E assim escondo-me atrás da porta, para que a
Realidade, quando entra, me não veja. Escondo-me
debaixo da mesa, donde, subitamente, prego sustos à
Possibilidade. De modo que desligo de mim, como aos
dois braços de um amplexo, os dois grandes tédios que
me apertam — o tédio de poder viver só o Real, e o
tédio de poder conceber só o Possível.
Triunfo assim de toda a realidade. Castelos de areia, os
meus triunfos?… De que coisa essencialmente divina
são os castelos que não são de areia?
Como sabeis que, viajando assim, não me rejuvenesco
obscuramente?
Infantil de absurdo, revivo a minha meninice, e brinco
com as ideias das coisas como com soldados de
chumbo, com os quais eu, quando menino, fazia coisas
que embirravam com a ideia de soldado.
Ébrio de erros, perco-me por momentos de sentir-me
viver.
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