetinhas

para suas argolinhas.

Ter um vão

para o seu camisolão

e sentir o seu cheiro, senhora,

o dia inteiro.

Meus nichos

como bichos

engoliriam suas meias-calças,

seus soutiens sem alças.

E tirariam nacos

dos seus casacos.

Ah, ter no colo, como gatos,

os seus sapatos.

E no meu chão, como trufas,

suas pantufas...

Suas echarpes, seus jeans,

Seus longos e afins.

Seus trastes e contrastes.

Aquele vestido com asa

e aquele de andar em casa.

Um turbante antigo

Um pulôver amigo.

Bonecas de pano.

Um brinco cigano.

Um chapéu de aba larga.

Um isqueiro sem carga.

Sueters de lã

E um estranho astracã.

Ah, vê-la se vendo

No meu espelho, correndo.

Puxando, sem dores,

os meus puxadores.

Mexendo com o meu interior

- à procura de um pregador.

Desarrumando o meu ser...

Por um prêt-à-porter...

Ser o seu segredo, senhora,.

e o seu medo.

E sufocar, com agravantes,

todos os seus amantes.

Gregório de Mattos e Guerra

(1633-1695)
Nasceu na Bahia e, após estudos no colégio dos Jesuítas, foi para Portugal, aonde se formou em Direito pela Universidade de Coimbra. Começou logo a produzir suas sátiras, cujo caráter irreverente provocou sua expulsão de Lisboa.

Voltou para o Brasil, onde se envolveu em muitas aventuras, sempre em polêmica com o poder ou os poderosos.
Morreu em Recife e foi enterrado na Capela do Hospício de Nossa Senhora da Penha. Demolida a capela, não restou nenhum vestígio de Gregório de Matos.
Escreveu poesia lírica, satírica e religiosa.

Poeta do Barroco - O boca do inferno - genial canalha - fazia críticas mordazes aos políticos da Bahia do século XVI. Linguagem histórica, com expressões chulas (vulgares), uma referência à sátira mordaz do poeta Gregório de Matos Guerra

Uma das principais referências do barroco brasileiro é Gregório de Matos Guerra, poeta baiano que cultivou com a mesma beleza tanto o estilo cultista quanto o conceptista.

Na poesia lírica e religiosa, Gregório de Matos deixa claro certo idealismo renascentista, colocado ao lado do conflito (como de hábito na época) entre o pecado e o perdão, buscando a pureza da fé, mas tendo ao mesmo tempo necessidade de viver a vida mundana. Contradição que o situava com perfeição na escola barroca do Brasil. É patente do movimento nativista quando ele separa o que é brasileiro do que é exploração lusitana.

CULTISMO

– A poesia sacra de Gregório de Matos às vezes é simples pretexto para exercício do cultismo. Veja o jogo de palavras no poema a seguir.

O todo sem parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo todo
Em todo sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda parte,
Em qualquer parte sempre fica todo.
O braço de Jesus não seja parte,
Pois que feito Jesus em partes todo,
Assiste cada parte em sua parte.
Não se sabendo parte deste todo,
Um braço que lhe acharam
Nos disse as partes todas deste

CONCEPTISMO

Assim como o nome lembra (concepção = idéia, conceito), enfatiza, sendo parte, o plano das idéias do texto, e procura ressaltá-las, evidenciando-as e as tornando-as mais claras possíveis. O cultismo, por sua vez, é o culto da forma.

POESIA LIRICA

Anjo de nome Angélica

Anjo no nome, Angélica na cara,
Isso é ser flor e Anjo juntamente,
Ser Angélica flor e Anjo florente,
Em quem, senão em vós se uniformara?

Quem veria uma flor, que a não cortara
De verde pé, de rama florescente?
E quem um Anjo vira tão luzente,
Que por seu Deus, o não idolatrara?

Se como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu custódio, e minha guarda
Livrara eu de diabólicos azares.

Mas vejo, que tão bela, e tão galharda,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda."

Como resultado, o Barroco expressa um homem angustiado, dividido entre a efemeridade do mundo material e a incerteza do mundo espiritual. É isso o que presenciamos na poesia lírica de Camões, e o que intuímos ao ler o soneto de Gregório, acima.

"Anjo no nome, Angélica na cara", faz parte da poesia lírico-amorosa de Gregório. Nele, o que anteriormente intuímos, agora torna-se evidente. Uma dicotomia barroca percorre todo o poema.

No primeiro verso, encontramos as duas primeiras metáforas do poema: "Anjo" e "Angélica". É importante perceber o trocadilho feito pelo poeta. O nome da moça a quem ele dedica o poema é Ângela, que vem do Latim, angelus, ou seja "anjo". Angélica é um diminutivo de Ângela, sendo também o nome de uma flor que remete à sensualidade. Logo, percebemos a aproximação de idéias antitéticas: "anjo" (pureza/espírito) x "Angélica/flor" (sensualidade/matéria). Nos três versos seguintes, o eu lírico reafirma a união dos opostos em uma só mulher ( "Isso é ser flor e anjo juntamente, / Ser Angélica flor e anjo florente" ).

