segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Poema de um dia

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Tipografia experimental foi o nome que Jiyeon Song deu ao seu trabalho, e na verdade podemos vê-lo assim, como uma exploração poética de mensagens escritas que interagem com o ambiente. O sistema concebido por Song é engenhoso. Ao serem atravessados pelos raios de sol, os painéis perfurados projectam pontos luminosos que formam palavras na sombra do chão. A variação da incidência solar consoante a hora do dia e a estação do ano dá origem a combinações poéticas inesperadas e transitórias. A Arte une o Homem e a Natureza.

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Se há uma virtude nesta obra é a de nos obrigar a tomar consciência da passagem do tempo. E fá-lo de uma maneira poética. Não é possível olhar para ela como para um quadro num museu, com o catálogo na mão. É necessário perder tempo, esperar. Então poderemos ver as palavras a surgirem, a percorrer o chão, a juntarem-se e a formar frases que logo mudam e adquirem novos sentidos conforme o sol roda.

Escondidos nos furos da madeira, pequenas frases de um poema sijo aguardam que a luz solar as revele. Os sijo são poemas tradicionais coreanos versando a Natureza e a vida humana. O escolhido e traduzido para inglês foi escrito por Kim Ch'on-taek no século XVIII. Fala sobre o carácter finito da vida humana: no solstício do Verão uma frase sobre a vida nova que surge; no do Inverno sobre o tempo que passa.

A lentidão das mensagens oferece-nos um momento de meditação nas nossas vidas agitadas, um momento de meditação sobre os valores da Vida.

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Pessoal,

isto é sacação

de que a vida é nada,

que o tempo é tudo

e que o tempo é vida...

Beijos

Ângela

(Artigo retirado do blog  "blog.uncovering.org"

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