segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Construtivismo

Trabalho elaborado por Luciana, Ângela e Vanusa.

Introdução

Tão antigo quanto a filosofia, o pensamento pedagógico se desdobra em várias correntes, mas suas raízes estão fincadas na Grécia Antiga.

A evolução do pensamento pedagógico

O quadro de afiliações filosóficas que consta do primeiro slide desta apresentação e encontra-se colado na parede desta sala, foi elaborado pelo professor aposentado de filosofia Carlos Roberto Jamil Cury, da PUC de São Paulo.

Trata-se de um modo de exposição que possibilita apreender a história do pensamento pedagógico como um todo.

Nele você poderá relacionar simplificadamente os principais pensadores da educação com as épocas históricas em que viveram.

Vale ressaltar que nele você encontrará não só os grandes nomes da pedagogia, mas também alguns dos principais filósofos da história, mais conhecidos em outras áreas do conhecimento (caso de Immanuel Kant e Karl Marx, por exemplo).

A tendência Idealista.

O princípio da revelação da verdade e a subordinação do pensamento filosófico ao ensinamento religioso cristão foram as bases da doutrina teológico-filosófica da Idade Média (doutrina escolástica) que dominou toda esta época, abarcando sucessivas e bem diversas correntes. Seu grande precursor foi Santo Agostinho(354 – 430).

Num período de colapso do Império Romano, invasões bárbaras e estilhaçamento das culturas, o “agostinismo”, que tinha a Bíblia como cartilha, manteve viva uma educação que não podia prescindir de certo grau de alfabetização, lógica e retórica (conjunto de regras relativas à eloquência), embora restrita a nobres e religiosos, e mesmo assim nem todos.

A tendência Realista

A tendência Realista teve como base as idéias de Aristóteles sobre a educação. Esta corrente pedagógica permaneceu durante mais de oito séculos ignorada pela Europa Cristã.

A obra Aristotélica só voltaria à tona no fim da Idade Média, com a invasão dos mouros – que a haviam preservado - e o ressurgimento das cidades que trouxe com elas uma burguesia ligada ao comércio, pouco identificada com a resignação espiritualizada.

Afinado com a nova ordem, São Tomás de Aquino (1224/5 – 1274) revolucionou o pensamento escolástico (pensamento teológico-filosófico da Idade Média) ao adaptar o aristotelismo à doutrina religiosa. O “tomismo” (escola de pensamento de São Tomás) inaugura o racionalismo cristão, segundo o qual a fé pode ser respaldada no raciocínio.

—Construtivismo

Psicologia Desenvolvimentista

Evolucionismo

Liberalismo

Positivismo

Materialismo

Empirismo

Humanismo

Tomismo

Principais expoentes da Tendência Idealista

Platão (427 0 347 a.C.) o filósofo grego previu um sistema de ensino que mobilizava toda a sociedade para formar sábios e encontrar a virtude,

Santo Agostinho (354 – 430) sábio cristão, afirmava que o homem só tem acesso ao conhecimento quando iluminado por Deus,

Martinho Lutero ( 1483 – 1546) fundador do protestantismo, foi também um, dos responsáveis por formular o sistema de ensino público que serviu de modelo para a escola no Ocidente,

Jean Jacques Rousseau (1712 – 1778) em sua obra sobre educação, postula o retorno à natureza e o respeito ao desenvolvimento físico e cognitivo da criança,

Friedrich Froebel (1782 – 1852 ) criador dos jardins-de-infância, defendia um ensino sem obrigações porque o aprendizado depende dos interesses de cada um e se faz por meio da prática,

John Dewey (1859 – 1952) filósofo norte-americano, defendia a democracia e a liberdade de pensamento como instrumentos para a maturação emocional e intelectual das crianças,

Anísio Teixeira ( 1900 – 1971) defendeu a experiência do aluno como base do aprendizado e propôs medidas para democratizar o ensino brasileiro.

Principais expoentes da Tendência Realista

Aristóteles: ( 384 – 322 a.C.) enfatizou a experiência prática, o coletivo, o objeto e a inteligência,

São Tomás de Aquino: (1224/5 – 1274) defendeu o uso da razão na busca da elevação moral e na conquista da felicidade,

Erasmo de Roterdã (1469 – 1536) valorizou sobretudo a capacidade do ser humano de moldar a si mesmo por meio da leitura e da liberdade de conhecer,

John Locke (1632 – 1704) rompeu com dogmas e tradições, postulava que melhor seria contar apenas com o que pode ser aprendido no dia-a-dia,

Auguste Comte (1798 – 1857) pai do positivismo, acreditava que era possível planejar o desenvolvimento da sociedade e do indivíduo com critérios das ciências exatas e biológicas,

Karl Marx (1818 – 1883) pensador alemão que investigou a mecânica do capitalismo, previu que o sistema seria superado pela emancipação dos trabalhadores.