Símbolos, como lua e flor, representam a dualidade feminina na cultura ocidental. E é a flor um dos símbolos corriqueiros no Barroco. Planta encantadora, dotada de cores variadas, das mais diferentes espécies, perfumes luxuriantes, a representação da beleza. Mas, eis que ela nos reserva um outro lado: a sua fragilidade, a sua fugacidade, e, muitas vezes, espinhos. É a Flor Barroca o grande símbolo da dualidade e efemeridade da vida.

Na segunda estrofe, o eu lírico reafirma a sensualidade da flor/anjo e afirma a inevitabilidade de entregar-se a ela ("Quem veria uma flor, que a não cortara / De verde pé, de rama florescente? / E quem um Anjo vira tão luzente, / Que por Deus, o não idolatrara?" ). As duas últimas estrofes opõem-se, respectivamente, quanto ao sentido. Primeiramente, na terceira estrofe, o eu lírico afirma que é guardado pelo Anjo ( "Se como Anjo sois dos meus altares, / Fôreis o meu custódio, e minha guarda, / Livrara eu de diabólicos azares" ). Logo depois, na quarta e última estrofe, o eu lírico afirma que o Anjo o tenta e não o guarda ( "Mas vejo, que tão bela, e tão galharda, / Posto que Anjos nunca dão pesares, / Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda." ). Percebemos, aqui, a aproximação do sagrado e do profano.

O poema apresenta um impasse camoniano típico: o duelo entre desejo e neoplatonismo, a espiritualizarão do amor. O amor, assim como a pessoa amada, é explicado nas oposições corpo x alma, matéria x espírito, desejo x castidade, bem x mal.

Em si mesma, a Flor Barroca unifica os pares de pólos opostos, e dá a luz a um terceiro sentido. A Flor Barroca é tridimensional. Por isso ela é moderna, pois revela todos os ângulos do homem.

POESIA SATÍRICA

JUÍZO ANATÔMICO DA BAHIA (37)

Que falta nesta cidade?.................Verdade

Que mais por sua desonra?..........Honra

Falta mais que se lhe ponha?.........Vergonha.

O demo a viver se exponha,

Por mais que a fama a exalta,

numa cidade, onde falta

Verdade, Honra, vergonha.

Quem a pôs neste socrócio?..........Negócio

Quem causa tal perdição?............Ambição

E o maior desta loucura?...............Usura.

Notável desventura

de um povo néscio, e sandeu,

que não sabe, que o perdeu

Negócio, Ambição, Usura.

Quais são seus doces objetos?..........Pretos

Tem outros bens mais maciços?.........Mestiços

Quais destes lhe são mais gratos.........Mulatos.

Dou ao demo os insensatos,

Dou ao demo a gente asnal,

Que estima por cabedal

Pretos, Mestiços Mulatos.

Quem faz os círios mesquinhos?...........Meirinhos

Quem faz as farinhas tardas?.............Guardas

Quem as tem nos aposentos?..............Sargento.

Os círios lá vêm aos centos,

E a terra fica esfaimando,

Porque os vão atravessando

Meirinhos, Guardas, sargentos.

O que justiça a resguarda?............. Bastarda

É grátis distribuída?................Vendida

Que tem que a todos assusta?........Injusta.

Valha-nos Deus, o que custa

Que El-Rei nos dá de graça,

Que anda a justiça na praça

Bastarda, Vendida, Injusta.

Que vai pela cleresia?..............Simonia

E pelos membros da Igreja?.......Inveja

Cuidei que mais lhe punha?.........Unha.

Sazonada caramunha

Enfim, que na Santa Sé

Que mais se pratica é

Simonia, Inveja, Unha.

E nos Frades há manqueiras?...........Freiras

Em que ocupam os serões?.............Sermões

Não se ocupam em disputas?..........Putas.

Com palavras dissolutas

Me concluis, na verdade,

Que as lidas todas de um Frade

São freiras, sermões e putas.

O açúcar já se acabou?..........Baixou

O dinheiro se estinguiu?..........Subiu

Logo já convalesceu?...............Morreu.

A Bahia aconteceu

O que a um doente acontece,

Cai na cama, o mal lhe cresce,

Baixou, subiu e morreu.

A câmara não acode?..............Não pode

Pois não tem todo o poder?......Não quer

Que o governo a convence?........Não vence.

Quem haverá que tal pense,

Que uma Câmara tão nobre,

Por ver-se mísera e pobre,

Não pode, não quer, não vence.

Análise de fragmentos do poema

Quem a pôs neste socrócio? -Negócio.
Quem causa tal perdição? -Ambição.
E o maior desta loucura? -Usura.
Notável desventura
De um povo néscio e sandeu,
Que não sabe que o perdeu
Negócio, ambição, usura.


