domingo, 22 de novembro de 2009

Artigo encontrado no site www.lendo.org

Esta resenha é em sua maior parte composta por traduções do artigo “Twilight” Sucks… And Not In A Good Way, de Kellen Rice e contém spoilers. Contudo, também há diversas adaptações e opiniões minhas.
Escritos pela americana
Stephenie Meyer, a popularidade dos livros da série para jovens e adultos composta por O Crepúsculo, Lua Nova, Eclipse, Amanhecer e Sol da Meia-noite atingiu números enormes. Com a adaptação para o cinema de Crepúsculo lançada em dezembro de 2008 no Brasil e uma venda de 1,3 milhões de livros no dia de lançamento de sua última edição, Meyer já não deve ter dúvidas de seu sucesso — de uma romancista de primeira viagem para o primeiro lugar dos mais vendidos, foi uma subida muito rápida.
Mas por quê? Para descobrir o motivo dos livros estarem inspirando legiões de fãs e dúzias de fan-sites, resolvi lê-los para conhecer o segredo de Meyer.
Para ser direto, querido leitor, eu fiquei horrorizado. Não apenas pela prosa doentia ou pela falta de escrita de qualidade, mas principalmente pelas obras serem insultantes em todos os níveis — para uma
mulher, para um adolescente, para um estudante de literatura, até para um graduado em Harry Potter. O pior de tudo é que pouca gente parece perceber isso.

Crepúsculo (Twilight) é a história do assim chamado “padrão” de garota do século XXI, Bella Swan (Bonita Swan?), que é objeto de desejo de não um, não dois, mas um total de 5 rapazes de estilo romântico. Desses, o mais importante é o misterioso e hilário Edward Cullen. Pra começar, Bella desempenha o miserável papel de donzela algumas vezes e depois de 200 páginas de um suspense mal desenvolvido, descobrimos que Edward é, de fato, um vampiro. Não precisa ter medo, no entanto, pois ele e sua família são o tipo de vampiro chamado “vegetariano”, preferindo animais ao invés de humanos e, inexplicavelmente, frequentando o ensino médio. Esse primeiro livro trata do romance entre Bella e Edward e está constantemente inclinado a colocar Bella em situações perigosas para que seu adorado vampiro possa salvá-la.
Tudo bem, você está dizendo. É um pouco extravagante, mas por que é tão ruim? Primeiro de tudo, os livros apresentam uma heroína que dificilmente consegue dar um passo sem precisar de algum garoto para ajudá-la. Na verdade, a série apresenta visões sexistas em sua quase totalidade — o fato de que Bella desiste de suas ambições e planos para a faculdade com objetivo de casar-se com Edward; o fato de que ela é representada como uma Eva moderna, implorando por sexo ao nobre e moral cavalheiro, enquanto ele deseja preservar sua virgindade; o fato de seu relacionamento ser perigosamente doentio; e finalmente o fato de que quase todas as personagens femininas apresentadas no livro são caricaturas desesperançosamente negativas.

Infelizmente, a série não melhora com os livros seguintes. Em Lua Nova (New Moon) , Bella entra no que ela mesma descreve como estado de “zumbi” quando Edward a deixa. Na verdade, a autora “tão habilmente” coloca páginas em branco com os nomes dos meses como um mecanismo narrativo esdrúxulo para mostrar a profundidade da dor de sua heroína. E também para evitar ter que escrever a parte difícil. Bella se torna meio suicida; ela propositalmente se coloca em perigo e chega mesmo a pular de um penhasco ao ouvir a voz do amante em sua cabeça.
O que isso diz aos leitores, tendo em mente que a principal audiência está nas garotas de 12 a 17 anos, com tendências de impressionar-se com tragédias (não apenas elas, evidentemente)? Que elas devem sumir e ficar costurando por meses se o seu namorado deixá-las? Que não tem problema em arriscar a própria vida, desde que para estar perto de seu amor? Que mensagem apaixonante para dar a uma jovem!
O único aspecto brilhante de Lua Nova é o louvável Jacob Black, um membro da reserva La Push e recém transformado lobisomem. É nas cenas de Bella com Jacob que o leitor vislumbra verdadeiros traços de personalidade. Esse tipo de romance que vai crescendo com o tempo é certamente mais próximo da vida real de um adolescente do que aquele de nobres ideiais entre os amantes Edward e Bella. No entanto, adicionar outra trama (meio esquecida) bem quando Edward e Bella estão juntos, com Jacob sendo chutado como um
cachorro, é algo questionável.

