quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Sobre a prova para Professor Temporário da Secretaria de Educação do Distrito Federal.

Lamentável a forma como aconteceu a prova do concurso para Professor Temporário da Secretaria de Educação, ocorrida no último domingo, dia 16 de janeiro de 2011.

Em primeiro lugar, vale ressaltar que algumas das condições físicas das instalações onde ocorreu tal certame realmente deixaram muito a desejar. Como exemplo, cito a UNEB, localizada na Asa Sul de Brasília, onde os concorrentes foram submetidos a cadeiras totalmente inadequadas para pessoas com mais de 1, 70 de altura. Menciono também os banheiros desta instituição, os quais, depois de certo horário, foram fechados, ficando apenas os do auditório (com apenas duas privadas) abertos para uso de quem estava saindo da prova. Resultado: filas com mais de 20 pessoas... Papel higiênico? Sabão líquido? Toalhas para enxugar as mãos? Nem sonhar! O que me leva a uma reflexão: Se em um concurso onde se paga R$40,00 os professores são destratados no mínimo que seria de se esperar, ou seja, condições de higiene, então, como, diante desta situação, a educação pode ser considerada prioridade?!

Quanto à prova, em primeiro lugar cabe mencionar que constava da mesma um erro grosseiro de digitação (na questão 12), o que deveria ser totalmente inadmissível, pois seria de se esperar que a empresa responsável pelo concurso ao menos se desse ao trabalho de revisar o que seria impresso para ser entregue aos concorrentes.

Quanto à questão 14 (em que foi abordado o problema do TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade) cabe ressaltar que metade do que se exigia do candidato era um conhecimento que se poderia esperar apenas de pessoas que de alguma forma lidassem com este problema no seu dia a dia, fossem pais ou professores que atendessem crianças com este tipo de transtorno, e metade seria uma opinião que de forma nenhuma deve fazer parte da imaginação de nenhum professor, pois os modernos mestres sabem muito bem que este negócio de “teimosias e rebeldias” há muito deixou de ser aceito quando se analisa o desempenho de alunos em uma escola. A letra “D” da resposta afirma: “O TDAH é facilmente confundido com os transtornos de aprendizagem”, parte que poderia constar como resposta verdadeira, mas a parte que afirma: “Pais e professores confundem-no com teimosias e rebeldias” há muito deixou de ser algo que um professor moderno pense.

Quanto à questão 18, em que foi cobrado dos professores conhecimento sobre “Escola Tradicional”, vale ressaltar que no edital deste concurso não havia nada que levasse os concorrentes a se voltarem para este tipo de estudo, pois apenas para quem estuda “Tendências Pedagógicas” este tema teria ficado claro. Como NÃO FOI PEDIDO NO EDITAL ESTE ASSUNTO, repito, foi um erro constar tal questão na prova.

E mesmo Jean Piaget foi abordado de forma primária e sem nenhum cuidado, pois ALÉM DO MESMO NÃO TER SIDO MENCIONADO, TAMBÉM, NO EDITAL DO CONCURSO, a forma como esta grande influência da educação foi tratada beira as raias do absurdo: então “apequena-se” a presença “Piagetiana” citando-a apenas como “Biólogo de formação” preocupado APENAS em “apresentar uma explicação biológica das formas do conhecimento”? Mau gosto e despreparo desta banca examinadora, que não teve a sensibilidade para perceber que qualquer avaliação, hoje em dia, é considerada também uma etapa da construção do conhecimento, o que exigiria uma abordagem mais madura para personagem tão importante para a educação em várias partes do mundo!

E para finalizar, a análise da questão 24, em que se cita o grande Paulo Freire, nos coloca novamente diante do que foi o tom do trabalho do “IADES (astre)”, quando é cobrado, novamente, em prova, um conhecimento que NÃO CONSTAVA NO EDITAL DESTE CONCURSO!

Lamentável que um concurso para professores tenha sido tratado com tal desleixo e desconsideração! Preocupa, principalmente, a idéia que tal certame passa a qualquer observador que esteja de fora dos eixos de interesse que perpassam tal situação, pois fica muito claro que se contratou uma empresa (ou coisa que o valha) que realmente não estava preparada para tal atuação...

... e infelizmente, novamente, quem se danou foram os mestres, os alunos e, claro, a educação!!!