Quais são seus doces objetos? -Pretos.
Tem outros bens mais maciços? -Mestiços.
Quais destes lhes são mais gratos? -Mulatos.
Dou ao demo os insensatos,
Dou ao demo a gente asnal,
Que estima por cabedal
Pretos, mestiços, mulatos.
...

Nos poemas atribuídos a Gregório de Mattos, os negros e índios são descritos como indignos, subumanos, irracionais. A desqualificação de um índio ou mulato pode aparecer como tema principal, mas com muita freqüência é usada atribuída a outra como forma de insulto; referidas a pessoas brancas, sensibilizam a falta de virtudes fidalgas.

E nos Frades há manqueiras? –

Freiras.
Em que ocupam os serões?

-Sermões.
Não se ocupam em disputas?

- Putas.

Com palavras dissolutas
Me concluís, na verdade,
Que as lidas todas de um Frade
São freiras, sermões, e

putas.

Apesar de surpreender a audácia com que Gregório de Mattos interpretava a “simbologia” sagrada do catolicismo e a figura de Jesus, é passível de aceitação considerando-se que o poeta teve sua religiosidade construída numa base mais “popular”, traço presente na tradição da cultura medieval portuguesa (a qual ele esteve sujeito durante sua formação), que admitia o uso corriqueiro de elementos obscenos, grosseiros, inversão de textos e ensinamentos sagrados. A poesia gregoriana recorre ao jogo entre o sagrado e o profano num processo de “dessacralização” e popularização, o que se verifica pelo uso que faz, repetidas vezes, da rima Jesu/cu:

DEFINE SUA CIDADE (94)

De dous ff se compõe

Esta cidade a meu ver

Um furtar, outro foder.

Recopilou-se o direito,

E quem o recopilou

Com dous ff o explicou

Por estar feito, e bem feito:

Por bem Digesto e Colheito

Só com dous ff o expõe

No trato, que aqui se encerra,

Há de dizer que esta terra

De dous ff se compõe.

Se de dous ff composta

Está a nossa Bahia,

Errada a ortografia

A grande dano está posta:

Eu quero fazer a aposta,

E quero um tostão perder,

Que isso a há de preverter,

Se o furtar e o foder bem

Não são os ff que tem

Esta cidade a meu ver.

Provo a conjetura já

Prontamente como um brinco:

Bahia tem letras cinco

Que são B A H I A

Logo ninguém me dirá

Que dous ff chega a ter,

Pois nem um contém sequer,

Salvo se em boa verdade

São os ff da cidade

Um furtar outro foder.

O auto da barca do inferno - Gil Vicente

Gil Vicente, nascido próximo ao ano de 1470, é considerado o pai do teatro português. Sua obra, fundamentada no legado da cultura medieval, usa o medidor popular em jogos de moralidade e farsa. Além disso, Gil é dono do espírito renascentista da prática da crítica e da denúncia às irregularidades institucionais e aos vícios sociais. Sua genialidade é comparada a grandes mestres da literatura ocidental, como Camões e Shakespeare.

No Auto da Barca do Inferno, é clara a intenção de Gil Vicente em expor de forma satírica e despojada os grandes vícios humanos. A forma encontrada para isso reside nos personagens, ou melhor, nas almas que se apresentam no porto em busca do transporte para o outro lado, dentro da visão católica e platônica de céu e inferno.

O Auto da Barca do Inferno é um auto de moralidade, e começa com a presença no palco de duas embarcações, uma guiada por um Anjo e outra guiada pelo Diabo.

Os personagens desfilam pelo palco em episódios paralelos, nos quais cada um deles analisa seus atos em vida e reconhecem e aceitam seu destino, seja ele o céu ou o inferno.

Os passageiros que se apresentam para a jornada final são um Fidalgo, um Onzeneiro, Joane, o Parvo, um Sapateiro, um Frade com sua bela Florença, uma Alcoviteira, um Judeu, um Corregedor, um Procurador, um Enforcado e Quatro Cavaleiros.

O encontro de cada personagem se dá primeiramente com o Diabo, mas todos, quando são informados do destino daquela embarcação procuram uma solução para não ter que enfrentar tal destino.

Vão então ao encontro do Anjo, que os confrontam com seus atos em vida e, na maioria das vezes, os mandam de volta ao Diabo, com exceção de Joanes, o Parvo e os Quatro Cavaleiros.

A contemporaneidade da obra de Gil Vicente: quando o passado apresenta o presente.

Gil Vicente foi considerado um autor de transição entre a Idade Média e o Renascimento. As estruturas de suas peças e muitos dos temas tratados foram desenvolvidos a partir do teatro medieval, defendendo por exemplo valores religiosos.

No entanto, alguns apontam já para uma concepção humanista, assumindo posições críticas.

A dimensão e a riqueza das obras de Gil Vicente constituem um retrato vivo da sociedade portuguesa nas primeiras décadas do século XVI, onde estão presentes todas as classes sociais, com os seus traços específicos, seus vícios, suas preocupações.

Ao ler a obra de Gil Vicente, não podemos deixar de comparar alguns fatos que presenciamos em nossos dias, ou seja, em nossa realidade, e o retrato da sociedade portuguesa pintado pelo autor na referida obra.

Em nossos pensamentos, o que se reveste de mais singularidade, é imaginar que se os personagens que vão ao encontro do Anjo e do Diabo fossem personagens que compartilham nosso cotidiano através dos jornais, das revistas ou até mesmo convivendo no aconchego de nossas casas através da telinha da televisão, afinal, seriam julgados dignos de prosseguir na barca celestial para a última morada de paz e amor ou teriam por companheiro o Diabo e seu ajudante por todo o sempre.

Aceitando que O Auto da Barca do Inferno é um retrato da sociedade portuguesa do século XV – XVI, e fazendo uma análise comparativa entre o passado deles e o nosso de agora, perguntamo-nos: será que evoluímos de alguma maneira, será que nos tornamos mais civilizados e humanos, ou ainda incorremos nos mesmos erros descritos por Gil Vicente.

Será que em nossa última viagem, abarrotaremos a barca do Diabo ou viajaremos na tranqüila companhia do Anjo do Senhor

ESPAM - Escola Superior Professor Paulo Martins

Literatura Portuguesa I

Letras

3º Semestre

Noturno

Luciana e Ângela

F I M

A aula

 

Letra indecifrável

quadro caótico

emoção

estranhas palavras

som dos séculos

ar condicionado

ouvidos atentos

gargantas caladas

passos apressados

passos perdidos

escuridão.

E lá na frente vai o saber...

Definindo "leituras"

Quando leio,

viajo

vou a universos inimagináveis.

Vôo longe,

nas asas da literatura...

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Construtivismo

Trabalho elaborado por Luciana, Ângela e Vanusa.

Introdução

Tão antigo quanto a filosofia, o pensamento pedagógico se desdobra em várias correntes, mas suas raízes estão fincadas na Grécia Antiga.

A evolução do pensamento pedagógico

O quadro de afiliações filosóficas que consta do primeiro slide desta apresentação e encontra-se colado na parede desta sala, foi elaborado pelo professor aposentado de filosofia Carlos Roberto Jamil Cury, da PUC de São Paulo.

Trata-se de um modo de exposição que possibilita apreender a história do pensamento pedagógico como um todo.

Nele você poderá relacionar simplificadamente os principais pensadores da educação com as épocas históricas em que viveram.

Vale ressaltar que nele você encontrará não só os grandes nomes da pedagogia, mas também alguns dos principais filósofos da história, mais conhecidos em outras áreas do conhecimento (caso de Immanuel Kant e Karl Marx, por exemplo).

A tendência Idealista.

O princípio da revelação da verdade e a subordinação do pensamento filosófico ao ensinamento religioso cristão foram as bases da doutrina teológico-filosófica da Idade Média (doutrina escolástica) que dominou toda esta época, abarcando sucessivas e bem diversas correntes. Seu grande precursor foi Santo Agostinho(354 – 430).

Num período de colapso do Império Romano, invasões bárbaras e estilhaçamento das culturas, o “agostinismo”, que tinha a Bíblia como cartilha, manteve viva uma educação que não podia prescindir de certo grau de alfabetização, lógica e retórica (conjunto de regras relativas à eloquência), embora restrita a nobres e religiosos, e mesmo assim nem todos.

A tendência Realista

A tendência Realista teve como base as idéias de Aristóteles sobre a educação. Esta corrente pedagógica permaneceu durante mais de oito séculos ignorada pela Europa Cristã.

A obra Aristotélica só voltaria à tona no fim da Idade Média, com a invasão dos mouros – que a haviam preservado - e o ressurgimento das cidades que trouxe com elas uma burguesia ligada ao comércio, pouco identificada com a resignação espiritualizada.

Afinado com a nova ordem, São Tomás de Aquino (1224/5 – 1274) revolucionou o pensamento escolástico (pensamento teológico-filosófico da Idade Média) ao adaptar o aristotelismo à doutrina religiosa. O “tomismo” (escola de pensamento de São Tomás) inaugura o racionalismo cristão, segundo o qual a fé pode ser respaldada no raciocínio.

—Construtivismo

Psicologia Desenvolvimentista

Evolucionismo

Liberalismo

Positivismo

Materialismo

Empirismo

Humanismo

Tomismo

Principais expoentes da Tendência Idealista

Platão (427 0 347 a.C.) o filósofo grego previu um sistema de ensino que mobilizava toda a sociedade para formar sábios e encontrar a virtude,

Santo Agostinho (354 – 430) sábio cristão, afirmava que o homem só tem acesso ao conhecimento quando iluminado por Deus,

Martinho Lutero ( 1483 – 1546) fundador do protestantismo, foi também um, dos responsáveis por formular o sistema de ensino público que serviu de modelo para a escola no Ocidente,

Jean Jacques Rousseau (1712 – 1778) em sua obra sobre educação, postula o retorno à natureza e o respeito ao desenvolvimento físico e cognitivo da criança,

Friedrich Froebel (1782 – 1852 ) criador dos jardins-de-infância, defendia um ensino sem obrigações porque o aprendizado depende dos interesses de cada um e se faz por meio da prática,

John Dewey (1859 – 1952) filósofo norte-americano, defendia a democracia e a liberdade de pensamento como instrumentos para a maturação emocional e intelectual das crianças,

Anísio Teixeira ( 1900 – 1971) defendeu a experiência do aluno como base do aprendizado e propôs medidas para democratizar o ensino brasileiro.