Lev Vigotsky (1896 – 1934) ressalta o papel da escola no desenvolvimento mental das crianças,

Jean Piaget ( 1896 – 1980) revolucionou o modo de encarar a educação de crianças ao mostrar que elas não pensam como os adultos e constroem o próprio aprendizado.

Por trás do trabalho de cada professor, em qualquer sala de aula do mundo, estão séculos de reflexões sobre o ofício de educar.

Mesmo os profissionais de ensino que não conhecem a obra de Aristóteles, Rousseau ou Durkheim trabalham sob a influência desses pensadores, na forma como esta foi incorporada à prática pedagógica, à organização do sistema escolar, ao conteúdo dos livros didáticos e ao currículo de formação dos professores.

O que é  Construtivismo?

Construtivismo não é apenas o termo pelo qual é conhecida a linha pedagógica que mais vem ganhando adeptos entre os professores de ensino fundamental. Possui outro significado, mais antigo e mais amplo, que ultrapassa as fronteiras do universo escolar. É, sobretudo, o nome de uma das três grandes correntes teóricas empenhadas em explicar como a inteligência humana se desenvolve. As outras duas são o empirismo e o racionalismo.

A partir da metade do século XX, no Brasil, surgem novas teorias nas áreas da psicologia educacional. Piaget e Vigotsky, pais da psicologia cognitiva contemporânea, propõem que o conhecimento é construído em ambientes naturais de interação social, estruturados culturalmente. Cada aluno constrói seu próprio aprendizado num processo de dentro para fora baseado em experiências de fundo psicológico. Os teóricos desta abordagem procuram explicar o comportamento humano em uma perspectiva em que sujeito e objeto interagem em um processo que resulta na construção e reconstrução de estruturas relativas ao conhecimento(cognitivas).

Vygotsky

O psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky foi um pensador complexo e tocou em muitos pontos nevrálgicos da pedagogia contemporânea.

A sua obra ressalta o papel da escola no desenvolvimento mental das crianças e é uma das mais estudadas pela pedagogia contemporânea.

A parte mais conhecida da obra de Vygotsky converge para o tema da criação da cultura.Vygotsky atribuía um papel preponderante às relações sociais nesse processo, tanto que a corrente pedagógica que se originou de seu pensamento é chamada de socioconstrutivismo ou sociointeracionismo.

Os estudos de Vygotsky sobre o aprendizado decorrem da compreensão do homem como um ser que se forma em contato com a sociedade. “Na ausência do outro, o homem não se constrói homem”, escreveu o psicólogo. Ele rejeitava tanto as teorias inatistas, segundo as quais o ser humano já carrega ao nascer as características que desenvolverá ao longo da vida, quanto as empiristas e comportamentais, que vêem o ser humano como um produto dos estímulos externos. Para Vygotsky, a formação se dá numa relação dialética (a arte do diálogo ou da discussão) entre o sujeito e a sociedade a seu redor, ou seja, o homem modifica o ambiente e o ambiente modifica o homem

Segundo Viygotsky, apenas as funções psicológicas elementares se caracterizam como reflexos. Os processos psicológicos mais complexos – ou funções psicológicas superiores, que diferenciam os humanos dos outros animais – só se formam e se desenvolvem pelo aprendizado. Entre as funções complexas se encontram a consciência e o discernimento. “Uma criança nasce com as condições biológicas de falar, mas só desenvolverá a fala se aprender com os mais velhos da comunidade”, diz Teresa Rego.

Outro conceito-chave de Vygotsky é a mediação. Segundo a teoria vygotskiana, toda relação doindivíduo com o mundo é feita por meio de instrumentos técnicos – como, por exemplo, as ferramentas agrícolas, que transformam a natureza – e da linguagem – que traz consigo conceitos consolidados da cultura à qual pertence o sujeito.

O papel do adulto no aprendizado da criança, segundo Vygotsky.

O caminho do objeto até a criança e desta para o objeto passa por outra pessoa

Todo aprendizado é necessariamente mediado – e isso torna o papel do ensino e do professor mais ativo e determinante do que o previsto por Piaget e outros pensadores da educação, para quem cabe à escola facilitar um processo que só pode ser conduzido pelo próprio aluno. Segundo Vigotsky, ao contrário, o primeiro contato da criança com novas atividades, habilidades ou informações deve ter a participação de um adulto. Ao internalizar um procedimento, a criança “se apropria!” dele, tornando-o voluntário e independente.