Eclipse. É nesse volume que o relacionamento de Bella e Edward toma os piores caminhos. Edward chega a remover o motor do carro de Bella para que ela não vá ver seu amigo Jacob, e ainda deixa sua irmã vampira raptá-la no fim de semana. Bella fica um pouco irritada com isso, é claro, mas acaba escrevendo coisas como “ele é só um pouco super-protetor” e “ele faz isso porque me ama” sobre esse comportamento de Edward. Meu caro leitor, eu realmente fiquei preocupado ao ler isso. Apesar de suas boas intenções (eles estão sempre sendo levados para o inferno, lembre-se), Meyer não apenas cria duas personagens completamente doentias com um relacionamento abusivo e perigoso, mas ela também romantiza e idealiza isso, não só entre Bella e Edward, mas com Bella e Jacob também. Que tipo de coisa isso pode virar na cabeça de um adolescente confuso?
Jacob, por fim, tem um bizarro transplante de personalidade e se transforma em um verdadeiro idiota nesse livro. Ele tenta beijar Bella à força, duas vezes, ignorando seus protestos e ameaça suicídio caso ela o recusar. Mas não é dessa vez que questões como abuso sexual, sexismo ou desigualdade vêm à tona na mente da personagem principal. Ao contrário, enquanto Jacob está a beijando à força (abuso sexual, diria você), Bella decide que está apaixonada por ele. O que é isso??
Joguei longe minha cópia de
Eclipse e estava pronto para esquecer que os livros existiram quando a crepúsculo-mania voltou com o lançamento de Amanhecer (Breaking Dawn). “Eu posso escrever esse artigo lendo apenas os três primeiros”, eu pensei comigo mesmo. No final, contudo, parcialmente por curiosidade e parcialmente como resultado de uma esperança irracional de que Meyer se superaria, decidi lê-lo.

Eu estava errado. Em Amanhecer, Meyer nos dá uma sinceridade desconcertante e, às vezes, assustadora para fechar a série. As várias centenas de páginas estão preenchidas com uma débil-doce-auto-indulgência e um flagrante despedimento de continuidade de realismo. Logo no início, Bella e Edward ficam “na horizontal” depois de uma longa espera (mas só depois do casamento, é claro, nós não podemos cair na tentação de tirar a virgindade de 107 anos de Edward). Bella, de alguma forma, fica grávida. Por favor, diz Meyer, nunca esqueça do fato de que todos os fluidos do corpo dos vampiros são substituidos por seu “veneno” ou que o esperma seca depois de três dias, imagine em um século. De forma ainda mais fantástica, o feto de vampiro/humano cresce a uma velocidade alarmante, tão rápido que Bella sente os “chutinhos” após duas semanas de gestação. Eu nunca estive grávido, mas não precisa ser muito inteligente para saber que há algo errado com esse quadro.
Vou poupar você dos detalhes do restante desse show de horror. Acredite, a cena de nascimento é algo que eu desesperadamente desejaria não ter lido (depois que o assim chamado “bebê” quebra a pelvis, a coluna vertebral e as costelas de
Bella, Edward abre caminho com uma versão um tanto insalubre de cesárea: com seus dentes). Desculpe, eu tinha que partilhar minha dor. Bella se torna uma vampira super especial com poderes super especiais e vence o não-conflito do não-clímax. Ah, não se esqueça da sua incrível habilidade de ir caçar na floresta com vestido e salto.
Infelizmente,
Twilight não acabou. Já foi lançado um novo livro chamado Sol da Meia-noite (Midnight Sun), mas dessa vez não vou cair na armadilha. O fato preocupante é que milhões de garotas continuarão lendo essa trama sexista sem importar-se com o resto do mundo, obcecadas com o “perfeito” Edward Cullen e o “quente” Jacob Black, fingindo ser Bella Swan e ignorando traços doentios de uma relação, assim como a protagonista.
Eu me pergunto o que aconteceu para que, duzentos anos depois de uma heroína feminista como Elizabeth Bennet, tenhamos retrocedido a ponto de uma “fêmea-heroína-literária”, como a personagem de
Meyer o é, fazer tanto sucesso.