Principais expoentes da Tendência Realista

Aristóteles: ( 384 – 322 a.C.) enfatizou a experiência prática, o coletivo, o objeto e a inteligência,

São Tomás de Aquino: (1224/5 – 1274) defendeu o uso da razão na busca da elevação moral e na conquista da felicidade,

Erasmo de Roterdã (1469 – 1536) valorizou sobretudo a capacidade do ser humano de moldar a si mesmo por meio da leitura e da liberdade de conhecer,

John Locke (1632 – 1704) rompeu com dogmas e tradições, postulava que melhor seria contar apenas com o que pode ser aprendido no dia-a-dia,

Auguste Comte (1798 – 1857) pai do positivismo, acreditava que era possível planejar o desenvolvimento da sociedade e do indivíduo com critérios das ciências exatas e biológicas,

Karl Marx (1818 – 1883) pensador alemão que investigou a mecânica do capitalismo, previu que o sistema seria superado pela emancipação dos trabalhadores.

Lev Vigotsky (1896 – 1934) ressalta o papel da escola no desenvolvimento mental das crianças,

Jean Piaget ( 1896 – 1980) revolucionou o modo de encarar a educação de crianças ao mostrar que elas não pensam como os adultos e constroem o próprio aprendizado.

Por trás do trabalho de cada professor, em qualquer sala de aula do mundo, estão séculos de reflexões sobre o ofício de educar.

Mesmo os profissionais de ensino que não conhecem a obra de Aristóteles, Rousseau ou Durkheim trabalham sob a influência desses pensadores, na forma como esta foi incorporada à prática pedagógica, à organização do sistema escolar, ao conteúdo dos livros didáticos e ao currículo de formação dos professores.

O que é  Construtivismo?

Construtivismo não é apenas o termo pelo qual é conhecida a linha pedagógica que mais vem ganhando adeptos entre os professores de ensino fundamental. Possui outro significado, mais antigo e mais amplo, que ultrapassa as fronteiras do universo escolar. É, sobretudo, o nome de uma das três grandes correntes teóricas empenhadas em explicar como a inteligência humana se desenvolve. As outras duas são o empirismo e o racionalismo.

A partir da metade do século XX, no Brasil, surgem novas teorias nas áreas da psicologia educacional. Piaget e Vigotsky, pais da psicologia cognitiva contemporânea, propõem que o conhecimento é construído em ambientes naturais de interação social, estruturados culturalmente. Cada aluno constrói seu próprio aprendizado num processo de dentro para fora baseado em experiências de fundo psicológico. Os teóricos desta abordagem procuram explicar o comportamento humano em uma perspectiva em que sujeito e objeto interagem em um processo que resulta na construção e reconstrução de estruturas relativas ao conhecimento(cognitivas).

Vygotsky

O psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky foi um pensador complexo e tocou em muitos pontos nevrálgicos da pedagogia contemporânea.

A sua obra ressalta o papel da escola no desenvolvimento mental das crianças e é uma das mais estudadas pela pedagogia contemporânea.

A parte mais conhecida da obra de Vygotsky converge para o tema da criação da cultura.Vygotsky atribuía um papel preponderante às relações sociais nesse processo, tanto que a corrente pedagógica que se originou de seu pensamento é chamada de socioconstrutivismo ou sociointeracionismo.

Os estudos de Vygotsky sobre o aprendizado decorrem da compreensão do homem como um ser que se forma em contato com a sociedade. “Na ausência do outro, o homem não se constrói homem”, escreveu o psicólogo. Ele rejeitava tanto as teorias inatistas, segundo as quais o ser humano já carrega ao nascer as características que desenvolverá ao longo da vida, quanto as empiristas e comportamentais, que vêem o ser humano como um produto dos estímulos externos. Para Vygotsky, a formação se dá numa relação dialética (a arte do diálogo ou da discussão) entre o sujeito e a sociedade a seu redor, ou seja, o homem modifica o ambiente e o ambiente modifica o homem

Segundo Viygotsky, apenas as funções psicológicas elementares se caracterizam como reflexos. Os processos psicológicos mais complexos – ou funções psicológicas superiores, que diferenciam os humanos dos outros animais – só se formam e se desenvolvem pelo aprendizado. Entre as funções complexas se encontram a consciência e o discernimento. “Uma criança nasce com as condições biológicas de falar, mas só desenvolverá a fala se aprender com os mais velhos da comunidade”, diz Teresa Rego.