Piaget

Jean Piaget foi o nome mais influente no campo da educação durante a segunda metade do século XX , a ponto de quase se tornar sinônimo de pedagogia. Não existe, entretanto, um método Piaget, como ele próprio gostava de frisar. Ele nunca atuou como pedagogo. Antes de mais nada, Piaget foi biólogo e dedicou a vida a submeter à observação científica rigorosa o processo de aquisição de conhecimento pelo ser humano, particularmente a criança.

Do estudo das concepções infantis de tempo, espaço, causalidade física, movimento e velocidade, Piaget criou um campo de investigação que denominou de epistemologia genética – isto é, uma teoria do conhecimento centrada no desenvolvimento natural da criança.

Segundo Piaget, o pensamento infantil passa por quatro estágios, desde o nascimento até o início da adolescência, quando a capacidade plena de raciocínio é atingida.

Estágio sensório-motor

O estágio sensório motor vai de 0 a 2 anos. Nessa fase as crianças adquirem a capacidade de administrar seus reflexos básicos para que gerem ações prazerosas ou vantajosas. È um período anterior à linguagem, no qual o bebê desenvolve a percepção de si mesmo e dos objetos a sua volta.

Estágio pré-operacional

O estágio pré-operacional vai dos 2 aos 7 anos e se caracteriza pelo surgimento da capacidade de dominar a linguagem e a representação do mundo por meio de símbolos. A criança continua egocêntrica e ainda não é capaz, moralmente, de se colocar no lugar de outra pessoa.

Estágio das operações concretas

O estágio das operações concretas vai dos 7 aos 11 ou 12 anos. Tem como marca a aquisição da noção de reversibilidade das ações. Surge a lógica nos processos mentais e a habilidade de discriminar os objetos por similaridades e diferenças. A criança já pode dominar conceitos de tempo e número.

Estágio das operações formais

Por volta dos 12 anos começa o estágio das operações formais. Essa fase marca a entrada na idade adulta, em termos cognitivos (do conhecimento).

O adolescente passa a ter o domínio do pensamento lógico e dedutivo, o que o habilita à experimentação mental. Isso implica, entre outras coisas, relacionar conceitos abstratos e raciocinar sobre hipóteses.

Piaget demonstrou que a transmissão de conhecimentos é uma possibilidade limitada. Por um lado, não se pode fazer uma criança aprender o que ela ainda não tem condição de absorver. Por outro lado, mesmo tendo essa condição, não vai se interessar a não ser por conteúdos que lhe façam falta em termos de conhecimentos (cognitivos).

Isso porque, para o cientista suíço, o conhecimento se dá por descobertas que a própria criança faz – um mecanismo que outros pensadores antes dele já haviam intuído, mas que ele submeteu à comprovação na prática. Vem de Piaget a idéia de que o aprendizado é construído pelo aluno e é sua teoria que inaugura a Corrente Construtivista

Educar, para Piaget, é “provocar a atividade” – isto é, estimular a procura do conhecimento.

Com Piaget, ficou claro que as crianças não raciocinam como os adultos e apenas gradualmente inserem nas regras, os valores e símbolos da maturidade psicológica.

Essa inserção se dá mediante dois mecanismos: assimilação e acomodação.

Conceitos básicos da teoria piagetiana

Para se compreender o processo de construção do conhecimento, é necessário evidenciar a configuração dos sistemas que integram os processos de como o indivíduo se desenvolve, adquire novos conhecimentos e a importância da interação entre o sujeito e o objeto. Para tanto, é necessário conhecer com clareza os seguintes conceitos:

Organização

Adaptação

Assimilação

Acomodação

Esquema

Organização

Não pode haver adaptação (assimilação e acomodação) proveniente de uma fonte desorganizada, pois a adaptação tem como base uma organização inicial expressa no esquema (ponto de partida para a ação do indivíduo sobre os objetos do conhecimento). O pensamento (interiorização da ação) se organiza mediante a constituição de esquemas que formam através do processo de adaptação. A adaptação e organização são os processos indissolúveis do pensamento

Adaptação

É um processo dinâmico e contínuo no qual a estrutura hereditária do organismo interage com o meio externo de modo a reconstituir-se. Ela é a essência do funcionamento intelectual e biológico. É um movimento de equilíbrio contínuo entre a assimilação e a acomodação, que são processos distintos, porém indissociáveis que compõe a adaptação, processo este que se refere ao restabelecimento de equilíbrio. O indivíduo modifica o meio e é também modificado por ele. A adaptação intelectual constitui-se então em “equilíbrio progressivo entre um mecanismo assimilador e uma acomodação complementar” (Piaget, 1982).

