domingo, 29 de maio de 2011

Fotografia animada de Jamie Beck

Basta Pensar (Fernando Pessoa)

Viver é não conseguir…

Relembrando Vital Farias

Não se admire se um dia
Um beija flor invadir
A porta da sua casa
Te der um beijo e partir
Fui eu que mandei o beijo
Que é pra matar meu desejo
Faz tempo que eu não te vejo
Ai que saudade de ocê
Ai que saudade de ocê

Se um dia ocê se lembrar
Escreva uma carta pra mim
Bote logo no correio
Com frases dizendo assim
Faz tempo que eu não te vejo
Quero matar meu desejo
Lhe mando um monte de beijos
Ai que saudade sem fim
Ai que saudade sem fim
E se quiser recordar
Aquele nosso namoro
Quando eu ia viajar
Ocê caia no choro
Eu chorando pela estrada
Mas o que eu posso fazer
Trabalhar é minha sina
Eu gosto mesmo é de ocê.
Não se admire se um dia
Um beija flor invadir
A porta da sua casa
Te der um beijo e partir
Fui eu que mandei o beijo
Que é pra matar meu desejo
Faz tempo que eu não te vejo ....

Adoro Gerard Depardieu! Então ficarei aguardando ansiosa a volta deste magnífico ator, que anda meio sumido das telas brasileiras, no filme “Minhas Tardes com Marguerite”. Para conhecimento de todos, anexo comentário de Rubens Ewald Filho.

 França, 10. Direção de Jean Becker. Com Gérard Depardieu, Gisèle Casadeus, Maurane, Patrick Bouchitey, Jean François Stévenin, Claire Maurier, Sophie Guillemin. 82 min.

Gosto sempre dos filmes franceses que procuram atingir um público mais amplo e não ficam presos apenas no registro de filme de arte. Este é o caso do delicado e encantador novo trabalho do veterano Jean Becker (filho de Jacques Becker e que antes fez algo semelhante e bom em Conversas com Meu Jardineiro).

Gérard Depardieu está na velha forma de sempre, no que é uma adaptação de um livro de Marie Sabine Roger.

Antes de tudo, é uma comédia de costumes passada numa cidadezinha do interior, onde mora Germain Chazes, um tipo solitário que nunca se recuperou dos traumas que lhe provocou a mãe egoísta (Claire), que vivia dizendo que ele era burro e não servia para nada.

Não é verdade como atestam os amigos do bar da esquina, mas que mesmo assim zombam de suas possíveis limitações. Até o dia em que Germain encontra, num banco de jardim, uma senhora de idade avançada com quem começa a conversar sobre livros que é a Marguerite (feita com muita discrição e sem  forçar a simpatia por veteraníssima atriz – que fez mais de 77 filmes e nasceu em 1914!).

O filme é a história dessa amizade, que passa por altos e baixos na vida de Germain, ainda tentando se aceitar, e na vida de Marguerite porque ela vive num asilo caro demais para seus sobrinhos pagarem e é obrigada a se mudar para a casa deles, que fica distante.

Não é filme lacrimoso, mas uma celebração da vida e da amizade, que vai agradar em cheio aos espectadores de Terceira Idade do Reserva Cultural.