Outro conceito-chave de Vygotsky é a mediação. Segundo a teoria vygotskiana, toda relação doindivíduo com o mundo é feita por meio de instrumentos técnicos – como, por exemplo, as ferramentas agrícolas, que transformam a natureza – e da linguagem – que traz consigo conceitos consolidados da cultura à qual pertence o sujeito.

O papel do adulto no aprendizado da criança, segundo Vygotsky.

O caminho do objeto até a criança e desta para o objeto passa por outra pessoa

Todo aprendizado é necessariamente mediado – e isso torna o papel do ensino e do professor mais ativo e determinante do que o previsto por Piaget e outros pensadores da educação, para quem cabe à escola facilitar um processo que só pode ser conduzido pelo próprio aluno. Segundo Vigotsky, ao contrário, o primeiro contato da criança com novas atividades, habilidades ou informações deve ter a participação de um adulto. Ao internalizar um procedimento, a criança “se apropria!” dele, tornando-o voluntário e independente.

Piaget

Jean Piaget foi o nome mais influente no campo da educação durante a segunda metade do século XX , a ponto de quase se tornar sinônimo de pedagogia. Não existe, entretanto, um método Piaget, como ele próprio gostava de frisar. Ele nunca atuou como pedagogo. Antes de mais nada, Piaget foi biólogo e dedicou a vida a submeter à observação científica rigorosa o processo de aquisição de conhecimento pelo ser humano, particularmente a criança.

Do estudo das concepções infantis de tempo, espaço, causalidade física, movimento e velocidade, Piaget criou um campo de investigação que denominou de epistemologia genética – isto é, uma teoria do conhecimento centrada no desenvolvimento natural da criança.

Segundo Piaget, o pensamento infantil passa por quatro estágios, desde o nascimento até o início da adolescência, quando a capacidade plena de raciocínio é atingida.

Estágio sensório-motor

O estágio sensório motor vai de 0 a 2 anos. Nessa fase as crianças adquirem a capacidade de administrar seus reflexos básicos para que gerem ações prazerosas ou vantajosas. È um período anterior à linguagem, no qual o bebê desenvolve a percepção de si mesmo e dos objetos a sua volta.

Estágio pré-operacional

O estágio pré-operacional vai dos 2 aos 7 anos e se caracteriza pelo surgimento da capacidade de dominar a linguagem e a representação do mundo por meio de símbolos. A criança continua egocêntrica e ainda não é capaz, moralmente, de se colocar no lugar de outra pessoa.

Estágio das operações concretas

O estágio das operações concretas vai dos 7 aos 11 ou 12 anos. Tem como marca a aquisição da noção de reversibilidade das ações. Surge a lógica nos processos mentais e a habilidade de discriminar os objetos por similaridades e diferenças. A criança já pode dominar conceitos de tempo e número.

Estágio das operações formais

Por volta dos 12 anos começa o estágio das operações formais. Essa fase marca a entrada na idade adulta, em termos cognitivos (do conhecimento).

O adolescente passa a ter o domínio do pensamento lógico e dedutivo, o que o habilita à experimentação mental. Isso implica, entre outras coisas, relacionar conceitos abstratos e raciocinar sobre hipóteses.

Piaget demonstrou que a transmissão de conhecimentos é uma possibilidade limitada. Por um lado, não se pode fazer uma criança aprender o que ela ainda não tem condição de absorver. Por outro lado, mesmo tendo essa condição, não vai se interessar a não ser por conteúdos que lhe façam falta em termos de conhecimentos (cognitivos).

Isso porque, para o cientista suíço, o conhecimento se dá por descobertas que a própria criança faz – um mecanismo que outros pensadores antes dele já haviam intuído, mas que ele submeteu à comprovação na prática. Vem de Piaget a idéia de que o aprendizado é construído pelo aluno e é sua teoria que inaugura a Corrente Construtivista

Educar, para Piaget, é “provocar a atividade” – isto é, estimular a procura do conhecimento.

Com Piaget, ficou claro que as crianças não raciocinam como os adultos e apenas gradualmente inserem nas regras, os valores e símbolos da maturidade psicológica.

Essa inserção se dá mediante dois mecanismos: assimilação e acomodação.