Assimilação

A assimilação consiste em incorporar objetos do mundo exterior a esquemas mentais preexistentes. Por exemplo: a criança que tem a idéia mental de uma ave como animal voador, com penas e asas, ao observar um avestruz vai tentar assimilá-lo a um esquema que não corresponde totalmente ao conhecido.

Acomodação

A acomodação se refere a modificações dos sistemas de assimilação por influência do mundo externo. Assim, depois de aprender que uma avestruz não voa, a criança vai adaptar seu conceito “geral” de ave para incluir as que não voam.

Esquema

Modelo de atividade que o organismo utiliza para incorporar o meio. No ser humano os esquemas iniciais, ponto de partida da interação sujeito e objeto, são os reflexos. Todo novo esquema construído a partir dos esquemas iniciais, é ponto de partida para novas interações do indivíduo com o meio.

Para Wadsworth (1996), os esquemas são estruturas mentais, ou do conhecimento (cognitivas), pelas quais os indivíduos intelectualmente se adaptam e organizam o meio.

O funcionamento dos esquemas é mais ou menos o seguinte: uma criança apresenta um certo número de esquemas, que grosseiramente poderíamos comparar com fichas de um arquivo. Diante de um estímulo, essa criança tenta “encaixar” o estímulo em um esquema disponível. Vemos então que os esquemas são estruturas intelectuais que organizam os eventos como eles são percebidos pelo organismo e classificados em grupos, de acordo com características comuns.

Aprendizagem escolar e a teoria piagetiana

A obra de Jean Piaget não oferece aos educadores uma didática específica sobre como desenvolver a inteligência do aluno ou da criança.

Piaget nos mostra que cada fase de desenvolvimento0 apresenta características e possibilidades de crescimento da maturação ou de aquisições. O conhecimento destas possibilidades faz com que os professores possam oferecer estímulos adequados a um maior desenvolvimento do indivíduo.

Ambiente de aprendizagem construtivista

Para que um ambiente de estudo seja construtivista é fundamental que o professor conceba o conhecimento sob a ótica levantada por Piaget, ou seja, que todo e qualquer desenvolvimento cognitivo (do conhecimento) só será efetivo se for baseado em uma interação muito forte entre o sujeito e o objeto.

Também é importante que o ambiente permita, e até obrigue, uma interação muito grande do aprendiz com o objeto de estudo.

Sala de aula tradicional X sala de aula construtivista

O currículo é apresentado das partes para o todo, com ênfase nas habilidades básicas.

O seguimento rigoroso do currículo preestabelecido é altamente valorizado

As atividades curriculares baseiam-se fundamentalmente em livros textos e livros de exercícios.

Os estudantes são vistos como tábuas rasas sobre as quais a informação é impressa.

O currículo é apresentado do todo para as partes, com ênfase nos conceitos gerais.

Busca pelas questões levantadas pelos alunos é altamente valorizada.

As atividades baseiam-se em fontes primárias de dados e materiais manipuláveis.

Os estudantes são vistos como pensadores com teorias emergentes sobre o mundo.

Os professores geralmente comportam-se de uma maneira didaticamente adequada, disseminando informações aos estudantes (um sábio sobre o palco).

O professor busca as respostas corretas para validar a aprendizagem.

Avaliação da aprendizagem é vista como separada do ensino e ocorre, quase que totalmente, através de testes.

Os professores geralmente comportam-se de maneira interativa. (Um guia ao lado).

O professor busca os pontos de vista dos estudantes, para entender seus conceitos presentes para uso nas lições subseqüentes.

Avaliação da aprendizagem está interligada ao ensino e ocorre através da observação do professor sobre o trabalho dos estudantes.

Estudantes trabalham fundamentalmente sozinhos.

Estudantes trabalham fundamentalmente em grupos.

Professores Construtivistas

Lista de princípios que devem nortear o trabalho de um professor construtivista.

1. Professores devem encorajar e aceitar a autonomia e iniciativa dos estudantes.

2. Professores devem usar dados básicos e fontes primárias juntamente com materiais manipulativos, interativos e físicos.

3. Professores devem utilizar a terminologia “classificar”, “analisar”, “predizer”, e “criar” quando estruturam as tarefas.

4. Professores devem permitir que os estudantes conduzam as aulas, alterem estratégias e conteúdos.

5. Professores devem questionar os alunos sobre a compreensão da matéria antes de colocar seus próprios conceitos sobre o tema.