Crítica sobre "Lua Nova" de Thiago Siqueira


Thiago Siqueira

cinemacomrapadura.com.br

Avaliação: 5
Quem leu minha crítica de “Crepúsculo” sabe que eu tive uma lista quilométrica de ressalvas quanto àquele desastre dirigido por Catherine Hardwicke. Por isso, foi já temendo pelo pior que me aventurei em uma sala de cinema para assistir à continuação daquela produção. No entanto, fiquei surpreso ao sair pensando: “podia ser bem pior”. O motivo da evolução dessa segunda adaptação da série de romances escrita por Stephenie Meyer tem nome e sobrenome, Chris Weitz.

Responsável pelo ótimo “Um Grande Garoto”, mas também tendo comandado o medíocre “A Bússola de Ouro” (embora não tenha tido o menor controle criativo naquele filme), Weitz possui um gosto visual mais apurado que Hardwicke, além de ter sido beneficiado por um orçamento bem mais polpudo. Além disso, o diretor ainda sai no lucro por este segundo filme possuir algumas subtramas que realmente são capazes de causar empolgação, embora o seu plot principal seja ainda mais ridículo que o do longa original.

Na história, a humana Bella (Kristen Stewart) e o vampiro Edward Cullen (Robert Pattinson) continuam em seu romance na nublada cidadezinha de Forks. No entanto, no aniversário de 18 anos da garota, ela começa a perceber que, enquanto seu amado permanecerá para sempre jovem, ela envelhecerá e morrerá. Após um incidente na casa do clã do Cullen, Edward e sua família decidem deixar Forks e Bella para trás para sempre, com a jovem desabando em uma crise de depressão profunda.

Fragilizada psicologicamente após ser abandonada, Bella se joga em situações de perigo para ter visões de Edward, mas ela começa a se recuperar graças à companhia do seu amigo Jacob (Taylor Lautner). No entanto, a maligna vampira Victoria (Rachelle Lefevre) volta para se vingar dela. Mas Jacob e seus estranhos companheiros também não são nada normais, assumindo, quando com raiva, a forma de gigantescos lobos.

Jogando mais informações para o público ao mesmo tempo, o roteiro ainda introduz a realeza vampiresca dos Volturi, vampiros europeus aristocratas que se aproximam mais do mito clássico de Bram Stoker. O grande problema de “Lua Nova” é quando o filme se concentra no insuportável casal Bella e Edward. No primeiro filme, a personagem de Kristen Stewart era apresentada como uma garota normal em uma situação extraordinária, com ela sendo um dos poucos pontos fortes daquela película.

Já nesta continuação, Bella é mostrada comum uma garota altamente dependente, pouco inteligente, ingênua e com fortes indícios de desequilíbrio mental. O próprio filme deixa claro que as visões de Edward que a jovem tem não são místicas nem nada do gênero, vindo da própria mente dela. Some-se isso com uma crescente tendência suicida desta e uma atração inexplicável por tipos perigosos e temos uma bomba-relógio humana prestes a explodir, sendo alarmante que o comportamento dela seja admirado por tantas adolescentes ao redor do mundo.

Edward, por sua vez, se mostra bastante coerente com aquilo que fora mostrado na fita anterior, ou seja, uma figura que vaga por aí vomitando clichês românticos para a sua amada. Mal e porcamente vivido por Robert Pattinson, que também é retratado por Weitz como um presente de Deus para as mulheres (vide a chegada do rapaz na escola no começo do filme), Edward é uma figura altamente unidimensional, sendo ótimo para a história que ele apareça tão pouco durante o filme.

A terceira ponta deste triângulo amoroso, Jacob, é uma grata surpresa. Vivido por Taylor Lautner, o jovem lobo protagoniza alguns dos melhores momentos do filme, com sua transformação de um rapaz comum para lobisomem sendo bem mostrada pela fita. Aliás, a alcateia de Jacob é muito mais interessante que o chatíssimo clã dos Cullen, além de ser melhor explorado pelo roteiro que a família de sanguessugas, que, com exceção do pedante Edward e da interessante Alice (Ashley Greene), quase não ganha tempo de tela.

Os lobos, aparentemente, também sofrem da maldição do torso pelado, já que em toda cena em que aparecem em forma humana, surgem sem camisa. Apesar de o roteiro oferecer uma explicação para isso – a alta temperatura dos corpos dos rapazes -, esta não é lá muito convincente e não serve para amenizar o ridículo desse visual.

