The ground beneath her feet
Só há um escritor vivo a quem eu não me importaria de servir de mulher-a-dias esfregar umas escadas ou coser umas meias, e esse é o Salman Rushdie. Sim, é verdade, adoro o Saramago, admiro a técnica do Lobo Antunes (apesar do seu recente deixai vir as mim as criancinhas e os duendes felizes me custar a engolir), apesar de ter um grande fraquinho pelo Zafon... só o Rushdie está num patamar em que eu lhe faria tarefas domésticas de boa vontade. Não é o perfeito, não será tecnicamente o melhor, apesar de isso ser um pouco dependente das opiniões, mas é o único que escreve livros que eu consigo amar como pessoas, de verdade. Por exemplo, amo os livros do Saramago sem conflitos, complicações ou discussões, como uma filha pequena a um pai, mas amo os livros do Rushdie como se amam as pessoas, com mal-entendidosde parte a parte, irritações e ternuras inexplicáveis. E este Chão que ela pisa é, certamente, o meu livro preferido dele, aquele que mais me toca.
Como lidamos nós com a adoração, com o amor ao nosso lado e do qual não fazemos parte? O que fazemos com todos aqueles sentimentos que não têm nome ou dono, que surgem nos nossos peitos como ervas daninhas e sem os quais somos metade, menos de metade?
Levamos anos, décadas a fazer as pazes connosco próprios por aquilo que não conseguimos ser, por aquilo que não conseguimos ter, o amor não se pede, dá-se. E no entanto passaremos sempre pelos momentos onde olhamos para trás com raiva, ou com mágoa, ou com tristeza de todas as coisas que perdemos, de todas as coisas que poderiam ter sido. Não é que o amor seja diferente de homens para mulheres, é que ele é uma coisa de pele e de instinto, é que há nele vencedores e perdedores, aqueles que controlam e os que se deixam ir, seguindo o rasto de pés descalços pelas ruas da cidade, adorando o chão que quem amamos pisa...
Só há um escritor vivo a quem eu não me importaria de servir de mulher-a-dias esfregar umas escadas ou coser umas meias, e esse é o Salman Rushdie. Sim, é verdade, adoro o Saramago, admiro a técnica do Lobo Antunes (apesar do seu recente deixai vir as mim as criancinhas e os duendes felizes me custar a engolir), apesar de ter um grande fraquinho pelo Zafon... só o Rushdie está num patamar em que eu lhe faria tarefas domésticas de boa vontade. Não é o perfeito, não será tecnicamente o melhor, apesar de isso ser um pouco dependente das opiniões, mas é o único que escreve livros que eu consigo amar como pessoas, de verdade. Por exemplo, amo os livros do Saramago sem conflitos, complicações ou discussões, como uma filha pequena a um pai, mas amo os livros do Rushdie como se amam as pessoas, com mal-entendidosde parte a parte, irritações e ternuras inexplicáveis. E este Chão que ela pisa é, certamente, o meu livro preferido dele, aquele que mais me toca.
Como lidamos nós com a adoração, com o amor ao nosso lado e do qual não fazemos parte? O que fazemos com todos aqueles sentimentos que não têm nome ou dono, que surgem nos nossos peitos como ervas daninhas e sem os quais somos metade, menos de metade?
Levamos anos, décadas a fazer as pazes connosco próprios por aquilo que não conseguimos ser, por aquilo que não conseguimos ter, o amor não se pede, dá-se. E no entanto passaremos sempre pelos momentos onde olhamos para trás com raiva, ou com mágoa, ou com tristeza de todas as coisas que perdemos, de todas as coisas que poderiam ter sido. Não é que o amor seja diferente de homens para mulheres, é que ele é uma coisa de pele e de instinto, é que há nele vencedores e perdedores, aqueles que controlam e os que se deixam ir, seguindo o rasto de pés descalços pelas ruas da cidade, adorando o chão que quem amamos pisa...
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