Conceitos básicos da teoria piagetiana

Para se compreender o processo de construção do conhecimento, é necessário evidenciar a configuração dos sistemas que integram os processos de como o indivíduo se desenvolve, adquire novos conhecimentos e a importância da interação entre o sujeito e o objeto. Para tanto, é necessário conhecer com clareza os seguintes conceitos:

Organização

Adaptação

Assimilação

Acomodação

Esquema

Organização

Não pode haver adaptação (assimilação e acomodação) proveniente de uma fonte desorganizada, pois a adaptação tem como base uma organização inicial expressa no esquema (ponto de partida para a ação do indivíduo sobre os objetos do conhecimento). O pensamento (interiorização da ação) se organiza mediante a constituição de esquemas que formam através do processo de adaptação. A adaptação e organização são os processos indissolúveis do pensamento

Adaptação

É um processo dinâmico e contínuo no qual a estrutura hereditária do organismo interage com o meio externo de modo a reconstituir-se. Ela é a essência do funcionamento intelectual e biológico. É um movimento de equilíbrio contínuo entre a assimilação e a acomodação, que são processos distintos, porém indissociáveis que compõe a adaptação, processo este que se refere ao restabelecimento de equilíbrio. O indivíduo modifica o meio e é também modificado por ele. A adaptação intelectual constitui-se então em “equilíbrio progressivo entre um mecanismo assimilador e uma acomodação complementar” (Piaget, 1982).

Assimilação

A assimilação consiste em incorporar objetos do mundo exterior a esquemas mentais preexistentes. Por exemplo: a criança que tem a idéia mental de uma ave como animal voador, com penas e asas, ao observar um avestruz vai tentar assimilá-lo a um esquema que não corresponde totalmente ao conhecido.

Acomodação

A acomodação se refere a modificações dos sistemas de assimilação por influência do mundo externo. Assim, depois de aprender que uma avestruz não voa, a criança vai adaptar seu conceito “geral” de ave para incluir as que não voam.

Esquema

Modelo de atividade que o organismo utiliza para incorporar o meio. No ser humano os esquemas iniciais, ponto de partida da interação sujeito e objeto, são os reflexos. Todo novo esquema construído a partir dos esquemas iniciais, é ponto de partida para novas interações do indivíduo com o meio.

Para Wadsworth (1996), os esquemas são estruturas mentais, ou do conhecimento (cognitivas), pelas quais os indivíduos intelectualmente se adaptam e organizam o meio.

O funcionamento dos esquemas é mais ou menos o seguinte: uma criança apresenta um certo número de esquemas, que grosseiramente poderíamos comparar com fichas de um arquivo. Diante de um estímulo, essa criança tenta “encaixar” o estímulo em um esquema disponível. Vemos então que os esquemas são estruturas intelectuais que organizam os eventos como eles são percebidos pelo organismo e classificados em grupos, de acordo com características comuns.

Aprendizagem escolar e a teoria piagetiana

A obra de Jean Piaget não oferece aos educadores uma didática específica sobre como desenvolver a inteligência do aluno ou da criança.

Piaget nos mostra que cada fase de desenvolvimento0 apresenta características e possibilidades de crescimento da maturação ou de aquisições. O conhecimento destas possibilidades faz com que os professores possam oferecer estímulos adequados a um maior desenvolvimento do indivíduo.

Ambiente de aprendizagem construtivista

Para que um ambiente de estudo seja construtivista é fundamental que o professor conceba o conhecimento sob a ótica levantada por Piaget, ou seja, que todo e qualquer desenvolvimento cognitivo (do conhecimento) só será efetivo se for baseado em uma interação muito forte entre o sujeito e o objeto.

Também é importante que o ambiente permita, e até obrigue, uma interação muito grande do aprendiz com o objeto de estudo.

Sala de aula tradicional X sala de aula construtivista

O currículo é apresentado das partes para o todo, com ênfase nas habilidades básicas.

O seguimento rigoroso do currículo preestabelecido é altamente valorizado

As atividades curriculares baseiam-se fundamentalmente em livros textos e livros de exercícios.

Os estudantes são vistos como tábuas rasas sobre as quais a informação é impressa.

O currículo é apresentado do todo para as partes, com ênfase nos conceitos gerais.

Busca pelas questões levantadas pelos alunos é altamente valorizada.

As atividades baseiam-se em fontes primárias de dados e materiais manipuláveis.

Os estudantes são vistos como pensadores com teorias emergentes sobre o mundo.

Os professores geralmente comportam-se de uma maneira didaticamente adequada, disseminando informações aos estudantes (um sábio sobre o palco).

O professor busca as respostas corretas para validar a aprendizagem.

Avaliação da aprendizagem é vista como separada do ensino e ocorre, quase que totalmente, através de testes.

Os professores geralmente comportam-se de maneira interativa. (Um guia ao lado).

O professor busca os pontos de vista dos estudantes, para entender seus conceitos presentes para uso nas lições subseqüentes.

Avaliação da aprendizagem está interligada ao ensino e ocorre através da observação do professor sobre o trabalho dos estudantes.

Estudantes trabalham fundamentalmente sozinhos.

Estudantes trabalham fundamentalmente em grupos.

Professores Construtivistas

Lista de princípios que devem nortear o trabalho de um professor construtivista.

1. Professores devem encorajar e aceitar a autonomia e iniciativa dos estudantes.

2. Professores devem usar dados básicos e fontes primárias juntamente com materiais manipulativos, interativos e físicos.