Devo dizer que o drama de Jacob chegou a me lembrar muito o de Bruce Banner, só faltando a música triste de piano ao fundo. Aliás, durante o breve exílio de Edward no Rio de Janeiro, me pergunto se o barracão na favela adotado pelo vampiro era o mesmo que hospedou o alter-ego do Hulk no último filme do Golias Esmeralda, mas divago…

O clã dos Volturi foi uma adição interessante à mitologia da saga. Aliás, depois deste filme, pode-se realmente dizer que há algo de estranho com Bella, que chamou a atenção do líder aristocrata dos vampiros, Aro, vivido por Michael Sheen. Aliás, para tanta propaganda em cima dos Volturi, pensei que estes apareceriam mais, com Aro, Jane (Dakota Fanning) e os demais membros da “realeza” mal aparecendo em tela. Embora surjam de maneira nada orgânica em cena, eles acabam por colocar alguns pontos interessantes na trama geral da série que, espero, sejam resolvidos nos demais filmes.

É interessante notar a aparição nada chocante dos vilões da fita, Laurent (Edi Gathegi) e Victoria (Rachelle Lefevre). Enquanto o vampiro de dreads teve sua participação quase totalmente mostrada no trailer da produção e sua presença ser mal explicada pela película, com a própria Bella explicando o furo que é ele estar lá depois dos eventos de “Crepúsculo”, Victória não chega a dar uma só palavra no filme todo. Pior para Rachelle Lefevre que será substituída no próximo filme da série, no qual sua personagem terá algo para dizer realmente.

Weitz faz um trabalho razoável no comando do filme. Tremendamente melhor preparado que Catherine Hardwicke, o cineasta lança mão de recursos visuais interessantes e planos bem realizados, embora escorregue de vez em quando, vide a horrorosa cena do desaparecimento de Edward após este terminar com Bella e o plano que mostra Bella vagando pela floresta após isso. Mas só a sequência que traz a perseguição dos lobos a Victoria já é melhor que o primeiro filme inteiro.

A maquiagem dos vampiros continua deixando a desejar, embora se note uma evolução sensível na cinematografia e nos efeitos especiais em relação ao longa anterior, com os efeitos dos lobos e das cenas de luta merecendo palmas discretas. A trilha sonora também merece elogios, se bem que, como Weitz já trabalhou em uma adaptação de um livro de Nick Hornby, era o mínimo que poderia se esperar.

Embora seja um filme melhor que “Crepúsculo”, “Lua Nova” tem um tom machista altamente incômodo, dizendo para as jovens do mundo que elas devem aceitar seus homens do jeito que são, não importando se são violentos ou perigosos. Mesmo com alguns pontos interessantes, a franquia tem de melhorar bastante para ser reconhecida mesmo como uma “saga”.

Saiba mais sobre Lua Nova
Sobre "Lua Nova"

Fui assistir ao filme "Lua Nova", a continuação de "Crepúsculo".
Não odiei o filme, deu para assistir sem "sambar" muito na cadeira... (Explico: quando o filme é intragável, a gente fica se remexendo tanto que chegamos a sambar de vontade de ir embora...)
Mas também não é um filme bom!
E de repente sinto que seria necessário que o filme se baseasse em outra história para alcançar um nível talvez um pouco melhor...
Porque, na verdade, o que é muito ruim é a continuação do livro escrito pela Stéphenie Meyer, então, se o filme é baseado no livro (que é péssimo) como poderia ser diferente?!
Novamente encontramos a Bella Swan sem nenhuma emoção, ,a coitadinha realmente não convence, é um rosto bonitinho, uma garota apresentável, mas só...
Quanto ao Edward Cullen, bem, beleza à parte, bem... sei lá, não sobra muita coisa...
É sério, se no primeiro filme ele dava a impressão de querer crescer em cena em alguns momentos, neste ele dá a impressão que vai minguando, é até triste assistir tal desempenho.
Causou-me algum interesse a história do patriarca dos Cullen, um médico que supera sua necessidade do sangue humano para poder ajudar de alguma forma a humanidade, mas além de fazer alguns curativinhos, também não passa disso, muito mal aproveitado.
Quanto à realeza dos vampiros, rapaz, é até constrangedor este rumo da história, fica sem pé nem cabeça, é como se a autora estivesse sem nenhuma imaginação para construir alguma tensão, então resolveu buscar alguma coisa esdrúxula lá do início dos tempos, pegou mal. O núcleozinho sem sentido e sem graça!
Mas os efeitos especiais são muito bons, os lobos (se bem que um pouquinho grandes, quase beirando o ridículo) me encantaram, sempre gosto quando existem transformações, então tecnicamente bem feitas é um achado, aliás, foi por aí que agüentei o filme...