quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A previsibilidade do ser humano e a responsabilidade do leitor na evolução da literatura

Ando lendo vários artigos na Internet sobre clássicos que são repaginados por escritores atuais. Sabemos que o mundo é redondo e esgotável, mas assistimos agora este fenômeno abranger também a literatura. Ninguém pode discordar que os livros da série Crepúsculo nada mais são do que releituras de personagens de Jane Austen. Edward Cullen e Mr. Darcy são iguais, só não vê quem não quer que Dona Meyer aproveitou toda a estrutura do personagem austeniano para compor seu vampirinho vegetariano. Bom? Ruim não foi, lí o livro e ouso dizer que, se bem que muito mal escrito, dá para divertir…

Agora outros escritores também procuram as fontes austenianas para basear seus novos-velhos heróis. E lá vem Mr. Darcy Vampiro, Mr. Darcy Zumbi, Mr. Darcy Múmia, Mr. Darcy Monstro do Mar, e por aí vai…

Muitos críticos literários já discutiram a questão da influência de clássicos na literatura atual, nada que já não tivesse sido feito, que continua sendo feito e que sempre será feito, o interessante será observarmos o mercado que se abrirá para este contínuo fenômeno.

Sabemos o quanto Jane Austen é lida até os dias de hoje, resta esperarmos para sabermos como serão recebidos os novos títulos pelo mercado consumidor, imagino-me entrando na Livraria Cultura e dando de cara com títulos tais como: Pride and Prejudice and Zombies; Mrs. Darcy, Vampyre; Darcy’s Hunger; Jane Bites Back; Mansfield Park and Mummies; Northanger Abbey and Angels and Dragons; Razão e Sensibilidade e Monstros Marinhos…

Apenas tenho receio da qualidade destas adaptações (serão adaptações ou plágios camuflados?), percebemos cada vez mais a fraqueza e a pobreza de certos escritores na composição de diálogos interessantes e que tais, e se voltarmos a Crepúsculo, perceberemos o que quero dizer através de uma análise do livro, sem maldade, mas Dona Meyer poderia ter se dedicado mais para escrever um pouquinho melhor, certas partes do livro são sofríveis, e isto, mesmo com muito boa vontade…

E concluo então afirmando que toda cultura tem o livro que merece, se o público consumidor estiver amadurecido para exigir um livro sólido, mesmo que baseado em livros já existentes anteriormente, veremos surgirem boas adaptações (ou cópias camufladas, vá lá…), mas se nossos queridos consumidores se acomodarem com um produto de qualidade ruim, com diálogos sofríveis e construções de mal gosto, então será  isto que teremos…

Relembrando Jane Austen

Jane Austen nasceu em 16 de dezembro de 1775, na casa da paróquia de Steventon, Hampshire, Inglaterra, e faleceu em 18 de julho de 1817, na cidade de Winchester, Inglaterra.

Em 1801, a família de Jane Austen mudou-se para Bath, onde permaneceu até 1805.

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(Foto da residência de Jane Austen em Bath)

Com a morte do pai, em 1805, Jane Austen, sua mãe e sua irmã Cassandra mudaram-se para Chawton.

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(Foto da casa onde Jane Austen viveu em Chawton)

Quando sua saúde piorou, Jane Austen procurou a cura de seus males na cidade de Winchester, uma cidade no sul da Inglaterra, onde faleceu e foi enterrada.

(Catedral de Winchester, onde Jane Austen está enterrada)