terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Regina Vinhaes Gracindo, professora da UnB – Nova Secretária de Educação do Governador Agnelo. Fato que desprestigia, e muito, os professores que trabalham nas escolas públicas do DF...

Pegou mal para os professores da casa (da Secretaria de Educação) a escolha da Senhora Regina Vinhaes Gracindo para a Secretaria de Educação.

Logo que a notícia foi confirmada procurei informações no “Google”, que me retornou os seguintes dados:

“Natural do Rio de Janeiro/RJ fez Pedagogia e Mestrado em Educação na UnB e Doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo (1993). Foi professora de educação infantil, ensino fundamental e médio, diretora de escola e assessora pedagógica da SEE - DF. É professora da FE/UnB, onde já foi chefe de departamento, coordenadora do Curso de Especialização em Administração da Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação.”

Como se vê, a escolhida parece apresentar as condições necessárias para resolver os graves problemas que assolam a educação no DF.

Pelo menos parece que a cara senhora Regina concorda com um dado importantíssimo: os professores do GDF trabalham muito e recebem pouco, muito pouco mesmo para todo o trabalho e todo o estresse que os acomete na sua função de levar conhecimento às crianças e aos adolescentes de Brasília e entorno.

Quem por acaso estiver lendo esta minha postagem deve logo pensar que sou íntima da mencionada Regina para afirmar o que escrevo acima, o que não acontece. Nem ao menos sei como ela é, nunca a vi, nunca soube dela, nunca topei com ela em nenhuma manifestação do sindicato, em nenhum encontro na EAPE - Escola de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação, ou em nenhuma escola pública do Distrito Federal (E olha que já dei aula no Gama, no Guará, em Sobradinho, em Sobradinho II, em Mestre D’armas, em Planaltina e em Brasília...)

A minha informação é embasada pelo próprio currículo da mencionada professora. Se não, vejamos: Esta senhora trabalhou para a Secretaria de Educação do Distrito Federal, e depois de fazer seus mestrados e doutorados, “picou mula” para a UnB... Amor pela nossa tão digna faculdade? ...ou quem sabe uma procura (mais do que válida) por um salário mais digno com condições de trabalho muito mais humanas? Afinal, trabalhar na periferia do Distrito Federal, em escolas dizimadas por algo muito próximo ao descaso de toda a nação por um produto sucateado chamado “educação” não é fácil... Convenhamos que muito mais fácil que lidar com a situação “in loco”, ao vivo e a cores, é teorizar nos anfiteatros da UnB, bem longe das infiltrações, das moscas, dos lanches de sopa de feijão, dos banheiros destruídos, dos adolescentes problemáticos, da violência gratuita, dos ainda obsoletos “quadros de giz”, e etc, etc, etc... (Não me alongarei em listar o que todo bom professor da rede pública encontra em seu dia a dia. Quem conhece, sabe!)

Então, esta senhora deverá ter especial consideração com os professores do Distrito Federal, pois ela conheceu o que esta valorosa classe enfrenta em seu labutar diário, e acrescente-se que depois de tudo isto, estes profissionais às vezes ainda perdem noites de sono imaginando como proporcionar uma vida digna (pois eles estudaram para isto!) para sua família com o salário (que ainda não foi igualado ao de outras funções similares, ou seja, de nível superior, no próprio DF) que recebem por tão penosa tarefa.

O governador Agnelo deve muito aos professores, uma dívida que agora só aumenta, pois ele poderia ter-se utilizado dos préstimos de várias “pratas da casa” para esta secretaria,

Não questiono a não aceitação do nome de um professor específico, embora declaradamente sempre torcesse pelo professor Lisboa. Questiono isto sim, porque colocar um professor da UnB para gerir um universo de professores com especificidades tão acentuadas se em nossa própria categoria temos nomes de peso para tal função.

A UnB merece meu respeito, mas se o Governador Agnelo escolhesse um professor da rede pública para reitor da UnB, imaginem a ***** que aconteceria...

7 comentários:

Silvana Isabel disse...

Bom dia, professora Angela

Eu e alguns colegas tivemos grandes problemas no Mestrado da Faculdade de Educação da UnB há poucos anos atrás, quando ela coordenava a pós. Ela insistia em não dialogar conosco, estudantes do mestrado(e olha que tentamos!).Lembro-me de uma reunião com professores de minha área de concentração, na qual eu e os colegas tínhamos um problema em comum para tentar resolver. Acreditam que ela sequer olhava para os rostos dos estudantes, apenas para os professores?! Isso me marcou muito. Essa falta de diálogo dentro da FE fez com que tivéssemos que encaminhar o problema para a reitoria...aí a "marcação" conosco piorou. Além disso, nosso processo de estudos e pesquisa no Mestrado foi prejudicado. E olha que, na teoria, eram coisas fáceis de serem resolvidas, mas como aparentemente havia toda uma questão política em torno, sabe como são as coisas, né…

Lamento a escolha da Profª Regina. Penso que alguém que vá ocupar o comando da Secretaria de Educação da UnB deva ser uma pessoa de ATITUDE, FIRME, ABERTA AO DIÁLOGO e que, de fato, incorpora em seu cotidiano profissional o que prega em sala de aula....E também concordo contigo: deveria ser um professor que tenha vivência de Fundação Educacional. As realidades de UnB e de Fundação são muuuitooooo diferentes. Eu mesma tenho uma irmã que se formou em Pedagogia na UnB e não conseguiu trabalhar na realidade da escola pública de periferia.

