sexta-feira, 12 de março de 2010

A diferença entre um vencedor e um perdedor… Ou a razão mais básica para a escolha de clássicos em uma “Lista de Leituras”… ou “Meditações sobre a leitura dos clássicos I” ou qualquer coisa que não agrida o bom senso…

Sou estudante do último semestre de Letras da ESPAM, faculdade recém instalada na cidade satélite de Sobradinho, e convivo com opiniões diversas a cerca de um assunto que me preocupa muito: a escolha do que abordar em sala de aula no item “Literatura”.

Vários colegas meus até hoje se ressentem ao ler alguns livros indicados pelos professores, e confesso que até eu, diante da Odisséia, senti-me tentada a procurar uma adaptação, a leitura do texto original, em versos, exigiu-me um esforço inacreditável, e se não fosse minha admiração pela nossa professora e a ajuda que ela nos proporcionou lendo conosco várias partes deste texto, acho que não o teria conseguido.

Outros textos também me exigiram ao extremo, vale citar, por exemplo, “Os Lusíadas”, ou então as poesias belíssimas, porém difíceis de Fernando Pessoa, mas fui exigida, e compreendi uma coisa: ao escolher estes textos, nossos mestres estavam nos propiciando uma vivência fantástica, pois quando eu for fazer qualquer concurso ou participar de qualquer tipo de avaliação, terei conhecimento destes itens e então estarei mais apta a alcançar algum objetivo do que aquele aluno que, por preguiça ou por incapacidade, não os leu.

Então fica muito claro para mim que “conhecimento é poder”! Imagino-me em qualquer situação em que me seja exigido um conhecimento amplo neste item, “Literatura”, e verifico que eu detenho um conhecimento que me possibilitará distinguir-me da média de formandos em Letras, pois meus mestres dividiram comigo um conhecimento que eles arrecadaram após muitas leituras em bancos escolares e na vida em geral, houve a socialização do conhecimento em sala de aula, e com isto eu (e meus outros colegas) fui beneficiada.

E então me imagino diante de uma sala de aula, quando eu tiver a responsabilidade de preparar jovens para a vida. Quais serão minhas escolhas?! Que livros comporão a vivência literária destes alunos que serão confiados à minha influência?

Alguns colegas já me informaram que dificilmente trabalharão textos clássicos, nada de Machado de Assis, de Homero, de Jane Austen, pois estes escritores são considerados pela grande maioria como indecifráveis e mesmo extremamente... chatos!!!

Mas neste momento lembro-me de um fator importante neste meu raciocínio: eu não serei a única professora a realizar estas escolhas, um grande contingente de alunos de outras escolas também será encaminhado em suas leituras por outros professores. E é neste momento que fica muito claro para mim um dado elementar: Para quem eu estarei lecionando? Qual o objetivo deste aluno? Qual a necessidade deste aluno? Quais os caminhos que serão trilhados por estes alunos? Quem serão seus concorrentes? A quem, estes meus alunos terão que superar?

Imagino-me diante de uma escola que coloque em sua lista de leituras “Madame Bovary”, “Odisséia”, “O Morro dos Ventos Uivantes”, “Dom Quixote de La Mancha”, “Macbeth”, “O Cântico dos Cânticos”, “Grande Sertão – Veredas”, e então imagino uma lista com apenas cultura de massa: “Harry Potter”, “Crepúsculo”, “Percy Jackson e os Olimpianos”, muitas “Sabrinas”, muitos Paulo Coelho...

Por um certo tempo, até acredito que os alunos que forem premiados com os livros mais fáceis, serão os mais felizes, mas depois imagino os dois grupos em uma sala prestando vestibular para a UnB...