3. Professores devem utilizar a terminologia “classificar”, “analisar”, “predizer”, e “criar” quando estruturam as tarefas.

4. Professores devem permitir que os estudantes conduzam as aulas, alterem estratégias e conteúdos.

5. Professores devem questionar os alunos sobre a compreensão da matéria antes de colocar seus próprios conceitos sobre o tema.

6. Professores devem encorajar os alunos a dialogarem entre si e com o professor.

7. Professores devem encorajar os estudantes a resolverem problemas abertos e perguntarem uns aos outro sobre possíveis soluções.

8. Professores devem estimular os estudantes a assumirem responsabilidades.

9. Professores devem estimular os alunos a que estes se debrucem sobre soluções encontradas e consigam problematizar as respostas inicialmente estabelecidas.

10. Professores devem proporcionar um tempo de espera depois de estabelecer as questões.

11. Professores devem proporcionar um tempo para que os estudantes construam relações e metáforas.

12. Professores devem manter a curiosidade do aluno através do uso freqüente do modelo de ciclo de aprendizagem.

Resumindo, pode-se concluir que o ponto mais importante para a construção de um “ambiente construtivista” é que o professor realmente conscientize-se da importância do “educador-educando”, e que todos os processos de aprendizagem passam necessariamente por uma interação muito forte entre o sujeito da aprendizagem e o objeto, aqui simbolizado como o todo envolvido no processo, seja o professor, o computador, os colegas, o assunto. Somente a partir desta interação completa é que podemos dizer que estamos “construindo” novos estágios de conhecimento.

Emília Ferreiro

Nenhum nome teve mais influência sobre a educação brasileira nos últimos 20 anos do que o da psicolingüista argentina Emilia Ferreiro. A divulgação de seus livros no Brasil, a partir de meados de 1980, causou um grande impacto sobre a concepção que se tinha do processo de alfabetização, influenciando as próprias normas do governo para a área, expressas nos PCNs, ou Parâmetros Curriculares Nacionais.

As pesquisas de Emilia Ferreiro , que estudou e trabalhou com Piaget, concentram o foco nos mecanismos cognitivos (do conhecimento) relacionados à leitura e à escrita.

Tanto as descobertas de Piaget como as descobertas de Emilia Ferreiro levam a conclusão de que as crianças têm um papel ativo no aprendizado.

Elas constroem o próprio conhecimento – daí a palavra “construtivismo”.

A principal implicação dessa conclusão para a prática escolar é transferir o foco da escola – e da alfabetização, em particular – do conteúdo ensinado para o sujeito que aprende, ou seja, o aluno.

Segundo Emilia Ferreiro, a construção do conhecimento da leitura e da escrita tem uma lógica individual, embora aberta à interação social, na escola ou fora dela.

No processo de aquisição de conhecimento, ou processo cognitivo, a criança passa por etapas, com recuos e avanços, até se apossar do código lingüístico e dominá-lo.

O tempo necessário para o aluno transpor cada uma das etapas é variável.

Duas das conseqüências mais importantes do construtivismo para a prática de sala de aula são respeitar a evolução de cada criança e compreender que um desempenho mais vagaroso não significa que ela seja mais ou menos inteligente ou dedicada do que os demais.

Outra noção que se torna importante, para o professor, é que o aprendizado não é provocado pela escola, mas pela própria mente das crianças e que, portanto, elas já chegam ao primeiro dia de aula com uma bagagem de conhecimentos.

Emília Ferreiro mostrou que a construção do conhecimento se dá por seqüências de hipóteses.

O princípio de que o processo de conhecimento por parte da criança deve ser gradual corresponde aos mecanismos deduzidos por Piaget, segundo os quais cada salto cognitivo ou de aquisição de conhecimento, depende de uma assimilação e de uma reacomodação dos esquemas internos, o que necessariamente leva tempo.

Teoria de Emilia Ferreiro

De acordo com a teoria exposta em “Psicogênese da Língua Escrita”, toda a criança passa por quatro fases até que esteja alfabetizada:

. Pré-silábica: não consegue relacionar as letras com os sons da língua falada;

. Silábica: interpreta a letra a sua maneira, atribuindo valor de sílaba a cada uma;

. Silábico-alfabética: mistura a lógica da fase anterior com a identificação de algumas sílabas;

. Alfabética: domina o valor das letras e sílabas.

O saber que não vem da experiência não é realmente saber. (Vygotsky)

Se o indivíduo é passivo intelectualmente não conseguirá ser livre moralmente. (Piaget)

Quem tem pouco ou quase nada merece que a escola lhe abra horizontes. (Emília Ferreiro)

Um dos maiores danos que se pode causar a uma criança é levá-la a perder a confiança na sua própria capacidade de pensar. (Emília Ferreiro)

Bibliografia

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda Aranha. Filosofia da Educação. 2. ed. São Paulo. Editora Moderna. 2004.

NOVA ESCOLA. Grandes Pensadores. 1 v. e 2 v.

www.robertexto.com

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