Silvana Campos

PS: Eu e meus colegas conseguimos terminar o Mestrado, apesar da pressão que recebemos. Só não conto todo o caso aqui porque ele é muito longo mas tenho até hoje, inclusive, documentação guardada a respeito e testemunhas.

Angela disse...

Silvana,
Gostei do seu depoimento. Muito mais do que a pessoa ideal, parece que sobrou para a Secretaria de Educação a pessoa real. E é imprescindível que tenhamos consciência de tudo para podermos reagir a contento caso nos sintamos prejudicados. Votei em mudança para o GDF, votei no Agnelo, mas meu voto não me deixou cega a problemas que venham a acontecer na gestão deste governador. Quero me sentir consciente para reivindicar o que considero meu direito: uma gestão honesta, em que se priorize o ser humano e as ações sociais como forma de transformação para nossa cidade.
Ângela

Anônimo disse...

O que faz o Lisboa ser uma pessoa de excelência para ocupar o cargo de Secretário de Educação? Ter atuado nas salas de aula da rede pública? A profª Regina também atuou! Não vejo como impeditivo ou depreciativo para o cargo a mesma estar lecionando na UnB. O fato do Agnelo ter escolhido uma profissional que atua na formação de educadores não desmerece a competência do governador. Me preocupa o preconceito da classe do professorado do Distrito Deferal quando se coloca a frente da Secretaria pessoas qualificadas tecnicamente e não meramente cercadas por currais eleitorais.

Sobre mim disse...

Senhor Anônimo,
Quando escrevi meu texto sobre a escolha da senhora Regina para a Secretaria de Educação, pensei apenas em evidenciar minha opinião sobre o valor de professores e professoras que atuam na educação pública do Distrito Federal. Continuo pensando assim. Aliás, tenho o direito de pensar assim: preferia um professor ou professora que estivesse ligado diretamente ao ensino público, atuando no ensino público para ser secretário ou secretária de educação. Acrescento que não tive o intuito de desmerecer ninguém, mas não gostei da escolha do governador Agnelo! É um direito meu, como, aliás, é um direito seu discordar de tudo que escrevi! Acrescento apenas que torço para que ambos, tanto o Governador Agnelo como a senhora Regina, sejam excelentes para a educação do DF.

Sara disse...

Fato que desprestigia é:
_ Um discurso que não valoriza os professores aposentados...
-Um discurso que não valoriza aqueles que trilham uma carreira pautada pela práxis, pela teoria e prática...
Vamos propiciar que o professor,a escola e os alunos tenham o acesso aos conhecimentos científicos
Vamos deixar de lado estes comentários incipientes...
Desejo o sucesso para a Profª Regina Gracindo

Antonio Costa Neto disse...

Fui aluno e trabalhei com a Regina, conheço-a bem e sei que ela tem todos os pré-requisitos para contribuir com este governo. É culta, educada, simpática, cínica ao extremo, conservadora, elitista. Tem um pensamento periférico, voltado para as estruturas. Tanto que só fala em reforma de prédios, mas nunca se refere à qualidade do que se faz ou se fará dentro deles. Não vamos nos enganar, pois com PT ou sem PT, com Regina ou sem Regina, nós os pobres, os trabalhadores, especialmente da educação, estamos fritos e sem saída. Ninguém que tenha, de fato, perfil, conhecimento e garra para atuar frente aos reais problemas - no caso - da educação e do ensino no DF, jamais será convidado nem mesmo para ser guarda noturno, quanto mais, Secretário de Estado. O que ainda vale e manda é o cinismo, a ordem, a disciplina,os ideais pequeno-burgueses, que todo governo, inclusive este, defende como ninguém. Assim sendo, Regina Vinhais foi muito bem escolhida.
Bestas somos nós. A história dirá quem tem razão.

Antonio Costa Neto disse...

Só um pequeno exemplo de como as coisas funcionam:
Fui aluno da Profa. Regina na Especialização em Administração da Educação e na sua matéria sobre Avaliação na Escola, me lembro bem que ela nos ensinou que o aluno não pode ser mero objeto, mas agente no processo avaliativo, fenômeno que ela muito enfatizava ao longo da disciplina. Depois, como fui reprovado na avaliação para o mestrado que ela coordenava, e, por entender que seria injusta aquela reprovação, pois considerava que eu teria feito uma prova excelente, ela simplesmente me disse que a UnB não dialoga com os alunos a respeito de tais propósitos, o que causou-me grande estranheza, pois eu próprio havia aprendido com ela exatamente o contrário. Então, ela, num certo grau de legitimidade me disse exatamente:
- "Uma coisa são os critérios estabelecidos pela universidade dentro do seu histórico de trabalho. E, outra, é o cumprimento teórico de um ementário de disciplina que precisaria ser realizado como tal."
Ou seja, o que conta é o cinismo, a concepção estrutural-funcionalista do conhecido: faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço. É neste estado de coisas que a educação pública do DF é administrada.