domingo, 21 de dezembro de 2008

Mais sobre "Marley & Eu"

Por que todos amam Marley

O sucesso dos livros e filmes sobre bichos de estimação diz muito sobre nós, humanos.

Letícia Sorg

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NO CINEMA
John (Owen Wilson) e Jenny (Jennifer Aniston) numa cena de Marley & Eu. O novo filme promete fazer o mesmo sucesso do livro

Se todos os donos de cães do Brasil decidirem assistir a Marley & Eu, faltarão assentos nas 160 salas de cinema onde o filme será exibido a partir do dia 25. O país tem a segunda maior população mundial de cães, 31 milhões, segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Alimentos para Animais de Estimação. Talvez por isso o Brasil tenha sido escolhido pelo estúdio Fox para a estréia mundial da produção ao mesmo tempo que os Estados Unidos, campeões absolutos do ranking de bichos domésticos.

Não duvide do potencial do filme de David Frankel, diretor de O Diabo Veste Prada e Sex and the City, para interessar a todas essas pessoas. As peripécias do labrador da família Grogan poderiam ser as de qualquer vira-lata ou com pedigree. Marley não é um super-herói canino, como Lassie ou Rin Tin Tin (leia no fim da reportagem). É apenas “um pé-no-saco engraçado e extraordinário, que nunca entendeu muito bem como acatar uma ordem”, nas palavras de seu dono, o jornalista americano John Grogan. Mesmo assim, ao pôr no livro Marley & Eu os momentos de indisciplina e companheirismo do “pior cão do mundo”, Grogan se tornou um dos maiores êxitos de venda do planeta. No Brasil, onde foi lançado em outubro de 2005, Marley & Eu está há 110 semanas nas principais listas de livros mais vendidos do país (600 mil exemplares). A ele seguiram-se outros livros e filmes protagonizados por animais (confira no fim da reportagem). “Falar sobre animais domésticos é um ponto a favor de qualquer livro”, afirma André Castro, diretor-executivo da Ediouro Publicações, que lançou Marley no Brasil.

Grogan teve a competência de ver, antes dos outros, que seu cotidiano tinha uma história interessante para muitos. “Os animais estão ficando cada vez mais importantes”, afirma James Serpell, zoólogo e professor da Faculdade de Veterinária da Universidade da Pensilvânia. “Nos Estados Unidos pelo menos, o apoio das redes sociais tradicionais, como família e amigos, está cada vez mais fragmentado. As pessoas buscam a companhia dos animais para preencher esse vazio.”

Autor de vários livros sobre a interação entre animais e seus donos, Serpell acredita que a urbanização contribuiu para a aproximação entre cães e humanos. Na área rural, os bichos domésticos costumam passar a maior parte do tempo fora de casa. São como amigos. Nas cidades, eles dividem o mesmo teto, o tempo todo, com os donos. São como filhos. “À medida que o cão fica fisicamente mais próximo, cresce a intimidade”, diz Alexandre Rossi, zootecnista especializado em comportamento animal. “Ele deixa de ser um animal que fica no pasto das fazendas para ser praticamente um filho dentro dos apartamentos.”

Com sua fidelidade canina ao livro, o longa – com Owen Wilson e Jennifer Aniston no papel dos donos do cão – deverá agradar aos fãs. Mas há menos Marley no filme que os apaixonados por animais podem esperar. “Senti falta das caretas dele, do olhar expressivo, de suas trapalhadas”, diz um dos que já viram Marley, o crítico Rubens Ewald Filho, ele próprio dono de um labrador e de um cocker spaniel

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