6. Professores devem encorajar os alunos a dialogarem entre si e com o professor.

7. Professores devem encorajar os estudantes a resolverem problemas abertos e perguntarem uns aos outro sobre possíveis soluções.

8. Professores devem estimular os estudantes a assumirem responsabilidades.

9. Professores devem estimular os alunos a que estes se debrucem sobre soluções encontradas e consigam problematizar as respostas inicialmente estabelecidas.

10. Professores devem proporcionar um tempo de espera depois de estabelecer as questões.

11. Professores devem proporcionar um tempo para que os estudantes construam relações e metáforas.

12. Professores devem manter a curiosidade do aluno através do uso freqüente do modelo de ciclo de aprendizagem.

Resumindo, pode-se concluir que o ponto mais importante para a construção de um “ambiente construtivista” é que o professor realmente conscientize-se da importância do “educador-educando”, e que todos os processos de aprendizagem passam necessariamente por uma interação muito forte entre o sujeito da aprendizagem e o objeto, aqui simbolizado como o todo envolvido no processo, seja o professor, o computador, os colegas, o assunto. Somente a partir desta interação completa é que podemos dizer que estamos “construindo” novos estágios de conhecimento.

Emília Ferreiro

Nenhum nome teve mais influência sobre a educação brasileira nos últimos 20 anos do que o da psicolingüista argentina Emilia Ferreiro. A divulgação de seus livros no Brasil, a partir de meados de 1980, causou um grande impacto sobre a concepção que se tinha do processo de alfabetização, influenciando as próprias normas do governo para a área, expressas nos PCNs, ou Parâmetros Curriculares Nacionais.

As pesquisas de Emilia Ferreiro , que estudou e trabalhou com Piaget, concentram o foco nos mecanismos cognitivos (do conhecimento) relacionados à leitura e à escrita.

Tanto as descobertas de Piaget como as descobertas de Emilia Ferreiro levam a conclusão de que as crianças têm um papel ativo no aprendizado.

Elas constroem o próprio conhecimento – daí a palavra “construtivismo”.

A principal implicação dessa conclusão para a prática escolar é transferir o foco da escola – e da alfabetização, em particular – do conteúdo ensinado para o sujeito que aprende, ou seja, o aluno.

Segundo Emilia Ferreiro, a construção do conhecimento da leitura e da escrita tem uma lógica individual, embora aberta à interação social, na escola ou fora dela.

No processo de aquisição de conhecimento, ou processo cognitivo, a criança passa por etapas, com recuos e avanços, até se apossar do código lingüístico e dominá-lo.

O tempo necessário para o aluno transpor cada uma das etapas é variável.

Duas das conseqüências mais importantes do construtivismo para a prática de sala de aula são respeitar a evolução de cada criança e compreender que um desempenho mais vagaroso não significa que ela seja mais ou menos inteligente ou dedicada do que os demais.

Outra noção que se torna importante, para o professor, é que o aprendizado não é provocado pela escola, mas pela própria mente das crianças e que, portanto, elas já chegam ao primeiro dia de aula com uma bagagem de conhecimentos.

Emília Ferreiro mostrou que a construção do conhecimento se dá por seqüências de hipóteses.

O princípio de que o processo de conhecimento por parte da criança deve ser gradual corresponde aos mecanismos deduzidos por Piaget, segundo os quais cada salto cognitivo ou de aquisição de conhecimento, depende de uma assimilação e de uma reacomodação dos esquemas internos, o que necessariamente leva tempo.

Teoria de Emilia Ferreiro

De acordo com a teoria exposta em “Psicogênese da Língua Escrita”, toda a criança passa por quatro fases até que esteja alfabetizada:

. Pré-silábica: não consegue relacionar as letras com os sons da língua falada;

. Silábica: interpreta a letra a sua maneira, atribuindo valor de sílaba a cada uma;

. Silábico-alfabética: mistura a lógica da fase anterior com a identificação de algumas sílabas;

. Alfabética: domina o valor das letras e sílabas.

O saber que não vem da experiência não é realmente saber. (Vygotsky)

Se o indivíduo é passivo intelectualmente não conseguirá ser livre moralmente. (Piaget)

Quem tem pouco ou quase nada merece que a escola lhe abra horizontes. (Emília Ferreiro)

Um dos maiores danos que se pode causar a uma criança é levá-la a perder a confiança na sua própria capacidade de pensar. (Emília Ferreiro)

Bibliografia

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda Aranha. Filosofia da Educação. 2. ed. São Paulo. Editora Moderna. 2004.

NOVA ESCOLA. Grandes Pensadores. 1 v. e 2 v.

www.robertexto.com

F i m

 

Nenhum comentário: